A partir do dia 8 de março, o Centro Maria Antonia da USP vai realizar o curso Iconografias sócio-técnicas do corpo urbano, ministrado pelo arquiteto formado pela USP André Leirner. O objetivo do programa é ampliar e tornar acessível o debate sobre avanços tecnológicos nas cidades, junto ao papel crítico e central das pessoas nesse debate. O curso, presencial, vai ocorrer semanalmente, às quartas-feiras, das 19 às 21 horas, no Centro Maria Antonia da USP. Para participar, é necessário se inscrever pelo link até 24 de fevereiro.
O curso dialoga com a relação entre corpo e cidade, a partir da influência do contexto social. “Na história, essa percepção tem mudado. A inteligência artificial está surgindo e, com ela, a noção de entidade sintética, cujo corpo é algo ainda indefinido”, afirma Leiner. De acordo com o arquiteto, esta análise será feita com uma perspectiva técnica vinda da arte, pois são abundantes as retratações de corpos e espaços arquitetônicos em sua história.
A discussão será centrada na tradição ocidental, mas sem as perspectivas da população nativa. “Nesse momento, não estamos dialogando com história oriunda de povos originários, sejam eles americanos, africanos, orientais, da Oceania e de demais localidades. Mas esperamos poder fazer isso futuramente, para enriquecer o debate. O futuro, a meu ver, já é poli-multi-pluri-transcultural, assim como os corpos e as cidades”, observa Leiner. No vídeo abaixo, o ministrante explica mais sobre seu curso:
Em entrevista ao Jornal da USP, o arquiteto ressalta que a noção de cidade vem atrelada ao corpo humano e que o futuro depende de uma análise minuciosa dessa relação. “A cidade, seu ambiente social e seus conflitos são perpassados por debates bastante antigos envolvendo a percepção de corpo e do ambiente social. A mudança dessa percepção e a aceitação da condição plural compartilhada das cidades me parecem chave para concebermos um futuro possível”, afirma ele. “Com isso, esperamos estimular o rompimento de barreiras disciplinares dentro da Universidade, criando perspectivas fertilizadoras para as ciências aplicadas, cuja base é sempre técnico-cultural”, complementa.
Programação
No dia 8 de março, o curso se inicia com a temática O corpo clássico: a cidade ordenada. Nesse momento, será feita uma análise do corpo clássico que se tem como referência na cultura ocidental, a partir da sua manifestação na organização urbana e social e sua participação até os dias atuais. No segundo encontro, dia 15 de março, haverá a discussão sobre O corpo profano: a cidade irreconhecível, em sua relação com o corpo clássico. Será falado sobre as noções de desconformidade do corpo. “De onde vem isso, do ponto de vista do tecido social cotidiano? Como ele tem se manifestado na história? E novamente perguntamos, essa taxonomia pode ser aplicada à morfologia urbana e social?”, questiona Leiner. O terceiro encontro, dia 22 de março, trará a análise do tema O corpo maquínico: a cidade das pessoas e máquinas. “Nós vamos falar do corpo maquínico, do automatismo e da fantasia de redenção que as máquinas nos propõem. Temas como fascismo, positivismo, futurismo e modernismo entram nesse debate, e a cidade resultante dessa perspectiva”, explica Leiner. O curso continua em seu quarto dia, 29 de março, com o tema Cyborgs: a cidade poli-humana. O debate vai tratar da psicologia da comunicação de massa e da noção de corpo por trás dos fenômenos das mídias sociais. No quinto encontro, 5 de abril, a discussão segue transcendendo o corpo humano, com a temática Polimórficos, não-humanos e deep-fakes: a cidade pós-humana, a partir de estruturas híbridas e artificiais. Por fim, o curso se encerra no dia 12 de abril, com o tema Data bodies: examinando o corpo de uma cidade inteligente, falando sobre o corpo da cidade inteligente, da robótica, cibernética, linguagem natural de máquina e da irredutibilidade do papel do humano nesse quadro. |
Mais informações: cursosma@usp.br