Espaço das Artes recebe exposição sobre impressão e fotografia

Em cartaz desta sexta-feira, dia 16, até 10 de setembro, Em Prata, Tinta e Papel é promovida pelo Grupo de Pesquisa em Impressão Fotográfica da Escola de Comunicações e Artes (ECA) da USP

 15/08/2024 - Publicado há 7 meses     Atualizado: 19/08/2024 às 21:02

Texto: Ricardo Thomé*
Arte: Diego Facundini**

Cartaz da exposição "Em Prata, Tinta e Papel"

Foto: Divulgação/GPIF/ECA-USP

A partir desta sexta-feira, dia 16, o Espaço das Artes da USP, na Cidade Universitária, vai receber Em Prata, Tinta e Papel, exposição que reúne obras do Grupo de Pesquisa em Impressão Fotográfica (GPIF). O grupo, que é vinculado ao Departamento de Artes Plásticas da Escola de Comunicações e Artes (ECA) da USP, existe desde 2010 e expõe, pela primeira vez, tamanha variedade de produções. Ao todo, 23 artistas, dentre atuais e antigos membros do grupo e em diferentes etapas da carreira, vão apresentar suas impressões e visões acerca do universo da fotografia e das variações possíveis dentro da impressão de imagens no papel, no tecido ou mesmo em um fotolivro.

A exposição ficará aberta até 10 de setembro, das 10 às 20 horas, e contará com rodas de conversa, em que convidados e mediadores — alguns deles expositores — vão tratar sobre temas relacionados às pesquisas do GPIF, como edição, técnica, memória, cor, impressão e fotografia. As rodas acontecem nos dias 21, 22, 28 e 29 de agosto, além do dia 9 de setembro, das 19 às 21 horas. 

A exposição

O visitante que adentrar Em Prata, Tinta e Papel vai se deparar com diferentes ambientes, entre os quais se destaca, inicialmente, o Turbilhão, como é chamado o salão principal. Nessa sala, o foco não está nos trabalhos finalizados, mas nas etapas de produção e de pesquisa realizadas por cada um dos artistas. Há tiras de impressão de fotografias em diferentes tipos de papel, gráficos de cor de imagens e fotografias, negativos impressos de diferentes formas e em diferentes suportes, bonecos de livro não finalizados e produções que aliam fotografia e gravura, por exemplo. Essas e outras obras, por sua vez, são divididas em três eixos principais: Ensaio fotográfico e edição de livros; Perfis de cor e impressão a jato de tinta e offset digital; e Digitalização de negativos e reprodução de obras de arte.

A primeira imagem mostra a obra de André Coelho em diferentes tipos de impressão. Já a segunda é de Rafael Leão, que usa da colorimetria para fazer um gráfico idiossincrático, isto é, detalhado e específico, sobre as características de sua obra, que inclui uma análise de A Ressurreição de Cristo (Rafaello Sanzio, 1499-1592), exposta no Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand (Masp). A terceira vem com Roger Sassaki, que explora diferentes formas de impressão de negativos, incluindo com tinta a jato. Já a última imagem contém fotos de Marcelo Schellini, que fez um trabalho sobre o islã, e hoje dá aula na Indonésia – Fotos: Marcos Santos/USP Imagens

As demais salas do Espaço das Artes serão compostas com trabalhos finalizados — alguns do Turbilhão, outros feitos em outros contextos. “Na maior parte, são obras bidimensionais, além dos fotolivros expostos. E todos conversam com os conhecimentos que o grupo foi desenvolvendo”, explica André Leite Coelho, um dos expositores.

 

A partir disso, em alguns casos, é possível comparar os trabalhos em suas diferentes fases de desenvolvimento. Gabriela Giannotti, por exemplo, tem em desenhos do céu o seu trabalho inicial, no Turbilhão. No projeto finalizado, a produção aparece em três momentos: desenho em pastel, foto do desenho impressa em alta qualidade e impressão da pintura. 

Foto de André Leite Coelho.

