
Um estudo profundo da corrida global para liderar o movimento de energia limpa, abordando uma gama de questões que vão desde geopolítica e economia até justiça social. Essa é a tônica do documentário Catching the Sun (EUA/2015), dirigido pela ativista ambiental norte-americana Shalini Kantayya. A produção vai além de uma simples exploração da energia solar como uma alternativa viável aos combustíveis fósseis. O filme apresenta uma variedade de personagens: um trabalhador americano desempregado, um ativista do Movimento Tea Party e um empresário solar chinês. Cada um deles representa uma faceta da complexa tapeçaria que é a transição global para a energia limpa no século 21.
A análise é do professor Fernando de Lima Caneppele, da Faculdade de Zootecnia e Engenharia de Alimentos (FZEA) da USP, em Pirassununga (SP). Para ele, a narrativa do documentário é habilmente construída em torno da premissa de que a energia solar não é apenas uma alternativa ecológica, mas também uma solução econômica e social. O filme segue dois projetos paralelos: um nos Estados Unidos, focado em treinar residentes de bairros carentes da Califórnia para instalar painéis solares, e outro na China, onde um empresário bem-sucedido desenvolve e exporta tecnologias solares. “A comparação entre os dois é reveladora e um tanto desanimadora. Enquanto o projeto americano enfrenta obstáculos políticos e corporativos, o chinês prospera graças ao forte investimento estatal, mostrando como as políticas governamentais podem fazer ou quebrar iniciativas de energia limpa”, afirma.
Mas o documentário não se limita a discutir a energia solar em uma escala macro. Ele também destaca os benefícios em nível local e comunitário. “Mostra como a autossustentabilidade energética pode transformar comunidades inteiras, oferecendo uma nova vida a áreas economicamente deprimidas”, diz o professor.
A energia solar não é apenas uma questão de salvar o planeta. Ela tem o potencial de criar empregos, economizar recursos e melhorar a qualidade de vida de famílias carentes. “Este aspecto do filme é particularmente tocante, pois humaniza a questão da energia limpa, mostrando que suas vantagens vão além das estatísticas e dos gráficos”, sinaliza.
Em resumo, Catching the Sun é mais do que um documentário sobre energia solar, é um apelo à ação. “Ele nos desafia a olhar além das manchetes e das políticas partidárias para ver o verdadeiro potencial da energia solar como uma força para o bem em múltiplas dimensões da vida humana. Se há uma lição a ser tirada do filme, é que a transição para a energia limpa não é apenas uma inevitabilidade técnica, mas uma escolha moral e social, que tem o poder de transformar nosso mundo para melhor”, conclui. O documentário está disponível no YouTube.
A Série Energia tem apresentação do professor Fernando de Lima Caneppele (FZEA) que coproduziu este episódio com Ferraz Júnior e edição da Rádio USP Ribeirão. Você pode sintonizar a Rádio USP Ribeirão Preto em FM 107,9, pela internet em www.jornal.usp.br ou pelo aplicativo no celular para Android e iOS.