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O novo Espaço das Artes da USP inaugura a sua programação. Com a curadoria dos professores e artistas Marco Giannotti e Mario Ramiro, apresenta a exposição Pós-Poéticas, com a participação de estudantes do Programa de Pós-Graduação em Artes Visuais da Escola de Comunicações e Artes (ECA) da USP.
Giannotti e Ramiro travam o desafio de abrir a programação no espaço da antiga sede do Museu de Arte Contemporânea (MAC) da USP na Cidade Universitária, que passa a sediar a produção de artistas e teóricos vinculados à Universidade, com o objetivo de divulgar e dinamizar a produção artística e cultural junto à comunidade acadêmica.
O Espaço das Artes é coordenado pelos Departamentos de Artes Plásticas, Música e Artes Cênicas da ECA. A exposição Pós-Poéticas reúne o trabalho de nove artistas: Ana Tomimori, Andréa Tavares, Cassia Aranha, Filipe Barrocas, Inês Bonduki, Julia Mota, Juliano Gouveia dos Santos, Pedro Hamaya e Renato Pera. “A mostra traz o resultado dos últimos dois anos das pesquisas desses artistas, realizadas no universo acadêmico, mas que se expandem para além dele”, explica o professor Ramiro. “Ao buscar um diálogo com um universo distinto do mundo acadêmico, a exposição procura enriquecer o espaço das artes visuais na USP.”
Giannotti destaca o conjunto diversificado de obras presentes na mostra. “São pinturas, gravuras, fotografias, objetos, performances, vídeo e instalação. A mostra expressa as muitas frentes de pesquisa em curso na pós-graduação, em estreito diálogo com a complexa rede de linguagens presentes na arte contemporânea.”
Frentes de pesquisa
Ana Tomimori, também professora de educação infantil, apresenta um conjunto de trabalhos realizados entre 2012 e 2016 em São Paulo. “A série investiga como a subjetividade se apropria da história e propõe uma reflexão sobre o discurso hegemônico veiculado pela mídia de massa”, justifica.
Andréa Tavares traz uma mostra da sua tese de doutorado em Curso de Desenho por Correspondência, uma investigação sobre o desenho, seu ensino e aprendizagem, dentro da tradição ocidental. “O método se baseia em estratégias de edição, colagem, apropriação, tradução e cópia”, argumenta. “Para desenvolver a tese, foram necessárias muitas horas de trabalho, que se tornaram meses e anos. Esse tempo deixou um rastro, não apenas na conclusão dos volumes da tese, mas também materializados nos restos dos trabalhos, nas folhas impressas e xerocopiadas, de fichamentos, artigos, modelos, bonecos, esboços, pequenos objetos; um arquivo múltiplo necessário à função do artista pesquisador.” É esse rastro que a artista procura apresentar na mostra, propiciando uma reflexão sobre os percursos de sua pesquisa e as possíveis investigações sobre o desenho.
Paralelas Cruzadas é o trabalho de Cassia Aranha. “Uma obra híbrida que conecta arte móvel, vídeo, performance, literatura e realidade mista.” Filipe dos Santos Barrocas trouxe a performance O Corpo Neutro – A Leitura em Espaço Expositivo, apresentada no dia 23 de novembro, com duração de 30 minutos.
A artista e arquiteta urbanista Inês Bonduki exibe Linha Vermelha, que articula dois ensaios fotográficos: o interior de vagões do Metrô de São Paulo e a proximidade dos corpos. “O título refere-se à mais longa linha de metrô de São Paulo, que transporta 3 milhões de pessoas todos os dias da periferia para as regiões mais centrais da cidade. Essas pessoas perdem de duas a três horas diárias no deslocamento casa-trabalho-casa. A maioria das imagens foi produzida com um celular, nas horas de lotação mais críticas dessa linha”, explica a artista.
Cidade entre Olhares é o resultado da pesquisa de Julia Mota, que investiga a cidade e suas relações visuais. Algumas imagens são fruto de experimentações no campo da pintura e da gravura desenvolvidas entre 2014 e 2016 que compõem sua dissertação de mestrado.
Tangentes do Jardim Imperfeito é a obra criada por Juliano Gouveia dos Santos. O artista e escritor apresenta um conjunto de três imagens de seu trabalho de mestrado realizado no Programa de Pós-Graduação em Poéticas Visuais. O artista Pedro Hamaya expõe as obras Centro, Bixiga e Brás, Noturno Vila Mariana, Paisagens Fragmentadas e Galpões 2016. Trabalha com a transferência de fotografia, água-tinta e água-forte sobre papel.
Caixilharia e Nunca, O Infinito, Amanhã, Horizonte, Ilusão são as duas obras que Renato Pera traz para a exposição. A primeira é uma espécie de coleção de tipologias de janelas encontradas em pesquisa iconográfica e bibliográfica pela cidade de São Paulo. E a segunda procura se relacionar também com a memória da cidade.
A exposição Pós-Poéticas está em cartaz até 18 de março de 2017, de segunda a sexta-feira, das 9h às 18h, no Espaço das Artes da Escola de Comunicações e Artes (ECA) da USP (rua da Praça do Relógio, 160, Cidade Universitária, São Paulo). Entrada grátis.