Mulheres indígenas inauguram atividades como titulares em cátedra da USP

Com atividades dentro e fora da Universidade, encontro no Instituto de Estudos Avançados (IEA) foca nas tradições e saberes da mulher indígena

 21/05/2024 - Publicado há 1 mês

Texto: Guilherme Ribeiro*

Arte: Beatriz Haddad**

Trio representa primeiras indígenas titulares de uma cátedra do IEA - Foto: Reprodução/IEA-USP

Fruto da parceria do Instituto de Estudos Avançados (IEA) da USP com a Fundação Itaú Cultural, a Cátedra Olavo Setubal de Arte, Cultura e Ciência tem, pela primeira vez em sua história, não só uma, mas três mulheres indígenas como suas titulares. Arissana Pataxó, Francy Baniwa e Sandra Benites assumiram o cargo em março de 2024, após dois anos de posse de Conceição Evaristo.

A atividade inaugural da titularidade do trio indígena será o encontro Caminhos da Cutia: os Saberes das Mulheres Indígenas no Reflorestamento do Mundo, que acontecerá nos dias 27, 28 e 29 de maio e será realizado de forma híbrida, com atividades presenciais e transmissões ao vivo. O encontro contará com a presença de dez mulheres indígenas de diferentes etnias do Brasil, que virão para promover diferentes atividades como cantos tradicionais, oficinas de artesanato e rodas de conversa.

Programação

Dia 1: Encontro de Mulheres Indígenas (27/05)

    • 09 horas: Conversas e partilhas entre parentas
    • 12 horas: Almoço coletivo com ingredientes tradicionais
    • 14 horas: Rodas de conversa
    • Local: Aldeia Guarani Mbya Kalipety

* O primeiro dia de atividades será fechado apenas para os convidados.

Dia 2: Oficinas de Saberes Indígenas (28/05)

    • 10 horas: Oficina 1 – Vivência com a Pajé Jaçanã Pataxó (Inscrição)
    • 11 horas: Oficina 2 – Vivência com Sábios/as do Alto Rio Negro (Inscrição)
    • 14h30: Oficina 3 – Vivência de Artesanato com Tucum e Língua Nheengatu (Inscrição)
    • 15h30: Oficina 4 – Roda de conversa sobre Parto e Nascimento Mbya Guarani e Pataxó (Inscrição)
    • Local: Auditório do IEA (com transmissão ao vivo)

* Todas as oficinas exigem inscrição prévia. 

Dia 3:  Mesa Caminhos da Cutia

    • 10h10: Apresentação pelas catedráticas do programa da titularidade e síntese do encontro na Aldeia Guarani Mbya Kalipety
    • 10h30: Conversa com as catedráticas e convidadas Renata Geraldo, Maria Bidoca e Adriana Moreira
    • 11h20: Falas institucionais de representantes da cátedra e da Fundação Itaú
    • 11h40: Perguntas do público
    • Local: Sala Alfredo Bosi (com transmissão ao vivo)

*Atividades abertas ao público, sem inscrição prévia.

Titulares da Cátedra

A tríade de mulheres indígenas traz para o cargo de titular da cátedra alguns marcos: é a primeira vez que a posição é ocupada por um trio. Anteriormente apenas uma vez a titularidade havia sido dividida em mais de uma pessoa: em 2019, com a dupla Paulo Herkenhoff e Helena Nader. Além disso, é também a primeira vez que pessoas indígenas foram contempladas com a posse.

O primeiro evento faz parte do Caminho da Cutia: Territórios e Saberes das Mulheres Indígenas, programa de estudos que tratará dos conhecimentos e atividades das mulheres indígenas e que será desenvolvido pelo trio durante sua posse. 

Arissana Pataxó - Foto: IEA/USP
Francy Baniwa - Foto: IEA/USP
Sandra Benites - Foto: IEA/USP

Arissana é da etnia Pataxó. Ela é graduada em Artes Plásticas e doutoranda em Artes Visuais pela Escola de Belas Artes da Universidade Federal da Bahia (UFBA), além de mestre em Estudos Étnicos e Africanos pela mesma instituição. Sua produção artística está relacionada à sua convivência com seu povo e com outros povos indígenas.

Francineia Fontes, ou Francy Baniwa, é da comunidade Wanaliana do Amazonas. Socióloga formada pela Universidade Federal do Amazonas (UFAM), também é mestre e doutoranda em Antropologia Social pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Francy é a primeira mulher Baniwa a se tornar mestre. Em sua pesquisa, busca relacionar os saberes ancestrais com teorias acadêmicas e unificar a vivência entre cidade e comunidade.

Sandra Benites é guarani ñandeva, da Terra Indígena Porto Lindo, no Mato Grosso do Sul. A atual diretora de Artes Visuais da Fundação Nacional de Artes (Funarte), formada em Licenciatura Intercultural Indígena do Sul da Mata Atlântica pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), é mestre e doutoranda em Antropologia Social na UFRJ. 

*Estagiário sob supervisão de Antonio Carlos Quinto

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