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Pesquisadores instalaram sistema em aviário da USP em Pirassununga - Foto: Arquivo pessoal do pesquisador
Sistema que controla clima de aviário pode evitar perdas na produção de frangos
Rede inteligente desenvolvida na USP monitora de forma remota a temperatura e a umidade das instalações, evitando que os animais morram de frio ou calor; tecnologia reduziu em quase 80% o consumo de energia elétrica
Por Redação
18/11/2020
No Brasil, os aviários convencionais geralmente sofrem com as altas temperaturas e baixos índices de umidade do ar no interior de suas instalações, o que pode gerar estresse nas aves ou até levá-las à morte, acarretando quedas na produção. Diante da constante busca por produtos diferenciados e com mais qualidade, encontrar soluções que promovam o bem-estar dos animais de corte e otimizem a cadeia produtiva, reduzindo custos, torna-se cada vez mais essencial. Por isso, pesquisadores da USP em São Carlos e em Pirassununga desenvolveram um sistema inteligente de controle térmico capaz de monitorar em tempo real as condições climáticas de um aviário utilizando um conjunto de sensores sem fio, responsáveis por medir a temperatura e umidade do ar, além da incidência de radiação solar no ambiente.
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Todos os dados são armazenados na internet e interpretados por um programa de computador que avalia a situação térmica do aviário. Com base nessa análise, o software define as ações que devem ser tomadas enviando comandos para dispositivos eletrônicos (módulos atuadores) conectados a objetos do local, os quais são controlados a distância. “O sistema consegue interagir com o aviário ligando e desligando ventiladores, fechando ou abrindo cortinas, tudo de forma remota, fazendo com que os índices de temperatura e umidade se aproximem ao máximo do ideal naquele instante, proporcionando maior conforto térmico aos frangos, de acordo com a idade das aves em produção”, explica Marcelo Eduardo de Oliveira, autor da pesquisa de doutorado realizada no Programa de Pós-Graduação em Ciências da Engenharia Ambiental (PPG-SEA) da Escola de Engenharia de São Carlos (EESC) da USP.
Segundo o cientista, o processo automatizado é mais eficiente, econômico e preciso que o método manual, no qual os produtores precisam se deslocar várias vezes ao dia até o aviário e se baseiam apenas em termômetros para medir a temperatura e umidade, ferramentas bem menos precisas que os sensores. Além disso, como no modelo tradicional o monitoramento não é feito de forma constante, os índices podem se alterar rapidamente, gerando riscos para as aves.
“Nós programamos nosso sistema para fazer a coleta de dados a cada três minutos, podendo ligar ou desligar qualquer aparelho, caso seja necessário. É uma gestão mais eficiente do aviário e que gera economia, tanto que durante nossos experimentos foi registrada uma redução de quase 80% no consumo de energia elétrica”, revela Marcelo, que teve sua pesquisa financiada pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes).
Ventilador de aviário é controlado de forma remota por sistema desenvolvido na USP. Foto: Arquivo pessoal do pesquisador
Na prática
As condições ambientais, em especial a temperatura e umidade do ar, têm grande interferência no bem-estar, na mortalidade e no desempenho de frangos de corte, sendo que índices inadequados desses marcadores no interior das instalações podem limitar a produtividade das aves, afetando o desempenho final do lote e comprometendo os aspectos econômicos da atividade. A temperatura ideal no interior de aviários para aves adultas deve oscilar entre 15 e 28 ºC, com a umidade relativa do ar variando de 40 a 80%.
Em caso de altas temperaturas, software pode ligar quantos ventiladores e climatizadores forem precisos - Foto: Arquivo pessoal do pesquisador
Sensores medem temperatura e umidade de aviário - Foto: Arquivo pessoal do pesquisador
Cenário positivo:
A reprodução de matérias e fotografias é livre mediante a citação do Jornal da USP e do autor. No caso dos arquivos de áudio, deverão constar dos créditos a Rádio USP e, em sendo explicitados, os autores. Para uso de arquivos de vídeo, esses créditos deverão mencionar a TV USP e, caso estejam explicitados, os autores. Fotos devem ser creditadas como USP Imagens e o nome do fotógrafo.