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Mostras CINUSP - Fotomontagem: Reprodução/CINUSP
Três décadas de acesso à cultura cinematográfica
Cinema da USP Paulo Emilio (Cinusp) completa 30 anos de fundação e planeja expandir atividades para o interior do Estado
Fundado em 1993, o Cinema da USP Paulo Emilio (Cinusp) completa 30 anos de atividades. Ao longo desse período, ele promoveu 492 mostras de filmes, sempre com entrada gratuita, que proporcionaram diversão e cultura para milhares de espectadores. A mostra em cartaz neste mês é Sonhadores. “O Cinusp é um incentivo para um contato com a tela grande, nesta época em que, cada vez mais, se consomem produções audiovisuais no celular”, afirma o diretor do Cinusp, Eduardo Morettin, que é professor do Departamento de Cinema, Rádio e Televisão da Escola de Comunicações e Artes (ECA) da USP.
Para comemorar três décadas do Cinusp, Morettin prepara atualmente uma mostra especial de filmes, que deverá ocorrer em outubro. Nela, serão feitas homenagens aos antigos diretores do Cinema da USP, que desde a sua fundação é mantido pela Pró-Reitoria de Cultura e Extensão Universitária da Universidade. Além disso, o diretor está empenhado em levar o Cinusp para os campi da USP no interior paulista. “Em 2023, a nossa expectativa é ter esse braço do Cinusp no interior do Estado, o que seria muito interessante para o fomento da cultura.”
Atualmente, o Cinusp realiza sessões diárias na sua moderna Nova Sala – instalada no Anfiteatro Camargo Guarnieri, na Cidade Universitária – e no Centro Maria Antonia da USP, na região central de São Paulo. Mas, antes de possuir essas instalações, ele contava apenas com uma sala, localizada no Favo 4 das Colmeias, na Cidade Universitária.
Ali as exibições eram feitas com projetores de 35 por 16 milímetros, que funcionavam com películas distribuídas pelas produtoras. Hoje a projeção é feita com equipamentos digitais e em qualidade de imagem em 4k (ultra HD), o que coloca as salas do Cinusp entre os mais avançados espaços de exibição de filmes do País. “Ainda guardamos o equipamento antigo para realizar exibições de acervo em ótima qualidade, como os filmes da Cinemateca”, destaca Morettin. “No ano de 2019, fizemos seis exibições em projetor de 35 milímetros.”
Produções clássicas e obras inéditas
Tradicionalmente, as mostras do Cinusp exibem filmes de diferentes países e épocas, sobre os mais variados temas, incluindo produções clássicas e obras inéditas.
Um dos eventos de maior sucesso na história do Cinusp foi a Mostra Cinusp e Mubi, exibida em outubro de 2022, que apresentou 13 filmes lançados por aquela plataforma de streaming e distribuidora – alguns deles vistos pela primeira vez numa sala de cinema. “Foi uma mostra de excelência em qualidade e conteúdo”, diz Morettin.
A preparação das mostras de filmes do Cinusp não é uma tarefa simples. A equipe de Morettin se reúne com, no mínimo, dois meses de antecedência para elaborar a programação a ser exibida. Depois de discutir e escolher o tema e os filmes a serem apresentados, a curadoria – composta de estagiários, que são alunos da USP – começa a buscar as cópias das produções que estejam em boas condições. “Uma das políticas do Cinusp é justamente exibir a melhor versão possível de um filme”, afirma Morettin.
A pesquisa inclui verificar os direitos autorais do filme e, quando necessário, fazer solicitação de cópias às produtoras e distribuidoras. Depois de todo esse trabalho, os filmes são exibidos em duas sessões diárias, às 16 e às 19 horas.
Direito à produção cultural
O público normalmente tem uma relação de carinho com o Cinema da USP. “O Cinusp me permite ver filmes que nunca conheceria se não fosse pelas mostras”, afirma a estudante Maira Cavenaghi, aluna da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo (FAU) da USP. Ela costuma assistir pelo menos a um filme de cada circuito, o que faz com que conheça novos diretores e diferentes formas de produção cinematográfica. “O diferencial do Cinusp é proporcionar experiências únicas. Eu já assisti a dois curtas-metragens com óculos de realidade virtual.”
A também estudante Giovana Canterucci, aluna de Psicologia da Pontifícia Universidade Católica (PUC) de São Paulo, frequenta o Cinusp acompanhada de amigos. Ela lembra que a primeira mostra de que participou foi 24 Quadrinhos por Segundo, em junho de 2022, numa sessão que incluiu conversa com o desenhista Gabriel Bá, ilustrador da história em quadrinhos Umbrella Academy, origem da série de televisão de mesmo nome produzida pela Netflix. “Ter acesso a lazer e meios de apreciar a cultura são direitos humanos. O que o Cinusp faz é garantir esse direito”, analisa Giovana.
E o Cinusp tem até fãs. A estudante Mariana Carneiro, aluna de Jornalismo da ECA, costuma levar para casa os cartazes da programação que ficam espalhados pelo campus. “A identidade visual do Cinusp é muito bonita e o design dos cartazes é lindo.” Ela lembra que o cinema é um direito da população. “Democratizar o acesso às produções culturais, dentre elas o cinema, deve ser uma prioridade”, reforça. “O Cinusp, que é um cinema gratuito, universitário e de extrema qualidade, contribui para isso.”
Paulo Emilio
Nos primeiros anos do Cinusp, o nome Paulo Emilio designava somente a antiga sala no favo 4 das Colmeias, na Cidade Universitária, onde eram realizadas as projeções. “Depois o adotamos como nome da instituição”, observa Morettin.
Paulo Emilio Sales Gomes (1916-1977) foi professor e crítico de cinema, “uma figura fundamental na cultura cinematográfica brasileira”, como caracteriza o diretor do Cinusp. Fundador da Cinemateca Brasileira, do curso de Cinema na Universidade de Brasília (UnB) e do curso de Audiovisual da ECA, lecionou na USP de 1968 até sua morte, em 1977, aos 60 anos, vítima de ataque cardíaco.
O Cinema da USP Paulo Emilio (Cinusp) está localizado no Anfiteatro Camargo Guarnieri (Rua do Anfiteatro, 181, Cidade Universitária, em São Paulo) e no Centro Maria Antonia da USP (Rua Maria Antonia, 294, Vila Buarque, em São Paulo). Mais informações estão disponíveis no site do Cinusp.
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