O seminário internacional Intersecções entre Arte e Ciência – Debates Contemporâneos será realizado neste sábado, das 10 às 16 horas, no Museu de Arte Contemporânea (MAC) da USP (Avenida Pedro Álvares Cabral, 1.301, Ibirapuera, em São Paulo). Grátis. Haverá tradução simultânea e emissão de certificado de participação. Mais informações podem ser obtidas no site do MAC e pelo telefone (11) 2648-0254.
Blog
Foto: Freepik
Foto: Divulgação/MAC
MAC promove evento sobre ciência e arte
Encontro acontece neste sábado, dia 26, a partir das 10 horas, com participação de professores do Brasil, Estados Unidos e Polônia
As fascinantes relações entre arte e ciência serão abordadas neste sábado, dia 26, das 10 às 16 horas, no Museu de Arte Contemporânea (MAC) da USP, durante o seminário internacional Intersecções entre Arte e Ciência – Debates Contemporâneos. No evento, físicos e matemáticos do Brasil e do exterior, o artista Manoel Veiga e pesquisadores da USP vão debater as mais recentes pesquisas sobre a mecânica dos fluidos, a topologia geométrica e a inteligência artificial e suas interações com as artes visuais.
O seminário é uma programação paralela à exposição Manoel Veiga: Cartografias de Mundos Inexistentes, atualmente em cartaz no MAC, conforme informou o Jornal da USP em matéria publicada em outubro passado (disponível aqui). A obra de Veiga é um exemplo das relações entre arte e ciência. Nela, o artista se vale de fenômenos naturais como a difusão, relacionada com a dinâmica dos fluidos, e utiliza conceitos da astronomia para criar fotografias do cosmo.
Andrzej Herczynski - Foto: Reprodução/ResearchGate
Um dos cientistas presentes no seminário é o físico Andrzej Herczynski, do Boston College, nos Estados Unidos, que às 10 horas fará a palestra Da Representação ao Uso de Fluidos na Arte. “A água aparece na arte grega e romana antiga, em vasos, afrescos e mosaicos de peixes nadando ou barcos a remo ou a vela que atravessam o mar”, vai lembrar Herczynski no seminário. “A inclusão de efeitos fluidos permitiu que os artistas transmitissem a ideia de movimento no meio estático da pintura ou escultura. No entanto, a representação convincente de fluxos de líquidos, especialmente oscilatórios ou turbulentos, permaneceu um desafio. A invenção da arte não figurativa se mostrou libertadora, levando os pintores expressionistas abstratos a adotarem fenômenos fluidos reais – jatos, pingos, sprays e instabilidades de pigmentos líquidos – no seu processo criativo.”
Às 11 horas, o professor Ton Marar, do Instituto de Ciências Matemáticas e de Computação (ICMC) da USP, falará sobre Uma Jornada Lúdica Pela Topologia Geométrica. Marar fará uma descrição da geometria axiomática de Euclides. Em seguida, abordará o programa criado pelo matemático alemão Felix Klein (1849-1925) para introduzir geometrias em um dado espaço de objetos. Através de vários exemplos, o professor vai descrever a classificação topológica de objetos unidimensionais e bidimensionais. “Ao final, utilizaremos a classificação topológica das superfícies para obter um outro nível de entendimento de uma importante obra de arte”, adianta Marar.
Ton Marar - Foto: IEA/USP
Andrzej Herczynski - Foto: Reprodução/LinkedIN
Às 14 horas, será a vez da palestra do físico Romuald Janik, da Universidade Jagiellonian, na Polônia, intitulada Estética e Representações de Imagens de Redes Neurais. Nela, Janik vai abordar as relações entre as propriedades estéticas das imagens percebidas pelos humanos e suas representações codificadas nos parâmetros de uma rede neural generativa profunda. “Nessa palestra, descrevo o que acontece quando as forças das conexões neuronais são perturbadas aleatoriamente de várias maneiras”, destaca o físico polonês. “Em muitos casos, as redes perturbadas geram imagens que parecem uma ‘rendição artística’ dos objetos originais, mesmo que nenhuma das redes neurais tenha qualquer contato com a arte feita pelo homem. Outra forma de modificar as redes neurais, perturbando uma parte semântica profunda da rede, leva a imagens que podem ser interpretadas como uma espécie de representação visual simbólica. Os experimentos realizados nesses estudos levam a questões intrigantes sobre a arte e seus fundamentos biológicos e culturais.”
A última palestra do seminário, às 15 horas, será do artista Manoel Veiga, que falará sobre como a ciência influencia a sua obra. “Conexões entre arte e ciência estiveram sempre presentes em meu trabalho artístico, que explora as noções de espaço e tempo, gerando novas relações e cruzamentos entre suas formas de representação nos dois campos”, informa Veiga, que é formado em Engenharia Eletrônica e tem experiência em laboratórios de física. “Nas pinturas, fenômenos da natureza como difusão e gravidade são usados como ferramentas. Não há a tradicional metáfora para o mundo natural, mas um curto-circuito de significados. Através dos fluxos reais de cor temos uma inevitável experiência espaço-temporal.”
A mediação dos debates será do professor Rogério Monteiro, da Escola de Artes, Ciências e Humanidades (EACH) da USP, no período da manhã, e da professora Heloisa Espada, do MAC, à tarde. O seminário conta com financiamento da National Science Foundation, dos Estados Unidos, e do Isaac Newton Institute for Mathematical Sciences, da Inglaterra.
A reprodução de matérias e fotografias é livre mediante a citação do Jornal da USP e do autor. No caso dos arquivos de áudio, deverão constar dos créditos a Rádio USP e, em sendo explicitados, os autores. Para uso de arquivos de vídeo, esses créditos deverão mencionar a TV USP e, caso estejam explicitados, os autores. Fotos devem ser creditadas como USP Imagens e o nome do fotógrafo.