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Efeito do câncer de mama sem interferência de medicamento é detalhado em estudo com animais
Camundongos sofreram atrofia em órgãos e tecidos musculares, desencadeada pelo aumento do processo de morte celular programada
Fotomontagem Jornal da USP com imagens de: Anatomy, physiology and hygiene/Internet Archive Book Images via Wikimedia Commons/Domínio público; The breast: its anomalies, its diseases, and their treatment/Internet Archive Book Images via Wikimedia Commons/Domínio público; Cyclopædia of obstetrics and gynecology/Internet Archive Book Images via Wikimedia Commons/Domínio público
Os efeitos do câncer de mama quando ainda não é feita a administração de medicamentos são detalhados em estudo conduzido por pesquisadores da Escola de Educação Física e Esporte (EEFE) da USP. Por meio de experimentos realizados em animais, foi detectada atrofia do coração, músculos e pulmão causada por aumento do processo de morte celular programada na ausência do medicamento doxorrubicina, usado no tratamento da doença. As descobertas do estudo contribuirão para entender os mecanismos relacionados a evolução do câncer de mama nos pacientes.
O câncer de mama é uma doença cuja incidência e mortalidade aumentaram significativamente nas últimas décadas, apresentando um grande desafio para a medicina. A pesquisa, realizada estudo pelo pós-doutorando Alex Cleber Improta Caria sob a orientação da professora Edilamar Menezes de Oliveira, teve como objetivo investigar efeitos da doença pouco estudados diretamente em seres humanos, uma vez que o tratamento farmacológico geralmente começa logo após o diagnóstico. Por essa razão, o trabalho foi realizado em um modelo animal, permitindo observar os impactos da doença no coração sem a interferência de medicamentos.
Os experimentos foram realizados em camundongos, analisando principalmente as células do tecido cardíaco. Os animais foram divididos em dois grupos. O primeiro se manteve saudável para estabelecer o grupo de controle. Já no segundo grupo, foram inoculadas células tumorais na mama. Após esse tumor crescer e se desenvolver, os pesquisadores observaram os efeitos no coração em comparação aos animais saudáveis. Além disso, foram feitas análise da expressão gênica e, posteriormente, análise da expressão proteica no coração dos camundongos. O estudo mostrou uma atrofia não só do coração, mas também de músculos esqueléticos. O coração com câncer diminuiu em tamanho e em peso, assim como o pulmão e outros músculos das pernas dos animais. De acordo com os pesquisadores, essa atrofia muscular é ocasionada por uma modificação na expressão de proteínas.
Morte programada
O processo de reconstituição (fibrose) e morte programada de células (apoptose) é feito por alguns tipos de proteínas. Sua formação ocorre quando um RNA mensageiro copia uma parte do DNA (expressão gênica) e leva até um ribossomo, onde o código genético será traduzido em uma proteína (expressão proteica). Para entender os motivos desses fenômenos observados nas células dos animais com câncer, o trabalho fez uma análise da expressão gênica e proteica nos animais. Foi observado um aumento na expressão de genes associados à fibrose como TGF beta e colágeno-1 no coração.
A partir disso, era esperado um aumento dos genes pró-apoptóticos, ou seja, que levariam à morte programada de células. Ao passar para a análise da expressão proteica, o pesquisador observou um aumento das proteínas pró-apoptóticas. Por outro lado, houve uma diminuição das proteínas que inibem a apoptose nos grupos com câncer de mama. Isso indica que houve um aumento na expressão proteica, mas não na expressão genética. Segundo o autor, entre o momento em que o gene é sintetizado até ele ser traduzido para uma proteína, existem vários outros passos a serem percorridos. Dentre esses passos, ocorre a epigenética, que é uma regulação nos genes que pode ativar e desativar a expressão de genes específicos. Esse processo epigenético pode ter modificado esse resultado, mas ainda é incerto o que gera essa diferença.
A pesquisa concluiu que o câncer de mama, por si só, gera uma atrofia do coração e de outros órgãos e tecidos musculares por meio de apoptose aumentada e a de anti-apoptose reduzida. O trabalho foi premiado como “Melhor Pesquisa Básica” no 44° Congresso da Sociedade de Cardiologia do Estado de São Paulo. Para saber mais sobre a pesquisa, intitulada, “Modelo experimental de Câncer de Mama induz atrofia cardíaca através de via de sinalização de apoptose” acesse o site da Sociedade de Cardiologia do Estado de São Paulo (SOCESP), neste link.
Edilamar Menezes de Oliveira e Alex Cleber Improta foram premiados como “Melhor Pesquisa Básica” no 44° Congresso da Sociedade de Cardiologia do Estado de São Paulo. Foto: Divulgação/EEFE
*Estagiário sob supervisão de Paula Bassi, da Seção de Relações Institucionais e Comunicação da EEFE. Adaptado por Júlio Bernardes
**Estagiário sob supervisão de Moisés Dorado
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