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Época de colheita: festival Kwanzaa celebra a contribuição da cultura negra
Festival Kwanzaa-Escrevivência celebra as contribuições das pessoas negras na construção do conhecimento e as realizações da intelectual Conceição Evaristo como titular da Cátedra Olavo Setubal de Arte, Cultura e Ciência
Festival Kwanzaa-Escrevivência celebra as contribuições das pessoas negras na construção do conhecimento e as realizações da intelectual Conceição Evaristo - Fotomontagem:Jornal da USP - Imagens: Pexels e Marcos Santos/USP Imagens
Para marcar as contribuições das pessoas negras na produção de conhecimentos e comemorar as realizações da titularidade da escritora e professora Conceição Evaristo no período 2022-2023 na Cátedra Olavo Setubal de Arte, Cultura e Ciência, acontece, de 13 a 15 de dezembro, o Festival Kwanzaa-Escrevivência, com atividades artístico-culturais em três regiões da cidade de São Paulo. Com a proposta de ser um encontro de trocas, rodas de conversa e apresentações artístico-culturais, o evento tem como objetivo socializar ainda mais os debates e desdobramentos dessa titularidade.
O festival tem ainda como objetivo celebrar a relevância dos trabalhos acadêmicos e artísticos da escritora, que discutem a formação social brasileira em confluência com epistemologias de vários intelectuais, entre os quais Beatriz Nascimento, Lélia González, Lêda Maria Martins, Sueli Carneiro, Abdias do Nascimento, Eduardo Glissant e Franz Fanon. Confira a programação abaixo.
Os eventos da programação do festival são públicos, gratuitos e contarão com tradução em Libras. Para participar, os interessados deverão efetuar inscrição prévia em cada atividade. Haverá oito rodas de conversa nos dias 14 e 15, todas com transmissão ao vivo pela internet. A conferência de Conceição Evaristo e as Rodas de Conversa terão transmissão on-line. As apresentações artísticas não serão transmitidas.
Resistência e expressão
A participação de Evaristo na cátedra pautou-se pela reflexão sobre epistemologias afro-diaspóricas por meio de diversas atividades e ações, dentre as quais a criação do Grupo de Estudos Escrevivência: Corpu(s) Estéticos em Diferença, uma disciplina de pós-graduação e um curso de extensão para docentes da educação básica, além de seminários, palestras e participação em eventos que tiveram como audiência tanto a comunidade uspiana quanto o público externo.
Durante sua titularidade na cátedra, Evaristo expandiu, em parceria com o grupo de estudos que criou, o diálogo do conceito de escrevivência com diferentes áreas de conhecimento.
A intelectual explica que a escrevivência representa uma concepção teórica que busca trazer à luz as vivências tanto individuais quanto coletivas das comunidades negras na diáspora e das populações marginalizadas: “Ela se configura como um ato de resistência e expressão, destacando-se como uma ferramenta poderosa para reivindicar as identidades, memórias e histórias afro-diaspóricas, ressignificando imagens, como a da Mãe Preta, silenciadas historicamente nas sociedades”.
Dessa forma, em consonância com os sete princípios fundamentais do Kwanzaa (unidade, autodeterminação, trabalho coletivo e responsabilidade, economia cooperativa, propósito, criatividade e fé) e por meio da reflexão sobre a escrevivência, o festival busca celebrar a cultura negra, bem como “estimular formas coletivas de vida e resistência das comunidades negras em diáspora”.
Organizado pela Cátedra Olavo Setubal de Arte, Cultura e Ciência, uma parceria entre o IEA e o Itaú Cultural, o festival conta também com o apoio da Fundação Itaú, Itaú Social, Fundação Tide Setubal, Pró-Reitoria de Cultura e Extensão Universitária e Pró-Reitoria de Inclusão e Pertencimento da USP.
