Os resultados da pesquisa sugerem que, quanto mais a empresa trata o assunto, menor a possibilidade de ela se envolver com as práticas de corrupção. Além disso, empresas envolvidas em escândalos de corrupção que reagiram ao fato, divulgando informações, reverteram, ao menos em parte, a queda do valor de mercado. Foto: Pixabay

Transparência nas informações é uma importante ferramenta anticorrupção nas empresas

Pesquisa realizada na FEA-RP sugere que a transparência da empresa sobre suspeitas de corrupção é benéfica e ajuda a prever e a evitar novos casos, além de reduzir perdas do valor de mercado

 17/05/2022 - Publicado há 2 anos

Texto: Karla Rodrigues

Arte: Rebeca Fonseca

No mundo corporativo, o envolvimento com notícias de corrupção ameaça a reputação de empresas e, consequentemente, a perda no valor de mercado. Contudo, com políticas anticorrupção, abordagem do tema e transparência na divulgação de informações, esse cenário pode ser recuperado, fazendo da comunicação uma importante ferramenta anticorrupção, sugere pesquisa da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade de Ribeirão Preto (FEA-RP) da USP. 

Segundo o contador e autor do estudo, Eduardo de Brito, quanto mais a empresa trata o assunto, menor a possibilidade de ela se envolver com as práticas de corrupção. Além disso, empresas envolvidas em escândalos de corrupção que reagiram ao fato, divulgando informações, reverteram, ao menos em parte, a queda do valor de mercado.

Para Sílvio Hiroshi Nakao, professor da FEA-RP e orientador da pesquisa, ao adotar essa medida, as empresas podem ser beneficiadas. “A transparência da empresa em relação às suspeitas de corrupção acaba sendo benéfica para ela depois dessas notícias, ainda que de fato tenha se envolvido em corrupção”, explica.

Índice mede risco de envolvimento em corrupção

Silvio Hiroshi Nakao – Foto: Reprodução

Para chegar a essa conclusão, os pesquisadores utilizaram um índice contábil desenvolvido pela professora Kerstin Lopatta, da Universidade de Hamburgo, Alemanha, para analisar relatórios anuais com as demonstrações financeiras de 100 empresas brasileiras, sendo que 22 estavam envolvidas em casos de corrupção e 78, não. O índice mede o risco de envolvimento da empresa em corrupção e consiste em identificar palavras e expressões relacionadas a estes eventos ilegais.

No total, obtiveram uma lista composta por 422 palavras e 39 expressões e observaram que as empresas que tinham mais palavras relacionadas ao tema corrupção em seus relatórios contábeis estavam classificadas como mais transparentes e, automaticamente, mais confiáveis.

Os pesquisadores utilizaram um índice contábil desenvolvido pela professora Kerstin Lopatta, da Universidade de Hamburgo, Alemanha, para analisar relatórios anuais com as demonstrações financeiras de 100 empresas brasileiras, sendo que 22 estavam envolvidas em casos de corrupção e 78, não. Foto: Marcos Santos / USP Imagens

Apesar disso, Brito alerta que ainda não se tratam de resultados conclusivos e que representam apenas um recorte do cenário nacional, mas destaca que a análise pode ajudar o mundo empresarial. “Nossa pesquisa contribui para que empresas usem os resultados para prever e evitar se envolver em casos de corrupção”, completa.

A pesquisa de doutorado de Eduardo Brito, A relevância da divulgação contábil sobre a suspeita de envolvimento em corrupção, foi apresentada à FEA-RP em dezembro de 2020.

Mais informações: shnakao@usp.br, com o professor Silvio Nakao

Ouça no player abaixo entrevista dos pesquisadores ao Jornal da USP no Ar, Edição Regional.

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