Vista aérea do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina, no campus da USP em Ribeirão Preto - Foto: Assessoria de Imprensa do HC-FMRP

Nova gestão do HC de Ribeirão Preto quer qualificar e aumentar atendimento à população

Em entrevista à Rádio USP e Jornal da USP, o novo superintendente, Ricardo Carvalho Cavalli, que toma posse nesta sexta-feira (27/1), fala sobre seus principais desafios para a gestão de um dos maiores hospitais públicos do interior do Estado

 26/01/2023 - Publicado há 1 ano

Texto: Rose Talamone

Arte: Simone Gomes

Ampliar o atendimento em oncologia e em terapia intensiva, aumentar as cirurgias eletivas e investir em telemedicina e no sistema de tecnologia em saúde são as prioridades do novo superintendente do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (HC-FMRP) da USP, Ricardo Carvalho Cavalli, que toma posse nesta sexta-feira (27/1), às 11 horas, no Anfiteatro do Bloco Didático da FMRP. 

Professor titular do Departamento de Ginecologia e Obstetrícia da FMRP, unidade onde Cavalli se formou em Medicina e fez mestrado e doutorado. O pós-doutorado foi no Beth Israel Deaconess Medical Center, na Escola de Medicina de Harvard, em Boston, nos Estados Unidos. Foi diretor executivo da Fundação de Apoio ao Ensino, Assistência e Pesquisa (Faepa) do HC-FMRP. Tem experiência clínica e desenvolve pesquisa científica na área de Obstetrícia com ênfase gestação de alto risco.

Cavalli assume a gestão de um dos maiores hospitais públicos do Estado num momento de reorganização das instituições de saúde, o novo desafio do período pós-pandêmico. Assim como aconteceu com a maioria das instituições de atendimento à saúde, a pandemia de covid-19 fez com que a estrutura de atendimento no HC-FMRP sofresse alterações para a continuidade da rotina em áreas consideradas essenciais, enquanto várias outras foram suspensas ou fechadas. 

Ricardo Carvalho Cavalli - Foto: Marcos de Assis

Para a retomada das atividades impactadas com a pandemia, como, por exemplo, a redução do número de leitos para internações e fechamento de salas de cirurgia, o novo gestor lembra que são necessários recursos, tanto financeiros quanto humanos. 

Atualmente, o HC-FMRP tem 753 vagas em aberto, a maior parte para médicos, enfermeiros e técnicos de enfermagem, além de outras vagas de áreas multidisciplinares no atendimento à saúde. “Algumas foram repostas via Faepa, em torno de 300, que estão sendo bancadas com recursos da Secretaria Estadual de Saúde.” 

Os recursos, tanto financeiros como humanos, são mais um desafio para o novo superintendente, pois o orçamento da instituição, cerca de R$ 1 bilhão/ano, está no limite. “Elaboramos projetos para aumentar esse valor, por meio de receitas privadas e públicas, além de solicitações de reposição de colaboradores ao governo do Estado. Emendas parlamentares também são formas de aumento de receitas, mas são sazonais, com exceção da emenda impositiva da bancada dos deputados do Estado de São Paulo que são anuais e divididas para várias entidades do Estado”, destaca o gestor. Cavalli lembra, ainda, que o HC-FMRP tem projetos nas áreas de Oncologia e CTI, que envolvem investimentos da USP e do governo do Estado, tanto para contratação de pessoas quanto aquisição de materiais, medicamentos e insumos. 

Unidade de Emergência

Atual prédio da Unidade de Emergência do HC-FMRP, no centro da cidade – Foto: Assessoria de Imprensa do HC-FMRP

A capacidade restrita de atendimento da Unidade de Emergência do HC-FMRP também está no radar do novo gestor, que enviou recentemente à Secretaria Estadual de Saúde um projeto, já existente, para uma nova Unidade de Emergência. Trata-se de uma área de aproximadamente 50.000 m², a ser construída perto da Fazenda Experimental de Ribeirão Preto. “É um terreno do próprio governo do Estado, o local tem melhor acesso, mas por enquanto só tem um rascunho, um pedido, e, no caso de avançar, a Unidade do Centro da cidade deixaria de existir”, adianta. 

Sobre todos esses desafios Cavalli é taxativo: “Serão vencidos com muito trabalho, disposição e garra, vamos sair à luta, vamos batalhar por recursos, procurar implementar novas tecnologias, trazer atendimento qualificado e de ponta, humanizado e de qualidade. A gestão vai ser pautada nos desafios que vão melhorar, qualificar e aumentar o quantitativo do atendimento para a população de Ribeirão Preto e região,  que tem no HC uma referência nacional para o atendimento de alta complexidade”. 

E completa: “O atendimento oncológico é o desafio imediato, vamos nos reunir ainda essa semana para discutir a ampliação desse atendimento”. E, num segundo momento, diz o professor, é “investir em áreas como urologia, ortopedia e oftalmologia, além de outras áreas com filas aguardando atendimento em serviços de referência de alta complexidade”.

Campo de Ensino e Pesquisa 

Criado em 1956 como campo de Ensino e Pesquisa para a Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (FMRP) da USP, o Hospital das Clínicas de Ribeirão Preto é vinculado ao Sistema Único de Saúde (SUS) que atende às cidades de Ribeirão Preto, Franca, Araraquara, Barretos e respectivas regiões, num total de 3,5 milhões de habitantes, além de outras regiões do Estado e do País. Realiza consultas ambulatoriais, cirurgias, exames diagnósticos, procedimentos terapêuticos, partos, internações e tratamentos de alta complexidade, numa área de 180 mil m². O HC-FMRP conta com a Unidade de Emergência (UE) para atendimento às urgências e emergências advindas das Regulações Regional e Municipal, de média e alta complexidade. 

HC-FMRP em números*
Colaboradores 6.500
Leitos 915
Consultórios 292
Salas de cirurgia 36
Consultas e procedimentos587.791
Internações 26.361
Cirurgias18.826
Transplantes 207
Atendimento multidisciplinar 778.336
Exames laboratoriais 3.259.251
Exames especializados 335.572

*Dados referentes ao ano de 2021 extraídos do Relatório Anual do HC-FMRP

Ouça no player abaixo entrevista do professor Ricardo Carvalho Cavalli ao jornalista Ferraz Junior para a Rádio USP


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