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O Coral da USP (Coralusp) retorna das férias de julho com sua primeira apresentação programada para o dia 11 de agosto, sábado. Nesse dia, dois dos 13 grupos que integram o Coralusp, o 12 em Ponto e o XI de agosto, realizam o concerto Secos e Baianos, com repertório montado a partir de canções dos Secos & Molhados e dos Novos Baianos. A apresentação acontece a partir das 11h30 no Museu de Arte Contemporânea (MAC) da USP (Avenida Pedro Álvares Cabral, 1.301, Ibirapuera, em São Paulo). No dia 18, às 13 horas, os dois grupos repetem a parceria no Senac Lapa Scipião (Rua Scipião, 67, Vila Romana, em São Paulo).
Ainda no dia 11, o grupo Azul do Coralusp canta músicas dos Beatles, numa retrospectiva de seus 20 anos de atividades. O concerto acontece às 16h30 na Fundação Ema Klabin, no Jardim Europa, com reedições nos dias 25, às 11 horas, na Praça Benedito Calixto, em Pinheiros, e no dia 26, às 11h30, na Fundação Maria Luisa e Oscar Americano, no Morumbi.
Todas as apresentações são gratuitas. Para conferir endereços e o calendário completo do conjunto, acesse o site do Coralusp na página da Pró-Reitoria de Cultura e Extensão Universitária da USP.
51 anos de trajetória
O Coralusp foi criado em 1967 por iniciativa de estudantes ligados ao Grêmio da Escola Politécnica (EP) da USP. “O movimento universitário estava em plena ebulição, numa ditadura pré-AI-5, caminhando para o endurecimento das questões políticas do País, e o pessoal da Poli, que até 1964 tinha uma participação ativa no movimento universitário, foi ficando alienado”, lembra José Luiz Visconti, ex-estudante da Escola Politécnica, um dos fundadores do Coral da USP e membro de sua diretoria de 1967 a 1975.
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“A ideia inicial, minha e de algumas pessoas, era uma participação política dentro do movimento universitário”, explica Visconti. “Fomos assumindo algumas funções, desde a comissão de trote até posições no Grêmio. Daí surgiu a ideia de criar um coral, que poderia ter uma participação muito grande na Universidade.”
A primeira encarnação do Coralusp chamava-se Coral Universitário Poli-Enfermagem e reunia estudantes de Engenharia e da Escola de Enfermagem (EE) da USP. A aproximação com os estudantes da área da saúde começou por questões práticas, relata Visconti.
“Quando veio a ideia, surgiu um problema. O coral não seria viável a menos que se formasse um coral apenas masculino, porque a participação das mulheres na Poli era muito baixa na época. No ano em que entrei na faculdade, de 300 alunos admitidos, havia seis ou sete mulheres. Ou seja, tínhamos poucas vozes femininas. Eu tinha uma amiga na Escola de Enfermagem, que nos colocou em contato com o Grêmio daquela faculdade.”
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O primeiro ensaio foi em 3 de junho de 1967 e a primeira apresentação veio três meses depois, com um repertório que incluiu Minha Namorada, de Carlos Lyra e Vinícius de Moraes, Procissão, de Gilberto Gil, Aroeira, de Geraldo Vandré e Xangô, de Heitor Villa-Lobos.
Benito Juarez foi o primeiro maestro do grupo e a garantia de sua permanência fez o coral se expandir. “Em 1967, eu estava como diretor no Grêmio Politécnico”, recorda Visconti. “No ano seguinte, nós perdemos a eleição, a diretoria do Grêmio mudou e não houve mais interesse em continuar pagando o Benito. Se o Grêmio não podia mais bancar o maestro e o Centro Acadêmico da Escola de Enfermagem também não tinha condições, precisávamos buscar recursos. Aí deixamos o nome de Coral Poli-Enfermagem e passamos a ter um universo mais amplo, englobando a Universidade, criando o nome Coral da USP.” A vinculação com a estrutura formal da Universidade viria em 1971, durante a gestão do reitor Miguel Reale.
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Desse período inicial, Visconti recorda a dedicação dos estudantes para garantir a viabilidade do coral. “Um empenho, um amor muito grande do pessoal. Conseguimos empréstimo em banco, gravamos discos e vendemos de porta em porta. Foi um empenho muito grande para manter o trabalho.”
É desse período o começo do reconhecimento público, com o primeiro de cinco prêmios que o coral receberia da Associação Paulista de Críticos de Arte (APCA), em 1969. E também a primeira viagem internacional, em 1972, para os Estados Unidos, participando do 3º Festival Internacional de Coros Lincoln Center. Na turnê, o coral se apresentou em Nova York, Washington, Massachussets, New Hampshire, Vermont, Virgínia e Maryland, sendo considerado pelo jornal The New York Times o favorito do público. “A viagem foi um sucesso”, conta Visconti. “Nós rompemos com aquela postura muito formal de um coral e fomos com umas batas coloridas, com muita cor. Foi um sucesso.”
Hoje sob direção do professor Marco Antonio da Silva Ramos, da Escola de Comunicações e Artes (ECA) da USP, e direção artística da maestrina Marcia Hentschel, o Coral da USP conta com 13 grupos, duas oficinas coral, sete regentes e cerca de 560 coralistas, sediados na Cidade Universitária, na Faculdade de Direito (FD), na Casa de Dona Yá-Yá e no Centro Universitário Maria Antonia (Ceuma). Em 2017, recebeu o Prêmio Colar Guilherme de Almeida, da Câmara Municipal de São Paulo.
Para Visconti, uma das maiores contribuições do Coralusp é aproximar a Universidade da sociedade, uma vez que a participação é aberta ao público. “Já naquela época abrimos a participação, não era preciso ser necessariamente aluno ou funcionário da USP. Essa integração da Universidade com a sociedade era uma ideia nossa.”