As serpentes perderam suas patas progressivamente ao longo da evolução mais de 200 vezes. Mas os cientistas descobriram os mecanismos genéticos envolvidos nessa alteração. Uirá Souto Melo, geneticista do Centro de Pesquisa sobre o Genoma Humano e Células Tronco da USP, conta como realizou boa parte dos experimentos, feitos durante seu doutorado no Laboratório Nacional de Lawrence Berkeley, na Califórnia.
[embedyt] https://www.youtube.com/watch?v=OrwFc7JlFT8[/embedyt] (0:35 o correto é ‘ENHANCER’)Os pesquisadores substituíram parte do DNA de camundongos por uma sequência equivalente a de uma cobra, mudança que foi suficiente para “serpentizar” o ratinho. A descoberta sugere que uma pequena sequência do DNA, conhecida como ZRS, perdeu sua capacidade de suportar o crescimento do membro durante a evolução das cobras. Mas esse mesmo ZRS guardou a capacidade de recapitular a função de formação das patas em diversos animais, incluindo morcegos, golfinhos e até celacantos – uma espécie fóssil de peixe que preservou sua morfologia praticamente inalterada por cerca de 70 milhões de anos.
O resultado complementar das pesquisas apontou que 17 pares de bases de uma sequência do DNA da cobra estava deletado. Nos testes com os camundongos, a reposição desse trecho do DNA resultou no desenvolvimento normal dos membros.
Reportagem: Tabita Said/Núcleo de Divulgação Científica da USP
Imagens: Bruna Larotonda e Tabita Said | Edição: Caio Antônio.