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Um dos eventos determinantes do século 20, a Revolução Russa celebra seu centenário este ano. Para revisitar e discutir o movimento que levou os bolcheviques ao poder e deu origem à União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS), a Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo (FESPSP) sedia o seminário internacional As Revoluções Russas de 1917, nos dias 6 e 7 de novembro.
“O seminário vai discutir não só a historiografia mais recente, mas a experiência da União Soviética e do comunismo no século 20, cujos impactos são sentidos até hoje”, comenta o professor da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) da USP Cicero Araujo.
Para Araujo, a Revolução Russa é um acontecimento fundamental para o desdobramento do século 20. “O mundo colonizado pelos países mais avançados do Ocidente, especialmente da Europa, começa a entrar em colapso com a Revolução Russa. E isso tem uma transformação profunda na política planetária.”
Entender a China de hoje também exige olhar para os acontecimentos de 1917, segundo o professor. “É impossível pensar a Revolução Chinesa sem ter em perspectiva a Revolução Russa.” De acordo com Araujo, é ironicamente a Revolução Comunista Chinesa que possibilita um estado nacional unificado, fundamental para a China se tornar um dos maiores países capitalistas do mundo.
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A primeira mesa do seminário acontece às 8h30 do dia 6 e leva o título do evento, As Revoluções Russas de 1917. Participam dela o professor da FFLCH Ruy Fausto e a professora Roseli Coelho, da FESPSP. No mesmo dia, às 19 horas, o professor da Universidade da Califórnia e especialista nos eventos de 1917 Tsuyoshi Hasegawa profere a palestra Crime e castigo na Revolução Russa.
Já no dia 7, também às 8h30, acontece a conferência Debates e controvérsias sobre as Revoluções Russas de 1917: cem anos depois. A discussão contará com a participação do historiador francês Nicolas Werth, pesquisador do Institut d’Histoire du Temps Présent (por videoconferência), e do professor da FFLCH e ex-prefeito de São Paulo Fernando Haddad.
O encerramento do seminário acontece às 19 horas do dia 7, com a presença do professor da Universidade de Oxford David Priestland, autor do livro A Bandeira Vermelha: a História do Comunismo, e do professor Cicero Araujo. Eles participam do debate A URSS e o comunismo no século XX.
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A Revolução Russa foi resultado da revolta contra o regime absolutista dos czares, as condições atrasadas e agrícolas do Império Russo e sua participação na Primeira Guerra Mundial. Teve início em fevereiro de 1917 (março, no calendário ocidental), com a derrubada do czar Nicolau II. Em seu lugar, constituiu-se um governo provisório de caráter liberal, por sua vez derrubado pelos bolcheviques liderados por Vladimir Lenin em outubro de 1917 (novembro, pelo calendário ocidental).
Com a chegada dos bolcheviques ao poder, a Rússia deixou a Primeira Guerra Mundial para entrar numa guerra civil que se estendeu até 1920, quando o Exército Vermelho derrotou o Exército Branco, composto pela antiga elite do país e descontentes. Com isso, o Partido Comunista Russo assumiu definitivamente o controle do país.
Em 30 de dezembro de 1922, surge oficialmente a União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS), com a reunião de territórios que integravam o Império Russo. A União Soviética existiria até 1991.
O seminário internacional As Revoluções Russas de 1917 é organizado pela FFLCH, FESPSP e pelo Centro de Estudos de Cultura Contemporânea (Cedec). O evento é gratuito e não precisa de inscrição.
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