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O programa Abrindo Seus Olhos, parte integrante da iniciativa Atletas Saudáveis das Olimpíadas Especiais, realizou exames oftalmológicos gratuitos para atletas com deficiência intelectual durante os Jogos Latino-Americanos, que ocorreram no início de outubro em Assunção, no Paraguai. Em meio a uma celebração marcada pela inclusão e respeito, o projeto garantiu que dezenas de atletas tivessem acesso a diagnósticos precisos e a distribuição de óculos, iniciativas importantes para o desempenho dentro e fora das competições.
O projeto teve a participação do professor João Marcello Fórtes Furtado, da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (FMRP) da USP, como voluntário clínico da iniciativa. O professor destacou a importância de fornecer atendimento especializado para essa população, pois muitos dos atletas nunca tiveram acesso a exames oftalmológicos adequados. “Essa população possui várias barreiras ao acesso a atenção médica, e poder diagnosticar e corrigir problemas foi uma grande realização,” afirma Furtado. A participação do docente serviu para que ele fosse certificado para exercer a função de diretor clínico para o Brasil na iniciativa Abrindo Seus Olhos. Com isso, o objetivo é organizar eventos semelhantes no Brasil em um futuro próximo.
Além do esporte
Criado em 1997, o programa Abrindo Seus Olhos faz parte de um esforço global das Olimpíadas Especiais para melhorar a saúde e a qualidade de vida dos atletas com deficiência intelectual. A proposta vai além do esporte, oferecendo exames oftalmológicos e também a conscientização sobre saúde ocular e o fornecimento de óculos quando necessário.
Durante os Jogos no Paraguai, o programa realizou dezenas de atendimentos, diagnosticando condições como miopia, hipermetropia e astigmatismo. Além de exames de visão, os atletas receberam óculos sob medida, permitindo que continuassem a competir em igualdade de condições.
Como voluntário do programa Atletas Saudáveis, Furtado liderou uma equipe de profissionais de saúde que se dedicou a oferecer atendimento oftalmológico gratuito aos competidores. “Esse é um trabalho que exige conhecimento técnico e sensibilidade para entender as necessidades específicas dos atletas com deficiência intelectual,” destaca o professor.
O programa integra uma rede maior de cuidados à saúde dentro da iniciativa Atletas Saudáveis, que abrange diversas disciplinas médicas, como audiologia, odontologia, nutrição, podologia e saúde emocional. A proposta visa garantir que os atletas recebam o suporte necessário para manter o bem-estar físico e mental, dentro e fora das competições.
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Experiência transformadora
Os Jogos Latino-Americanos das Olimpíadas Especiais reuniram mais de mil atletas de 20 países, consolidando-se como uma das maiores celebrações do esporte inclusivo na região. A programação contou com 14 modalidades esportivas em competição e uma em exibição, envolvendo tanto atletas com deficiência intelectual quanto competidores sem deficiência.
Para os atletas com deficiência intelectual, eventos como esse representam muito mais do que uma oportunidade de competir; é um momento de afirmação, onde a superação de limites e barreiras sociais é celebrada. “Ao realizar exames de saúde, conseguimos detectar problemas não diagnosticados e fornecer soluções rápidas, como o uso de óculos, que fazem toda a diferença para esses atletas,” conta Furtado.
O professor relata que muitos atletas apresentavam dificuldades visuais significativas, que prejudicavam não só o desempenho nos esportes, mas também a qualidade de vida de forma geral. “O impacto dessas avaliações na vida dos atletas é imenso, pois contribui para o bem-estar e a performance deles nos esportes e na vida cotidiana”, complementou.
Capacitação e legado
Furtado também mencionou o caráter inclusivo e educacional do programa, que não se limita apenas aos atletas. Além de promover exames de saúde, o programa tem um papel importante na capacitação de estudantes e profissionais da área da saúde para lidar com as particularidades do atendimento a pessoas com deficiência intelectual. “Durante os Jogos, observei de perto a importância dessa capacitação, que melhora significativamente a comunicação e o atendimento de saúde a essa população muitas vezes negligenciada”, afirma o professor.
Ao decorrer dos Jogos, foram realizados treinamentos práticos com estudantes e residentes de várias áreas da saúde, que participaram das avaliações e observaram as melhores práticas de atendimento. A formação vai além do aspecto técnico, promovendo uma abordagem humanizada e centrada nas necessidades dos pacientes.
Desde o início do programa Atletas Saudáveis, mais de 300 mil profissionais e estudantes foram treinados para atender essa população de maneira inclusiva e eficiente. Na América Latina, são realizados anualmente cerca de 22 mil exames de saúde dentro da iniciativa.
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Celebração da inclusão
Os Jogos, realizados em Assunção, também contaram com uma série de eventos paralelos que promoveram discussões sobre inclusão, saúde e liderança. Entre eles, destacaram-se o Fórum Internacional Desporto para o Desenvolvimento, o Congresso Regional de Atletas e o Summit de Lideranças Juvenis, todos focados em ampliar o diálogo sobre as barreiras enfrentadas por pessoas com deficiência intelectual.
Esses eventos reforçaram a missão de promover a aceitação e o respeito às pessoas com deficiência, utilizando o esporte como uma plataforma de transformação social. Além disso, os atletas e suas famílias participaram de feiras de saúde, que ofereceram atendimento gratuito em diversas especialidades, sempre com o objetivo de melhorar a qualidade de vida dessa população.
“O evento reuniu atletas de toda a América Latina em um espírito de camaradagem, inclusão e respeito. A oportunidade de colaborar com outros profissionais e voluntários de diversas áreas e ver o impacto real do nosso trabalho no bem-estar dos atletas reforçou minha dedicação à causa. Foi uma verdadeira celebração de inclusão, onde a saúde e o esporte andaram lado a lado, promovendo oportunidades e transformações profundas na vida desses atletas”, conclui Furtado.
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Texto: Eduardo Nazaré, da Assessoria de Comunicação da FMRP, com supervisão de Rose Talamone