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Marketing responsável pode diminuir casos de agressões a minorias em eventos
Startup de estudantes da USP participa do Festival de Cultura Preta em São Paulo, utilizando time diverso e estratégias que garantem ao público inclusão e pertencimento
Mais Labs - primeira startup de diversidade da USP - participa da Boogie Week buscando estratégias voltadas para o pertencimento da comunidade negra - Imagens: divulgação
Na Semana da Consciência Negra, dos dias 20 a 25 de novembro, acontece a terceira edição da Boogie Week, um festival de cultura preta que reunirá arte, moda, entretenimento e música na Arena de Eventos do Parque Ibirapuera, em São Paulo. Trabalhando na campanha de marketing da Boogie Week, a Mais Labs – primeira startup de diversidade da USP – participa do evento, buscando estratégias de Customer Experience voltadas para o pertencimento da comunidade negra paulistana.
Além de reunir uma equipe que vive a diversidade na pele, a Mais Labs fornece cartilhas e treinamentos que indicam como lidar com pessoas com deficiência, pessoas trans, pessoas negras e grupos sociais historicamente marginalizados. “Estamos nos esforçando para que a Boogie Week seja um lugar com menos microagressões; para que as pessoas possam se sentir em um ambiente seguro”, afirma Maria Claudia Miranda Cardoso, estudante de Marketing da Escola de Artes, Ciências e Humanidades (EACH) da USP Leste. Maria é fundadora e diretora executiva da Mais Labs, a primeira startup incubada na USP que tem a diversidade como uma tecnologia.
“O evento tem como público principal a população negra, e é aí que a gente entra”, conta a estudante. Ela explica que as estratégias de marketing escolhidas para alcançar um público precisam estar aliadas a uma prática livre de discriminações e intolerâncias, que podem ocorrer mesmo em eventos voltados para a diversidade de gênero e étnico-racial.
Maria Claudia Miranda Cardoso é fundadora da Mais Labs - Foto: Reprodução/LinkedIn
Foi o caso do Festival Liberatum, que aconteceu na cidade de Salvador, na Bahia, entre os dias 3 e 6 de novembro. Anunciado como um festival cultural multidisciplinar que celebra a inclusão, o evento já passou pelas principais capitais do mundo, mas no Brasil teve um desfecho permeado por casos de discriminação.
Após a denúncia de um influenciador baiano expondo vídeos com situações de racismo, a organização do Liberatum demitiu o funcionário acusado, como informou a agência de notícias Alma Preta. Em comunicado divulgado pelas redes sociais, o idealizador do evento, Pablo Ganguli, disse que ele mesmo, “pessoa não-branca, indiana. Queer. Não só tive meu cargo questionado por pessoas brancas do público, como fui fisicamente empurrado por uma delas durante o festival”.
Apesar de um line-up primordialmente composto por pessoas negras, festival recebeu denúncias de racismo - Imagem: divulgação
Para Maria, situações como essa são evitáveis, mas ultrajantes. “Imagine um evento feito para pessoas negras e que não respeita estas pessoas. Elas são apenas um produto?”, questiona. Uma das saídas, segundo ela, vem de um sério comprometimento por parte das empresas em desenvolver soluções de marketing que ajudem a superar desafios relacionados aos equívocos do pink money e do black money – termos ligados ao empreendedorismo LGBT+ e negro. Apesar de estarem relacionados ao protagonismo dessas parcelas da população para a geração e circulação de bens e serviços, muitas empresas se apropriam de suas lutas apenas com o intuito de lucrar.
De acordo com o perfil do empreendedorismo por raça, cor e gênero no Brasil do Sebrae, pessoas negras representam 51% dos empreendedores brasileiros, mas ainda são os que mais enfrentam dificuldades para gerir seus negócios. Utilizando dados da PNAD de 2012 a 2021, o estudo identificou ainda que negros foram mais prejudicados e afastados de suas atividades com a crise da pandemia de covid-19, além de terem a recuperação mais modesta. Pessoas negras são menos formalizadas em suas atividades empresariais, e têm maior dificuldade de acessar crédito financeiro para manter e ampliar seus negócios.
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Idealizado pela empresária e advogada Eliane Dias (gestora de carreira dos Racionais MC ‘s), a Boogie Week promove a produção cultural, artística e intelectual desenvolvidas por e para pessoas pretas, representando diferentes estilos e gerações.
Eliane Dias iniciou o processo de criação do festival em 2016, realizando um mapeamento global dos principais eventos temáticos da cultura negra, passando pela África do Sul, Estados Unidos e América Latina. A empresária avaliou não somente a curadoria artística, como também toda a estrutura técnica e a experiência geral do público. ‘’Eu quero que as pessoas se sintam respeitadas e felizes por serem quem são’’, declara Eliane.
Para além das lutas, a Boogie Week quer alavancar o pertencimento e o acolhimento em uma atmosfera de alegria, bem-estar e de celebração do passado, presente e futuro. O festival propõe ser um lugar “onde a gente possa se encontrar, festejar e ser feliz! Onde a nossa cor não seja lembrada só para falar de dor, de luta e resistência, mas para criar novas memórias com nossas presenças e nossos sorrisos”, afirmam os organizadores.
50 anos do Hip-Hop
Com dois palcos, o festival terá um deles exclusivamente dedicado à celebração dos 50 anos do Hip-Hop, com apresentações de DJs. Entre os nomes já confirmados estão DJ Cia, Lys Ventura e Th4ys. Os DJs da festa Punga!, feita por jovens artistas negros e periféricos, também estarão presentes no palco. A atração internacional do evento ficará por conta do cantor October London. Indicado em nove categorias do Grammy, o artista já foi considerado o “novo Marvin Gaye”.
A programação completa da Boogie Week será anunciada pelos canais oficiais do festival: @boogieweek no Instagram e pelo site www.boogieweek.com.br
*Com informações da Boogie Naipe
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