André Leite Coelho - Foto: Academia.eduJ

O antes e o depois da obra de Gabriela Giannotti– Fotos: Marcos Santos/USP Imagens

 O professor João Musa, da ECA, coordenador do GPIF e também expositor, aprofunda a análise de Coelho: “O grande destaque da exposição está na qualidade da impressão. Tem papel industrial, papel fotográfico, papel albuminado, papel da Randy Miller de alta qualidade de impressão para a Hahnemühle FineArt, porque o grupo é exatamente isso: pesquisa em impressão”.

Foto do professor João Musa

O professor João Musa - Foto: Memória.CAP

A obra de André Coelho traz fotos expressivas tiradas no contexto pandêmico e que, juntas, compõem uma narrativa – Foto: Marcos Santos/USP Imagens

Celina Yamauchi, membro do GPIF e expositora, comenta sua obra exposta no Turbilhão, tiras de fotos em diferentes escalas. “A ideia de fazer esses recortes era ver, por exemplo, se em diferentes escalas a cor ficaria igual e verificar a relação com a sombra. É uma construção, uma percepção que você cria”, diz Celina. Na outra sala, ela expõe uma produção diferente, em papel, pendurada a uma alça, presa a um trilho eletrificado. 

Foto de Celina Yamauchi

Celina Yamauchi - Foto: imoreirasalles/Youtube

A obra de Celina Yamauchi – Fotos: Marcos Santos/USP Imagens

Ciclo de conversa

Serão seis as rodas de conversa promovidas pelo GPIF durante a exposição no Espaço das Artes, intituladas Reprodução Fotográfica: diálogos entre técnica e poética (quarta-feira, dia 21); Ensaio fotográfico: edição, memória e impressão (quinta-feira, dia 22); Tirar uma foto? Fazer uma foto? O corpo implicado, o gesto fotográfico (segunda-feira, dia 26); Não ficou como eu via: perfis de cor e impressão (quarta-feira, dia 28); Relações entre imagem e palavra (quinta-feira, dia 29) e Processos históricos de captação e impressão fotográfica (segunda-feira, dia 9). Os encontros acontecem das 19 às 21 horas.

Na segunda roda, André Coelho, que será mediador, enfatiza que “a ideia é conversar com pessoas que lidam muito com a edição de imagens e de ensaios visuais, de conseguir pensar alguns critérios que entram em jogo quando se pensa em um conjunto de imagens que acontece de uma forma narrativa ou sequencial”. Como exemplo, ele cita a convidada Inês Bonduki, expositora, que ganhou o prêmio Foto em Pauta por seu livro Linha VermelhaNa quarta roda, haverá a participação de Eduardo Monezi como convidado. Monezi é responsável pela pré-impressão da Ipsis, uma gráfica de livros de arte. 

A obra de Inês Bonduki foi feita em parceria com Yukie Hori, hoje no Japão, e consiste em fotos que mostram exatamente onde cada uma delas estava e o que estava vendo quando trocou determinada mensagem, funcionando como uma revelação para o visitante a cada mensagem – Foto: Marcos Santos/USP Imagens

Já na conversa Relações entre imagem e palavra, Coelho vai atuar como convidado. “Muita gente no GPIF tem trabalhos que propõem uma interação entre livros de fotografias e escrita poética e literária.” Ele cita como exemplo Matinal, livro de fotografias de sua autoria publicado em 2021. “Na mesma mesa, estará o Felipe Barrocas, que é português e investiga a memória da colonização portuguesa no Brasil”, completa.

A exposição coletiva Em Prata, Tinta e Papel – Pesquisas em impressão fotográfica fica aberta entre os dias 17 de agosto a 10 de setembro, das 10 às 20 horas, com abertura nesta sexta-feira, dia 16, das 18h às 21h30, no Espaço das Artes (Rua da Praça do Relógio, 160, Cidade Universitária, em São Paulo). As rodas de conversa acontecem a partir do dia 21 de agosto até o dia 9 de setembro, em dias específicos, das 19 às 21 horas. Entrada gratuita. O programa completo das conversas está disponível no site do GPIF.

*Estagiário sob supervisão de Roberto C. G. Castro
**Estagiário sob supervisão de Simone Gomes


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