Valsa da Praça do Relógio homenageia os 90 anos da USP

Composição do professor Edson Leite é a primeira de três peças que compõem a Serenata USP 90 anos

 25/10/2024 - Publicado há 4 meses

Texto: Ricardo Thomé*

Arte: Simone Gomes

Uma torre com um relógio colocada no meio de uma praça.

A Praça do Relógio, na Cidade Universitária, em São Paulo – Fotomontagem Jornal da USP – Fotos: Ceília Bastos e imagem do YouTube/USP 90 anos: Valsa Praça do Relógio

A Universidade de São Paulo completou 90 anos de existência no dia 25 de janeiro deste ano, mas segue recebendo homenagens. Recentemente, após a inauguração da exposição USP 90 Anos, em cartaz até dia 31 no Centro de Inovação da USP (InovaUSP), na Cidade Universitária, foi a vez de a música entrar em cena com a Serenata USP 90 Anos. Executada pelas mãos do professor Edson Leite, docente aposentado do Museu de Arte Contemporânea (MAC) da USP, e gravada na Sala Villa-Lobos da Biblioteca Brasiliana Guita e José Mindlin (BBM) da USP, a serenata apresenta três peças, dentre as quais destaca-se a Valsa da Praça do Relógio, composta pelo professor especialmente para celebrar a data. A ideia da composição é valorizar a Praça do Relógio como ponto central e agregador da USP e de todos os seus ideais (ouça a Serenata USP 90 Anos no link abaixo).

O repertório

A serenata é composta, ao todo, por três peças: Valsa da Praça do RelógioLua Branca, de Chiquinha Gonzaga (1847-1935); e Seresta, de Aloysio de Alencar Pinto (1911-2007). Em entrevista ao Jornal da USP, Edson Leite conta que o convite para fazer a serenata ao piano veio da professora Elza Ajzenberg, da Escola de Comunicações e Artes (ECA) da USP. A escolha pela valsa, segundo o professor, tem a ver com as características musicais daquilo que, para ele, é “quase um estilo”. “Tem muito de Chopin, de piano romântico com acompanhamento, mas também já traz elementos de música brasileira: um pouco de folclore, um pouco de influência africana, a imitação do som dos graves do violão que também aparece no chorinho… Então, a valsa brasileira tem esse sabor e é comum que muitos dos compositores brasileiros tenham escrito alguma valsa.”

No caso das outras duas peças, o professor teve como foco inicial trazer músicas de compositores e compositoras brasileiros que atualmente não são mais tão falados. Chiquinha Gonzaga, que já era uma escolha quase certa, acabou tendo Lua Branca selecionada devido a uma coincidência: “Já estava pensando em pôr alguma peça dela e isso foi no dia em que vimos aquela super-lua (19 de agosto). Aí escolhi e fiz o improviso”. A Seresta de Aloysio Alencar Pinto, por sua vez, foi escolhida porque Leite quis aproveitar a liberdade que as serestas trazem: “É um repertório que mistura o erudito e o popular”.

O significado

Homem de óculos e com um sorriso.

O professor e pianista Edson Leite - Foto: Arquivo pessoal

Para o professor, que já foi diretor da Escola de Artes, Ciências e Humanidades (EACH) da USP e da Orquestra Sinfônica da USP (Osusp), não foi difícil pensar na Praça do Relógio como tema da valsa. “É um ponto que une toda a USP e que é influente para toda a Universidade. Todo mundo sabe onde a Praça do Relógio fica. Não importa o que mude, ela está sempre ali e já recebeu grandes manifestações culturais. Tem plantas, tem lua, tem sol, tem caminho… Por isso a Valsa da Praça do Relógio”.

Pessoalmente, Leite vê a iniciativa como uma oportunidade de agradecimento à Universidade. “As experiências que vivi aqui, ensinando e aprendendo, influenciaram minha educação, meu ensino e minha vida.” Originalmente pianista, organista e regente, mas não compositor, ele vê na valsa, também, um tom de projeção para o futuro. “Nesses 90 anos dessa senhorinha idosa, mas que ainda tem ‘cuca fresca’ e é tão importante no cenário nacional e internacional, desejo que ela cresça e se desenvolva mais ainda”, completa.

A Exposição USP 90 Anos fica em cartaz até o dia 31 de outubro no Centro de Inovação da USP (InovaUSP), localizado na Rua Professor Lúcio Martins Rodrigues, 370, Cidade Universitária, em São Paulo. Entrada grátis.

*Estagiário sob supervisão de Marcello Rollemberg e Roberto C. G. Castro


Política de uso 
A reprodução de matérias e fotografias é livre mediante a citação do Jornal da USP e do autor. No caso dos arquivos de áudio, deverão constar dos créditos a Rádio USP e, em sendo explicitados, os autores. Para uso de arquivos de vídeo, esses créditos deverão mencionar a TV USP e, caso estejam explicitados, os autores. Fotos devem ser creditadas como USP Imagens e o nome do fotógrafo.