
O turismo sustentável busca diminuir os impactos negativos ao meio ambiente através do uso responsável dos recursos naturais e culturais. Essa prática vem crescendo no Brasil nos últimos anos, refletindo a preocupação crescente com a preservação ambiental e o desenvolvimento socioeconômico das comunidades locais. Entretanto, outras regiões do planeta enfrentam situação oposta. Cidades como Barcelona, na Espanha, e Tóquio, no Japão, sofrem com o excesso de turistas e tentam encontrar uma forma de controlar a grande demanda de visitação.
“As cidades que estão sobrecarregadas, precisam considerar questões de gestão da sua infraestrutura, o tipo de turista que deseja receber e se organizar para isso. Também é necessário criar estratégias para distribuir a visitação ao longo do ano e se articular com outros destinos para que esse fluxo de turistas possa ser dividido”, explica a professora e coordenadora do curso de Turismo da Escola de Comunicações e Artes (ECA) da USP, Karina Solha.
Em 2019, a cidade de Veneza, na Itália, implementou uma taxa de cinco euros para entrada na cidade como uma medida para controlar o fluxo de turistas. Para evitar problemas semelhantes como adotar restrições, multas e proibições, as comunidades brasileiras estão tomando precauções adicionais para garantir que o turismo não cause impactos negativos ao meio ambiente e à cultura local.
“As primeiras preocupações que vão aparecer são com resíduos sólidos, com a água e questões básicas de infraestrutura, além de conscientizar e sensibilizar esse visitante para que seu comportamento seja adequado”, afirma Karina.
Melhorias e projeções
Além do objetivo de contribuir com o meio ambiente, as pequenas comunidades estão implementando iniciativas sustentáveis como forma de atrair turistas. A cidade de Navegantes, em Santa Catarina, por exemplo, foi premiada em 2023 pela organização holandesa Green Destinations, que destaca as 100 histórias de sucesso que inspiram líderes do turismo responsável. O projeto da cidade promoveu a recuperação da vegetação na orla do mar com foco em educação ambiental e sustentabilidade, além de possuir uma grande área de preservação da vegetação, permitindo assim que a região urbana central coexista com o litoral de maneira sustentável. Além da cidade catarinense, outras sete pequenas cidades brasileiras também foram premiadas.
Apesar do crescimento turístico, o Brasil, diferentemente das cidades europeias e asiáticas, enfrenta desafios para implementar e consolidar de vez a prática sustentável. Segundo a professora, “nosso grande desafio é ter uma política em que esse aumento do fluxo possa estar distribuído pelos diferentes destinos brasileiros, nós temos uma grande capacidade para receber turistas nacionais e internacionais”.
A fim de garantir o crescimento e a afirmação da sustentabilidade turística, Karina detalha que “dentro do Ministério do Turismo algumas equipes trabalham exclusivamente com questões de sustentabilidade e a influência das mudanças climáticas no turismo. Através disso, está gerando suporte para novas políticas públicas em algumas ações serem implementadas”, conclui.
Simpósio sobre Turismo Sustentável
A fim de estimular a discussão sobre aspectos de sustentabilidade no turismo, a Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade de Ribeirão Preto (FEA-RP) da USP vai sediar, em maio de 2025, um Simpósio Mundial de Turismo Sustentável. O evento é voltado a todos os interessados no setor do turismo. Para os organizadores, devido ao crescimento descontrolado nas últimas décadas, o turismo emerge como uma das maiores e mais rápidas indústrias do mundo, embora esse crescimento tenha trazido inúmeros benefícios, também levantou preocupações significativas sobre seus impactos ambientais.
Mais informações sobre o simpósio neste link.
*Estagiário sob supervisão de Ferraz Junior e Rose Talamone.