Monumento nacional de um dos primeiros engenhos de açúcar do país, Ruínas do Engenho São Jorge dos Erasmos, em Santos (SP), terão videomapping, passarelas e torre de observação. Sítios históricos e arqueológicos serão mapeados em cinco cidades

O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) irá destinar R$ 3,5 milhões para projeto de revitalização das Ruínas Engenho São Jorge dos Erasmos, na cidade de Santos, e mapeamento dos sítios históricos e arqueológicos em cinco municípios da Baixada Santista. O lançamento do projeto acontece no próximo dia 7 de abril, às 15h, no auditório do órgão (Rua Alan Ciber Pinto, 96, Zona Noroeste, Santos).
Verdadeiro “museu a céu aberto”, o Monumento Nacional Ruínas Engenho São Jorge dos Erasmos é o marco histórico de um dos primeiros “engenhos de açúcar” construídos no país e o único exemplar arquitetônico do século XVI na modalidade “engenho de açúcar” que ainda preserva reconhecida autenticidade.
O projeto de restauração compreende a construção de plataformas, passarelas e torre de observação, além da instalação do sistema de projeção audiovisual (videomapping). Com as passarelas, o objetivo é ampliar o acesso ao espaço sem danificá-lo, uma vez que permitirá a circulação de visitantes e pesquisadores sem qualquer dano ao sítio arqueológico.
“As passarelas possibilitarão ampliar o volume de visitas sem comprometer o terreno, além de permitirem que o trabalho arqueológico seja retomado”, explica a diretora das Ruínas do Engenho, Vera Lúcia Amaral Ferlini, e professora do Departamento de História da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH). Com um mirante de 16,25 metros de altura, a torre de observação terá quatro pavimentos e área total de 546 metros quadrados.
O espetáculo de luz e som será projetado sobre as estruturas das ruínas, acompanhado de narrativa simultânea sobre a história da economia do açúcar. O videomapping é uma técnica de projeção em superfícies diversas, tais como estruturas de grandes dimensões, monumentos históricos e fachadas de prédios. A atração permitirá a ampliação do uso e do horário de visitação do espaço, incorporando-o ao circuito turístico da cidade.

Sítios arqueológicos
Em parceria com o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), a Universidade irá realizar o mapeamento dos sítios históricos e arqueológicos de cinco municípios da Baixada Santista: Santos, São Vicente, Guarujá, Praia Grande e Bertioga. O objetivo é verificar a existência de sítios arqueológicos semelhantes às ruínas do Engenho dos Erasmos na região.
O trabalho abrange o diagnóstico das áreas de interesse, o levantamento de documentação referente aos bens selecionados, estudo das condições de cada bem, elaboração preliminar de roteiros de visitas, produção de materiais de apoio e divulgação e educação patrimonial.
A dotação do BNDES poderá ser utilizada em 36 meses. O complexo de torres e passarelas tem conclusão prevista em 24 meses. O espetáculo de luz e som deverá ser iniciado em 12 meses. A pesquisa para mapeamento de sítios históricos e arqueológicos começará em maio próximo.
As Ruínas
A expedição de Martim Afonso de Souza e a fundação da Vila de São Vicente, em 1532, marcam o início da manufatura açucareira de larga escala no Brasil. A construção deste e de outros engenhos de açúcar na região testemunham esse propósito. Em sociedade com comerciantes portugueses e flamengos, Martim Afonso mandou construir um engenho, inicialmente conhecido como Engenho do Governador ou Engenho do Trato. Em 1540, foi vendido a Erasmo Schetz.
Os Schetz distribuíam seus produtos por toda a Europa e tinham ligações de caráter comercial com italianos, holandeses, franceses, portugueses e alemães. O período de apogeu do Engenho foi sob a direção da família Schetz. Católicos e ligados aos jesuítas, os Schetz ergueram uma capela dedicada a São Jorge. O Engenho passou a ser conhecido como “dos Erasmos” ou “São Jorge dos Erasmos”. Vários fatores contribuíram para a decadência do Engenho, vendido em 1620: concorrência do açúcar do Nordeste, ataques piratas, desinteresse comercial dos Schetz. Em menor escala, continuou produzindo cana para exportação, além de rapadura e aguardente para consumo interno.
Depois de uma sucessão de diversos proprietários e um longo período de quase esquecimento, na década de 1950, sua importância como documento histórico, arquitetônico e tecnológico passou a ser reconhecida. Os terrenos com as ruínas foram adquiridos por Otávio Ribeiro de Araújo, que loteou a propriedade e doou o Engenho São Jorge dos Erasmos à FFLCH, em 1958.
Em 2009, após trabalhos de restauração e reflorestamento, foi inaugurado o edifício da Base Avançada de Cultura e Extensão, com amplo espaço para pesquisas e atividades educativas e culturais.
(Com informações da Divisão de Comunicação Institucional da Pró-Reitoria de Cultura e Extensão Universitária / Fotos: Divulgação)