Estudo revela desigualdade regional na distribuição de médicos pelo Brasil

Uma outra constatação do estudo “Demografia Médica no Brasil 2020”, coordenado por Mario Scheffer, é que os médicos continuam concentrados nos grandes centros em detrimento das pequenas cidades

 16/12/2020 - Publicado há 4 anos
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Fruto do acordo de cooperação técnica entre o Departamento de Medicina Preventiva da Faculdade de Medicina da USP (FMUSP) e o Conselho Federal de Medicina (CFM), foi recentemente lançado o estudo Demografia Médica no Brasil 2020. O estudo tem como objetivo atualizar os conhecimentos acumulados na última década, trazendo novas informações sobre os médicos e seu exercício profissional, além de sistematizar dados sobre a demografia, formação e trabalho na medicina.

O estudo sai em um momento em que o profissional de medicina está em voga devido ao contexto pandêmico vivenciado este ano. “Essa tragédia da pandemia relembrou aos países, aos sistemas de saúde, em um momento de demanda excepcional e de fragilidade na oferta de serviços, o quão fundamentais são os médicos e os demais recursos humanos”, comenta Mario Scheffer, professor do Departamento de Medicina Preventiva da FMUSP e coordenador do projeto.

De qualquer forma, o professor relembra, em entrevista ao Jornal da USP no Ar, que o Brasil passou a contar com mais de 500 mil médicos este ano, e isso é um acréscimo que vai continuar nos próximos anos. Mesmo com esse aumento, a desigualdade com relação à concentração demográfica desses profissionais ainda não foi reduzida, além de uma distribuição ruim no sistema de saúde. “O estudo conclui que os médicos continuam concentrados nos grandes centros”, relata Scheffer. De acordo com o estudo, as 50 cidades com mais de 500 mil habitantes são aquelas que concentram 60% dos médicos. A desigualdade não fica apenas na questão regional, mas também na distribuição do sistema, com uma distribuição de médicos maior no setor privado da saúde, setor este que atende apenas 1/4 da população.                       

Para o professor, o Sistema Único de Saúde (SUS) deve ser preservado a qualquer custo, até para a inserção do médico no sistema de saúde. Com a garantia do funcionamento do SUS, o que significa um maior financiamento, uma ampliação das estruturas públicas em quantidade e qualidade, haverá também uma manutenção desses profissionais no setor público, evitando essa maior evasão para o setor privado, que atende a uma menor taxa da população. De acordo com Scheffer, a garantia na qualidade da formação do médico é outro dado que deve ser priorizado, desde a graduação até a especialização, pois, mesmo com o aumento na quantidade de médicos, isso não quer dizer que o nível de qualidade seguiu os mesmos passos.

 


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