A exposição Olhos da Pele está em cartaz até dia 30 de julho, de terça-feira a domingo, das 10 às 21 horas, no Museu de Arte Contemporânea (MAC) da USP (Avenida Pedro Álvares Cabral, 1.301, Ibirapuera, em São Paulo). Entrada grátis. Mais informações podem ser obtidas pelo telefone (11) 2648-0254 e no site do MAC.
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Obra de Clara Letizia, Carimbos dos Beijos, 2022 - Foto: Marcos Santos/USP Imagens
Exposição no MAC põe em evidência jovens artistas
Olhos da Pele questiona o corpo através de diferentes linguagens
Até dia 30 de julho está em cartaz no Museu de Arte Contemporânea (MAC) da USP a exposição Olhos da Pele. A mostra reúne mais de 20 obras de nove artistas: Amanda Elosa, Clara Letizia, Gabriella Barbosa, Gabrielle Guido, Junia Penido, Milena Abreu, Nina Horikawa, Paulo Agi e Ro Ferrarezi. O grupo foi selecionado a partir de um edital do MAC voltado para contemplar jovens artistas que nunca tiveram obras expostas em mostras individuais realizadas em galerias ou museus.
A professora do MAC Fernanda Pitta, curadora da mostra, explica que “todas as obras partem de um questionamento do corpo individual, do corpo como matéria, do corpo como veículo de experiências estéticas e artísticas. Isso se formaliza em diferentes linguagens, percorrendo sensorialidade, desejo, afeto, erotismo, diversas afetações.”
A experiência em Olhos da Pele começa pela parede colorida de Carimbos dos Beijos, de Clara Letizia. A distância é difícil perceber com clareza do que a obra trata, mas ao se aproximar o visitante ganha uma nova perspectiva dos elementos: as cores dos carimbos se transformam em um alegre beijo entre um casal.
Com a mesma temática, Paulo Agi traz Beijo, em que utiliza a técnica de desenho com carvão sob tela. Na obra as pessoas lembram nuvens claras iluminadas pela Lua em noites escuras.
O erotismo está presente em Manual, de Amanda Elosa. O próprio nome anuncia que se trata de um manual sobre como as pessoas com vagina alcançam o orgasmo. A maioria dos 20 painéis que formam a obra enfatiza a masturbação como único mecanismo que as fazem gozar. Manual também evidencia diferentes tipos de relações sexuais, entre elas as heteronormativas com penetração e as relações sáficas. O provocativo da obra se dá em tratar o sexo como carnal, sem grandes romantizações.
Já Gabrielle Guido apresenta Paredão, uma série de quatro fotos que representa o baile funk. As fotografias foram feitas com a técnica de exposição prolongada do obturador, que resulta no registro de borrões de movimentos. Além das fotos, Paredão inclui um fone de ouvido, em que é possível escutar música típica de bailes funk, com graves marcantes e ritmo dançante, o que a torna uma obra imersiva.
Junia Penido expõe Fugitivas. As pinceladas do marrom dão impressão de ser um borrão, que dialoga com a ideia de fuga em velocidade. As duas pessoas loiras estão de costas, escondendo seus rostos. Quem é fã de música pop nacional pode se lembrar da música Fugitivos, de Luísa Sonza e Jão.
As obras de Gabriella Barbosa representam o natural e grotesco dos seres vivos, uma crítica ao belo e comum: Varal de Carne, feito com tinta a óleo e carvão sobre voal, enfatiza o consumo de carne pelo mundo, e Trava Língua retrata a língua de um personagem vista em terceira pessoa.
Com 40 quadros, a série Acho Mesmo Que o Erro É Construção, de Nina Horikawa, traz uma espécie de crônica pintada. O sentimentalismo percorre diferentes momentos da vida, desde o acordar ao lado de alguém até o simples ato de observar a Lua.
Milena Abreu apresenta quatro fotos que quebram o comum, beirando a bizarrice. Em todas, os personagens que aparecem estão nus. Pendurado na viga de sustentação do teto, um deles aparece sozinho, como se também fosse uma peça da arquitetura.
A exposição conta com uma escultura, Roda de Tera, de Ro Ferrarezi, que caracteriza uma espécie de chifre de boi feito a partir de cerâmica. Os cornos (tipo de chifre) se originam no tecido epitelial do animal, o que relaciona a obra com o tema da mostra.
O edital que escolheu Olhos da Pele foi lançado em 2022 e teve 166 inscritos. Os critérios incluíam que o artista nunca tivesse participado de exposições individuais nem sido exposto em mais de cinco produções coletivas em museus e galerias, o que o configura como jovem artista. “Apesar de serem artistas com poucas experiências, são trabalhos com um pensamento articulado e com uma linguagem e materialidade bem feitas”, afirma a curadora Fernanda Pitta. “Por se tratar de um museu universitário, trazemos esse espaço de experimentação de uma exposição que tem condições de apresentar um diálogo com o público.”
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