De 15 a 21 de julho, acontece em São Paulo a segunda edição do Risamor, um encontro internacional de palhaços educadores. Com apoio da Faculdade de Educação (FE) da USP, o encontro apresenta trabalhos de artistas, educadores e pesquisadores nas áreas da palhaçaria e da arteducação. Serão oito espetáculos em praças e parques, e mais 16 ações formativas em equipamentos públicos. Os workshops e mesas de debates são voltados para diversos públicos: crianças, famílias, artistas, educadores, professores e pesquisadores. Todos os eventos ocorrerão no município de Mogi das Cruzes, região metropolitana da capital paulista.
A programação inclui oficinas sobre o uso da voz em sala de aula, musicalização, dança, neurologia e caminhos teóricos e metodológicos para uma pedagogia do palhaço. De acordo com Marco Guerra, idealizador do termo, a pedagogia do palhaço é uma proposta educativa que tem como principais concepções e aplicações as técnicas do ator-criador, do arteiro, do atuador, do artivista e do educador para a paz.
“A importância do evento é a pesquisa, o estudo e a prática crítica e reflexiva da arteducação, mais precisamente da arte na educação básica e na formação de professores. A criação de uma rede de ‘palhaces’ educadores é um sonho que vem se configurando em realidade”, afirma Guerra, que é pesquisador do Lab_Arte (Laboratório de Arte, Ecucação e Cultura) da FE e do Circusp (Coletivo Interdisciplinar de Pesquisas Circenses da USP), do qual é fundador.
Os eventos formativos ocorrem no Centro Municipal de Formação Pedagógica de Mogi das Cruzes, no Galpão Arthur Netto de Cultura e Cidadania e no Centro Cultural de Mogi das Cruzes. Já alguns espetáculos da programação acontecem no Sesc Mogi das Cruzes, Praça Monsenhor Roque Pinto de Barros, Praça do Rosário, Casarão do Carmo e Casa de Vidro do Parque Centenário. Confira a programação completa neste link.
O palhaço atrás do muro
No dia 17 de julho, dentro da programação do Risamor, o professor Guerra irá lançar seu novo livro O palhaço atrás do muro: diário de uma experiência de Arteducação na Fundação Casa. O livro é resultado de sua dissertação de mestrado na USP, em que o pesquisador relata sua experiência trabalhando com a pedagogia do palhaço junto a adolescentes em situação de privação de liberdade. O trabalho foi realizado nos últimos dois anos da antiga Febem, em 2005 e 2006. Em 2007, a Febem mudou o nome para Fundação Casa.
“Fui dar aulas de teatro na Febem pela primeira vez no ano de 2005. Em uma unidade de reincidentes graves e gravíssimos no então Complexo da Vila Maria, o mais perigoso da época. É importante lembrar que no ano de 2005 houve mais de 50 rebeliões na Febem do Estado de SP, 80% na capital”, conta Guerra, que permaneceu por dois anos lecionando em sete unidades dos três maiores complexos da fundação: Vila Maria, Tatuapé e Franco da Rocha.
Apesar da periculosidade, falta de benefícios como registro em carteira, vale transporte e refeição, o educador conta que seguiu em frente por duas razões: “minha pesquisa com a figura do palhaço em interface com a violência da vida dos adolescentes e meu amor pela educação com arte”.
*Com colaboração de Tabita Said
