“Série Energia”: Agenda anti-woke impõe mudança de foco na transição energética

Preocupações sociais e ambientais estão dando lugar a uma abordagem mais pragmática e centrada em resultados econômicos nas empresas de energia

 Publicado: 28/02/2025 às 13:00     Atualizado: 06/03/2025 às 22:44
Imagem é uma fotografia de um incêndio de mata na Amazônia
Questão ambiental cede lugar à rentabilidade na condução da transição energética – Foto: Sérgio Vale/Amazônia Real via Flickr – CC BY-NC-SA 2.0
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Neste episódio da série Energia o professor Fernando de Lima Caneppele, da Faculdade de Zootecnia e Engenharia de Alimentos (FZEA) da USP em Pirassununga, aborda a crescente cultura anti-woke e seu impacto na transição energética, um tema que tem ganhado destaque à medida que empresas em todo o mundo reavaliam suas prioridades em um cenário político e econômico em transformação. Segundo o professor,  a cultura woke, originalmente associada à conscientização sobre questões sociais e ambientais, tem sido um pilar para muitas empresas do setor de energia, especialmente na promoção de iniciativas sustentáveis e de justiça social.

A expressão woke (em tradução livre, do inglês, significa acordado) surgiu na comunidade afro-americana, no movimento Black Lives Matter, em 2013. Originalmente, diz o professor, queria dizer “estar alerta para a injustiça racial”, mas o termo generalizou-se e passou a representar uma forma de protesto não violento de grupos historicamente marginalizados da sociedade para corrigir comportamentos padrões de todo tipo de discriminação, inclusive ambiental.

Neste episódio, o professor presenta um estudo de 2024 realizado pelo Energy Institute que revelou que muitas das empresas de energia reduziram a ênfase em questões de justiça social em suas comunicações corporativas ao longo do último ano e que o investimento em projetos de energia renovável desacelerou em algumas regiões, com uma queda de 10% no financiamento para projetos solares e eólicos na América do Norte no ano passado. Esses números sugerem uma mudança de foco, onde preocupações sociais e ambientais estão dando lugar a prioridades mais imediatas. 

Na sua análise, Caneppele diz que “a cultura anti-woke pode representar um novo paradigma, onde o pragmatismo econômico prevalece, mas também levanta perguntas sobre os custos a longo prazo”. E questiona:  – “Será que a busca por resultados imediatos compromete os objetivos de sustentabilidade? Ou uma abordagem mais focada e menos ideológica pode acelerar a inovação necessária para um futuro energético sustentável? Essas questões continuarão a moldar o debate nos próximos anos.” 

A Série Energia tem apresentação do professor Fernando de Lima Caneppele (FZEA), que produziu este episódio com Murilo Miceno Frigo, discente de doutorado e professor do Instituto Federal do Mato Grosso do Sul (IFMS). A coprodução é de Ferraz Junior e edição da Rádio USP Ribeirão. Você pode sintonizar a Rádio USP Ribeirão Preto em FM 107,9, pela internet em www.jornal.usp.br ou pelo aplicativo no celular para Android e iOS.


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