
O caminho entre a descoberta de uma molécula com potencial contra determinada doença até o desenvolvimento de um novo medicamento é longo e bastante custoso. Por isso, muitos compostos interessantes podem não ter nem mesmo a chance de percorrê-lo. Nas universidades, onde boa parte da pesquisa brasileira é desenvolvida, a parceria com a indústria pode ser valiosa para um estudo avançar.
Desde o ano passado, a USP vem trabalhando em uma proposta neste sentido que acaba de se concretizar, com a adesão ao Lilly Open Innovation Drug Discovery (OIDD), um programa de inovação aberta para fomento da pesquisa farmacêutica promovido pela multinacional Eli Lilly and Company. O programa conta com quase 400 instituições ao redor do mundo e a USP é a primeira do Brasil a aderir.
Os pesquisadores da Universidade agora têm acesso gratuito a uma plataforma on-line, na qual podem submeter suas moléculas para avaliação. Esse envio é codificado de forma que a empresa não tenha acesso à estrutura da molécula, mas apenas às informações necessárias para uma avaliação por simulação computacional.
Caso a molécula seja considerada interessante, a plataforma solicita ao pesquisador o envio de uma amostra para passar por diversos ensaios, que determinarão seu perfil de atividade biológica e potencial de aperfeiçoamento. Os resultados desses ensaios são disponibilizados apenas ao cientista responsável por meio de sua conta pessoal, que poderá publicá-los em revistas especializadas.
“Há muitos grupos na USP que trabalham com moléculas interessantes, tanto de origem natural quanto sintética. Essa é uma porta muito boa de ingresso nesse mundo, que pode levar sua molécula para frente”, comemora a professora Elizabeth Igne Ferreira, a primeira pesquisadora da USP a se cadastrar na plataforma. Foi ela a principal responsável pela parceria com a Lilly e quem procurou a Agência USP de Inovação para que a Universidade passasse a figurar no mapa do programa.
Resultados e parcerias

Se os resultados dos ensaios biológicos interessarem à Lilly, o pesquisador pode ser procurado para estabelecer um acordo de colaboração e dar continuidade aos estudos. A decisão de prosseguir ou não nessa etapa cabe apenas a ele.
O professor da USP pode contar com o apoio da Agência USP de Inovação para discutir as questões de propriedade intelectual envolvidas no desenvolvimento do projeto.
Segundo a professora Elizabeth, que é pesquisadora da Faculdade de Ciências Farmacêuticas (FCF) da USP, muitos tratam com desconfiança a parceria com a indústria, mas a questão da propriedade intelectual é colocada de forma clara pelo Open Innovation. “Não basta ficarmos só em tese, em papers. O estudo precisa seguir e o resultado chegar à sociedade, que investe em nossas pesquisas, e essa é uma forma de dar o retorno devido”, afirma.
Faça parte
Os pesquisadores da USP interessados em participar do Open Innovation Drug Discovery devem consultar as informações sobre o programa no site e preencher o formulário. Após o preenchimento, é solicitado notificar a Agência USP de Inovação pelo email transtec@usp.br, pelo qual é possível também esclarecer dúvidas.
Mais informações: site http://inovacao.usp.br/projetos-vigentes/lilly/