Simpósio vai mostrar os impactos da obra de Villa-Lobos na cultura brasileira

Evento sobre o compositor acontece na USP nesta quinta e sexta-feira, dias 12 e 13, com entrada grátis

 09/09/2024 - Publicado há 6 meses

Texto: Alícia Matsuda*

Arte: Simone Gomes

Homem de terno.
O compositor brasileiro Heitor Villa-Lobos - Fotomontagem de Jornal da USP com imagem de Domínio público/Wikimedia Commons

Os impactos da obra do compositor carioca Heitor Villa-Lobos (1887-1959) não só na música, mas também na cultura brasileira serão debatidos por especialistas durante a 8ª edição do Simpósio Villa-Lobos, que acontece nesta quinta e sexta-feira, dias 12 e 13, na Casa de Cultura Japonesa, na Cidade Universitária, em São Paulo. Nos dois dias do evento serão realizados concertos, palestras e mesas-redondas (leia aqui a programação completa do simpósio). A entrada é grátis.

“Villa Lobos foi um dos principais responsáveis pela renovação e pela afirmação de uma identidade da cultura brasileira”, afirma o professor Paulo de Tarso Salles, docente da Escola de Comunicações e Artes (ECA) da USP e coordenador do grupo de pesquisa Perspectivas Analíticas para a Música de Villa-Lobos (Pamvilla), que organiza o evento. “Ele se integra a outros artistas do Modernismo, como Candido Portinari, Tarsila do Amaral, Mário de Andrade e Oswald Andrade, que faziam o mesmo em seus respectivos campos de atuação, como a literatura, a pintura e a escultura”, completa Salles.

A programação do evento vai enfatizar justamente a influência de Villa-Lobos nas diferentes artes. No dia 12, às 11 horas, por exemplo, uma mesa-redonda vai reunir a jornalista Camila Fresca – doutora em Musicologia pela ECA -, o ator Roderick Himero e o diretor Felipe Botelho, do Teatro Oficina, para tratar da peça Rasga Coração, que reorquestra os Choros compostos por Villa-Lobos nos anos 1920.
Homem magro de óculos.
O professor Paulo de Tarso Salles - Foto: Arquivo Pessoal

A programação do evento vai enfatizar justamente a influência de Villa-Lobos nas diferentes artes. No dia 12, às 11 horas, por exemplo, uma mesa-redonda vai reunir a jornalista Camila Fresca – doutora em Musicologia pela ECA -, o ator Roderick Himero e o diretor Felipe Botelho, do Teatro Oficina, para tratar da peça Rasga Coração, que reorquestra os Choros compostos por Villa-Lobos nos anos 1920.

No mesmo dia, às 15h30, será exibido o documentário Villa-Lobos em Paris (2023) na presença de seus diretores Alexandre Guerra e Marcelo Machado, também com a participação de Camila Fresca. A produção remonta ao período em que o compositor, em resposta às vaias que recebeu na Semana de Arte Moderna de 1922, se instalou na França. Ao lado de nomes como Jean Cocteau, Andrés Segovia e Arthur Rubinstein, Villa-Lobos pôde pensar suas raízes por novas perspectivas. “No tocante à música, Villa-Lobos foi uma pessoa pioneira no sentido da valorização da cultura brasileira, trazendo elementos rítmicos e melódicos e até instrumentos usados na música popular, e principalmente por levar a percussão para a orquestra”, diz Salles.

Um concerto do conjunto Unicamp Cello Ensemble – formado por alunos do curso de Música da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e dirigido pelo maestro Lars Hoefs – vai encerrar o primeiro dia de atividades do simpósio, às 20 horas. O repertório do concerto inclui as Bachianas Brasileiras nº 1, de Villa-Lobos, e seis canções de João Bosco, com arranjo de Ivenise Nitchepurenco. Além de professor da Unicamp, Lars Hoefs é “um dos principais intérpretes de Villa-Lobos no mundo” e tem uma “atividade fantástica” dedicada à obra do compositor para violoncelo, como acentua Salles. “O violoncelo é um instrumento que o próprio Villa-Lobos tocava. Ele escreveu muitas músicas para esse instrumento e particularmente valorizou essa formação, orquestra de violoncelos, com 8 a 40 instrumentos.

Três palestras serão realizadas no segundo dia do simpósio, dia 13. Às 11h30, o musicólogo e professor da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) Carlos Kater falará sobre Encontros com Villa-Lobos, um e-book com 665 páginas que Kater publicou neste ano, contendo entrevistas realizadas por ele nos anos 80 com personalidades da música que conviveram com Villa-Lobos, como Camargo Guarnieri, Eleazar de Carvalho, Magdalena Tagliaferro e Olivier Toni. Às 14 horas, a pianista e professora da Universidade Federal de Pelotas (Ufpel) Mauren Frey abordará o tema “Elementos composicionais da obra instrumental de Vieira Brandão e sua proximidade com Villa-Lobos”. Já às 17 horas, o maestro Ricardo Averbach, da Miami University, nos Estados Unidos, falará sobre o seu livro, Villa-Lobos and Modernism: The Apotheosis of Cannibal Music, lançado nos Estados Unidos em 2022.

Às 20 horas, o violonista e professor da ECA Edelton Gloeden fará o concerto de encerramento do simpósio. Ele tocará peças do CD que lançou recentemente, com todas as composições de Villa-Lobos para violão. O compositor é uma referência para os violonistas por ter contribuído para a consagração do instrumento, como explica Pedro de Tarso Salles: “Villa-Lobos adotou o violão como seu instrumento pessoal já na adolescência. Nesse período, sua família sofreu com a morte do seu pai, Raul, quando ele tinha 11 anos, e teve uma certa dificuldade para para sua própria subsistência”.

O professor lembra que, na adolescência, morando na periferia do Rio de Janeiro, Villa-Lobos conheceu os músicos populares. “Foi talvez o grande momento, do ponto de vista criativo, em que ele enxergou a cultura popular e participou dela como membro ativo, tocando na noite, nos grupos de choro e nas rodas de samba”, destaca Salles. “Ele escreveu uma obra dedicada ao violão que é revolucionária.” 

Capa de livro com foto de um homem de terno e uma índia com um arco e flecha nas mãos.
Capa do livro de Ricardo Averbach, que será tema de palestra no simpósio - Foto: Divulgação

A 8ª edição do Simpósio Villa-Lobos acontece nesta quinta e sexta-feira, dias 12 e 13, das 9h10 às 21h, na Casa de Cultura Japonesa da USP (Avenida Professor Lineu Prestes, 159, Cidade Universitária, em São Paulo). Entrada grátis. Mais informações estão disponíveis no site do evento.


*Estagiária sob supervisão de Roberto C. G. Castro

Dois dias de debates e concertos


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