Foto: André Tambucci/ Fotos Públicas

Foto: André Tambucci/ Fotos Públicas

Minhocão como parque estimula a prática de atividades físicas, mostra estudo da USP

Dados coletados mostram que a transformação do elevado Presidente João Goulart em parque estimula pessoas de diferentes idades e perfis socioeconômicos a realizarem atividades físicas e de lazer

Arte: Cleber Siquette
13/11/2020

O fechamento do elevado Presidente João Goulart – popularmente conhecido como “Minhocão” nos finais de semana, quando é transformado em parque, ajuda a estimular a prática de atividade física dos moradores da região. Esse é um dos resultados de um estudo realizado pelo pesquisador Rodrigo Nogueira, do Laboratório de Hemodinâmica da Atividade Motora da Escola de Educação Física e Esporte (EEFE) da USP.

Localizado na zona central da capital paulista, o elevado Presidente João Goulart, o Minhocão, tem horário restrito para o trânsito de veículos. Em 1989, a Prefeitura determinou a interdição da via de segunda a sexta-feira, das 21 às 6 horas. Em 2018, o Parque Municipal do Minhocão foi sancionado pela Lei nº 16.833 e, desde então, foram ampliados seus horários de funcionamento para a prática de atividades físicas, culturais e de lazer. A via fica interditada durante todo o fim de semana.

Em longo prazo, existe a possibilidade de que o viaduto seja definitivamente fechado para os carros e se torne um parque linear em tempo integral. Porém, há um longo caminho até que isso aconteça. Recentemente, foi proposta a aplicação de um plebiscito à população paulistana sobre o assunto, mas essa transformação envolve muitos fatores. A pesquisa do Laboratório de Hemodinâmica da Atividade Motora da EEFE ajuda a elucidar um dos pontos positivos do possível estabelecimento definitivo do parque suspenso: a promoção da saúde da população da região por meio do estímulo à prática de atividade física.

A equipe de pesquisadores, liderada pelo educador Bruno Modesto, sob orientação da professora Cláudia Forjaz, realizou entrevistas com 265 pessoas frequentadores do parque nos dias 14 de setembro e 20 de outubro. Os participantes responderam um questionário, fizeram medidas clínicas e receberam orientação sobre a prática de atividade física para a melhora da saúde e da qualidade de vida.

Pessoas - pesquisadores com blusas amarelas um do lado do outro
Foto: cedida pelo pesquisador

A maioria dos respondentes era formada por adultos entre 18 e 59 anos, com nível de escolaridade superior e de diferentes classes sociais. Mais de 75% das pessoas moravam próximo ao parque, entre 500 metros (m) e 1000 m. A maioria usava a via para realizar atividades físicas (85%), principalmente caminhar ou correr. Muitos usuários (62%) também afirmaram que a recente ampliação do horário de funcionamento do local aumentou sua motivação para a prática física.

De acordo com os pesquisadores, os dados sugerem que a ressignificação da via em um parque linear fornece oportunidades para mulheres e homens de diferentes idades e perfis socioeconômicos a realizarem atividades físicas. “Esse é um efeito importante para se atingir as metas governamentais de enfrentamento de doenças crônico-degenerativas por meio da diminuição da inatividade física”, explica Modesto. 

Estudos anteriores

Desde 2000, um monitoramento semelhante é realizado pela EEFE no Parque Dr. Fernando Costa (Parque Estadual da Água Branca). No local, o grupo supervisionado por Modesto, com o auxílio da educadora Teresa Bartholomeu, realiza o “Projeto Exercício e Coração”. Criado para orientar e prescrever a prática segura de atividade física para frequentadores de locais públicos que se exercitam sem a supervisão de um profissional da área da Educação Física, o programa é coordenado pela professora Cláudia Forjaz.

Levantamento realizado pela equipe aponta que, assim como no Parque do Minhocão, os frequentadores do Parque da Água Branca utilizam o espaço, principalmente, para a realização de atividade física, especialmente a caminhada.

Pessoas Barraca viaduto pesquisa Foto: cedida pelo pesquisador
Foto: cedida pelo pesquisador

Nas duas áreas, a maior parte dos frequentadores é fisicamente ativa (60% do Minhocão e 56% da Água Branca), estatística acima da média brasileira (39%) e do estado de São Paulo (35%).  “Não é possível atribuir essa maior proporção de pessoas ativas à existência dos parques, mas a disponibilidade destes espaços pode ter incentivado a realização de exercícios, já que em ambos os locais a utilização é, basicamente, para a prática de atividades físicas de lazer”, ressalta o educador.

“É interessante observar que as pessoas que frequentam cada um desses locais são diferentes. No Parque Minhocão predominam adultos jovens e de meia idade, enquanto que no Parque da Água Branca predominam usuários de idades mais avançadas. Essa diferença sugere que esses parques se complementam no atendimento à população local”, finaliza Claudia.

Com informações da Seção de Relações Institucionais e Comunicação da EEFE – e-mail comunicaeefe@usp.br


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