Iniciativas do campus de Ribeirão Preto se destacam no Prêmio USP de Impacto Social 2024

Projeto Atendimento Oftalmológico de Pessoas em Situação de Rua, da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto, ficou em primeiro lugar na área de Saúde e Bem-Estar

 Publicado: 12/11/2024 às 16:41
Uma pessoa com casaco amarelo dormindo num banco na rua e com a cabeça coberta
Iniciativa que leva exames e atendimento oftalmológico gratuito a pessoas em situação de rua em Ribeirão Preto é o primeiro colocado na área Saúde e Bem-Estar do Prêmio USP de Impacto Social 2024 – Foto: Marcos Santos/USP Imagens

O Prêmio USP de Impacto Social, promovido pela Pró-Reitoria de Cultura e Extensão Universitária (PRCEU) e pelo Escritório de Gestão de Indicadores de Desempenho Acadêmico (Egida), reconhece iniciativas acadêmicas com alto impacto social, alinhadas aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da Organização das Nações Unidas (ONU). Na edição de 2024, oito projetos foram premiados, e outros quatro receberam menções honrosas. Entre os destaques, estão iniciativas de Ribeirão Preto nas áreas de Saúde e Bem-Estar e Educação de Qualidade.

A pró-reitora Marli Quadros Leite destacou o impacto dos projetos premiados, afirmando: “A missão da PRCEU é levar à sociedade a produção de conhecimento feita pela USP, e, portanto, impactar a sociedade ao extroverter ciência e arte”. Ela ressaltou que “pretendemos iluminar esses trabalhos por meio da premiação e revelar o quanto a USP tem sido sensível a essas preocupações”. Marli também reforçou a importância de “incentivar docentes e estudantes a se dedicarem ainda mais a temas que promovam uma vida mais saudável, justa e confortável para a sociedade”. A coordenadora do Egida, Fátima Nunes, também comentou o papel fundamental da parceria com a USP para a mensuração do impacto desses projetos: “Diversos rankings trabalham com as questões relacionadas ao impacto da Universidade na comunidade e, para isso, utilizam as ODS. Então, sentimos a necessidade de levantar os dados para reportar de forma mais consistente como a Universidade está trabalhando esses temas”.

Premiados

Na área de Saúde e Bem-Estar, o primeiro lugar ficou com o projeto Atendimento Oftalmológico de Pessoas em Situação de Rua, coordenado pelo professor João Marcello Fórtes Furtado, da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (FMRP). A iniciativa proporciona exames e atendimento oftalmológico gratuito a pessoas em situação de rua em Ribeirão Preto, um grupo que frequentemente enfrenta barreiras para acessar serviços de saúde. Com o intuito de melhorar a qualidade de vida dessa população, o projeto oferece diagnósticos e tratamentos e também contribui para a inclusão social por meio do cuidado com a saúde visual.

Homem branco com cabelos, cavanhaque e bigode pretos, vestindo uma camisa azul escura
João Marcello Fórtes Furtado – Foto: Arquivo Pessoal

Na mesma área, o projeto Produção de Produtos de Higiene para Doação, da Faculdade de Ciências Farmacêuticas de Ribeirão Preto (FCFRP), coordenado pela professora Marilisa Guimarães Lara, recebeu menção honrosa. Este projeto é voltado para a fabricação e distribuição de produtos de higiene, sabonete líquido e álcool em gel, para populações em situação de vulnerabilidade atendidas por projetos sociais desenvolvidos/apoiados pela USP, promovendo o bem-estar e a dignidade dessas pessoas ao suprir necessidades básicas de saúde e higiene.

Os produtos, dentro de rigorosos padrões de qualidade, são manipulados pelos alunos sob supervisão de docentes e farmacêuticos da FCFRP. “Com isso os estudantes conseguem ver a aplicação direta de sua técnica e conhecimentos adquiridos no curso”, enfatiza a professora Marilisa. As atividades do projeto, diz a professora, tiveram início com foco na prevenção da covid-19, no entanto, durante o desenvolvimento do projeto, notou-se a necessidade de ampliar o foco do projeto, uma vez que as medidas de prevenção se aplicam a muitas doenças e as condições e vulnerabilidade social atingem a população de maneira geral. Desde seu início, o projeto contou com 12 bolsistas além de trabalho voluntário de mais de 70 alunos da FCFRP e apoio do Centro Acadêmico Lourenço Roselino, além de apoiar outros projetos desenvolvidos na USP. “Desde o início do projeto já foram doados 4.760 frascos de sabonete líquido, num total de 1.190 litros, e 1.344 frascos de álcool em gel, 336 kg.

Projeto de Vida

Ainda em Ribeirão Preto, outra menção honrosa foi concedida ao Projeto Pataxó Hãhãhãe, da Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto (EERP), sob a coordenação do professor Fabio Scorsolini Comin. Segundo o professor, o projeto é desenvolvido em parceria com o Centro de Psicologia da Saúde da EERP e a Faculdade de Ciências Farmacêuticas de Ribeirão Preto (FCFRP) e atua junto a jovens indígenas da etnia Pataxó Hãhãhãe, em Pau Brasil, na Bahia. Desenvolvido com o Colégio Estadual da Aldeia Indígena Caramuru, o projeto conta com a mediação da professora Arileia Rocha dos Santos Pataxó, que, além de representar a cultura local, contribui diretamente na adaptação dos conteúdos às necessidades da comunidade.

A iniciativa tem como objetivo desenvolver o componente curricular Projeto de Vida com estudantes do ensino médio da aldeia, de acordo com as diretrizes da Base Nacional Comum Curricular (BNCC), em uma abordagem decolonial que valoriza as epistemologias indígenas. Os conteúdos, que abrangem temas como identidade, autoconhecimento, habilidades socioemocionais, manejo das emoções e redes de apoio, foram adaptados para dialogar com a realidade cultural e social da comunidade Pataxó.

Além de videoaulas e material didático distribuídos digitalmente, o projeto produziu um livro que pode ser utilizado em sala de aula. Esse material, elaborado por pesquisadores e educadores sob a supervisão do professor Comin e da professora Carolina Aires, foi projetado para ser uma referência cultural, promovendo reflexões sobre o projeto de vida e saúde mental alinhadas com a vivência dos estudantes e respeitando as especificidades culturais e sociais da comunidade indígena. “A relevância do Projeto Pataxó Hãhãhãe ultrapassa o contexto local, pois oferece uma metodologia que pode ser adaptada a outras realidades indígenas, contribuindo para uma educação inclusiva e para o fortalecimento da identidade cultural de povos originários”, afirma o professor Comin.


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