Programação
13 de dezembro
Sala Itaú Cultural
Av. Paulista, 149 – Bela Vista – São Paulo/SP
Abertura
19h – Apresentação institucional de representantes de Itaú Cultural, Itaú Social, USP e Fapesp
19h20 – Conferência Escrevivência e criação de mundos possíveis, com Conceição Evaristo
20h45 – Pocket-show Anelis Assumpção
14 de dezembro
Escola de Artes, Ciências e Humanidades (EACH) da USP – Campus USP Leste, Auditório Verde
Rua Arlindo Béttio, 1000 – Ermelino Matarazzo – São Paulo/SP
9h – Mesa de abertura: Apresentação institucional de representantes da USP, EACH-USP e Itaú Social
9h40 – Pílula, com Luiz Ribeiro
10h – Roda de conversa – Ujima: sujeitos, lugares e modos coletivos de enunciação, com Flávia Martins, Mari Costa, João Mozart
Mediação: Prof. Rosenilton Oliveira
11h – Roda de conversa – Modos de enunciação: sujeitos escrevivendo os seus lugares no mundo, com Eduardo Prachedes Queiroz, Milena Manhãs, Maria Rita Taunay
Mediação: Prof. Esmeralda Negrão
14h – Pílula, com Mel Duarte
14h10 – Roda de conversa – Kuumba: escrevivência, escrita dramatúrgica e o fazer artístico, com Alessandra Augusta Lima dos Santos, Beatriz Nauali, Kétila Araújo
Mediação: Jé Oliveira
16h – Roda de conversa – Escrevivência em sala de aula e a formação docente, com Fátima Santana, Allan da Rosa, Alan Brito
Mediação: Juliana Yade
18h – Contação de história – Pretinha Ponciá, com Kétila Araújo
15 de dezembro
Instituto de Estudos Avançados (IEA) da USP – Sala Alfredo Bosi
Rua da Praça do Relógio, 109 – térreo – Cidade Universitária – São Paulo/SP
9h – Mesa de abertura (apenas on-line) com Ana Lúcia Duarte Lanna (pró-reitora de Inclusão e Pertencimento da Universidade de São Paulo), prof. Guilherme Ary Plonski (diretor do Instituto de Estudos Avançados da Universidade de São Paulo), Luciana Modé (coordenadora do Núcleo de Pesquisa e Desenvolvimento do Itaú Cultural) e Martin Grossmann (coordenador acadêmico da Cátedra Olavo Setubal de Arte, Cultura e Ciência)
9h40 – Pílula, com Cajota Domingues (apenas on-line)
10h – Roda de conversa – Umoja: corpus estético em diferença (apenas on-line), com Blenda Souto Maior, Renata Gonçalves, Júlia Farias Cajota Domingues e Gessica Silva
11h – Roda de conversa – Escrevivência, estética e possibilidades narrativas (apenas on-line), com Débora Andrade, Brunna Amicio, Carla Silva e João Victor
14h – Pílula, com Victor Hugo Neves de Oliveira (apenas on-line)
14h10 – Roda de conversa – Arte, escrevivência, corpo e movimento (apenas on-line), com Adnã Ionara, Luciano Tavares e Daniel Alves
Mediação: Deise de Brito
16h – Roda de conversa – Nia: escrevivendo a continuidade (apenas on-line), com Georgton Silva, Viviane Nogueira, Stefani Souza, Conceição Evaristo e Calila das Mercês
18h – Entreato – Cortejo Ilú Obá de Min
Videomapping: Coletivo Coletores (o cortejo sai do Instituto de Estudos Avançados e segue em direção à Biblioteca Brasiliana Guita e José Mindlin, onde ocorrerá o show de encerramento)
19h – Pocket-show de Larissa Luz e Ilú Obá De Min
Inscreva-se aqui (não haverá transmissão on-line)
Auditório István Jancsó – Biblioteca Brasiliana Guita e José Mindlin
Rua da Biblioteca, s/n – Cidade Universitária – São Paulo/SP
Sobre o Kwanzaa
O Kwanzaa é uma celebração cultural afro-americana surgida em 1966 por sugestão de Maulana Karenga, um professor de estudos negros atualmente vinculado à Universidade Estadual da Califórnia em Long Beach. Criada no atribulado contexto do movimento pelos direitos civis estadunidense, a festividade é comemorada principalmente nos Estados Unidos, de 26 de dezembro a 1º de janeiro.
Segundo Hernani Francisco da Silva, o Kwanzaa foi concebido como um ritual ligado à época de colheita. Durante a semana em que ele transcorre, os participantes se reúnem com familiares e amigos para trocar presentes à luz de uma série de velas nas cores preta, vermelha e verde, que simbolizam os sete valores fundamentais da vida familiar afro-americana, identificados por termos da língua suaíli: umoja (unidade), kujichagulia (autodeterminação), ujima (trabalho coletivo e responsabilidade), ujamaa (economia cooperativa), nia (propósito), kuumba (criatividade) e imani (fé).
Para Conceição Evaristo, comemorar o Kwanzaa no Brasil implica “celebrar as raízes africanas, estar em sintonia com a herança e ancestralidade trazidas pelos povos africanos e reforçar que, apesar dos desafios enfrentados pelas populações afro-brasileiras, a resiliência e a celebração das conquistas persistem como testemunhos poderosos de uma história rica e vibrante”. Para ela, a celebração fortalece os laços comunitários e inspira a continuidade do legado cultural, promovendo a conscientização.
*Com texto do IEA e informações do Itaú Cultural
**Estagiária sob supervisão de Moisés Dorado
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