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Estrutura terciária da vacina em modelo computacional com os epítopos referentes aos alvos destacados - Foto cedida pelos pesquisadores
Cientistas usam simulação computacional para desenhar uma vacina contra Alzheimer
Composição da proposta de imunizante foi desenvolvida a partir de banco de dados e programas computacionais
Autor: Giovanna Grepi
Arte: Adrielly Kilryann
A ciência busca há anos uma forma de interromper ou prevenir a evolução do Alzheimer, uma das mais conhecidas formas de demência. Como é o caso de pesquisadores da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (FMRP) da USP, da Universidade de Ribeirão Preto (Unaerp) e Universidad de Cauca na Colômbia, que, computacionalmente, propuseram um desenho de vacina com potencial de estimular o sistema imunológico contra a doença e os resultados se mostraram promissores.
De acordo com a Associação Brasileira de Alzheimer (ABRAz), as duas principais alterações no organismo em pessoas com a doença estão ligadas às proteínas beta-amiloide e tau. “Nós fizemos um mapeamento e seleção de potenciais epítopos, que são pequenas partículas de proteína que podem gerar uma resposta imune contra a doença. Após simulações computacionais, verificamos que uma vacina com as proteínas beta-amiloide e tau junto com a apoE4 pode estimular o sistema imunológico”, explica Pedro Soares Neves Neto, aluno de Engenharia Química da Unaerp e pesquisador de iniciação científica da FMRP.
A orientadora do estudo, professora Silvana Giuliatti do Departamento de Genética da FMRP, explica que a doença de Alzheimer é multifatorial, um desses fatores é a idade, mas também pode aparecer em pessoas mais jovens, “por isso trabalhamos com mais de um alvo, ou seja, usamos como alvo terapêutico mais de um proteína”.
![Pedro Soares Neves Neto Pedro Soares Neves Neto](https://jornal.usp.br/wp-content/uploads/elementor/thumbs/Foto-de-pessoas-para-Jornal-da-USP-2-pm1o31psi9fog0gmavjir9mb1g4oukff38mqvp2rw8.png)
Pedro Soares Neves Neto, aluno de Engenharia Química da Unaerp e pesquisador de iniciação científica da FMRP
![Silvana Giuliatti Silvana Giuliatti](https://jornal.usp.br/wp-content/uploads/elementor/thumbs/Foto-de-pessoas-para-Jornal-da-USP-1-1-pm1o19srlj06ij1go3ww1pqyn8vqb5do6g9q8vpjnc.png)
Silvana Giuliatti, professora do Departamento de Genética da FMRP
Para o desenvolvimento da proposta de vacina, os cientistas utilizaram banco de dados e programas computacionais já existentes para encontrar alvos terapêuticos em potencial e fazer simulações. “Com recursos da bioinformática, nós identificamos que a possível vacina tem uma alta antigenicidade, que é a capacidade de produzir anticorpos para reduzir ou até mesmo parar a evolução da doença”, afirma a professora Silvana.
O professora reafirma que todo o estudo foi feito in silico, ou seja, “por meio de um programa computacional foram feitas simulações que identificaram pedacinhos das proteínas envolvidas no processo da doença e que seriam reconhecidos pelo sistema imunológico e outro programa foi usado para analisar se o uso de uma vacina seria capaz de inibir o processo de desenvolvimento da doença, ou mesmo deixar a pessoa imune a ela”.
Para a professora os estudos na área de bioinformática são essenciais para o avanço da ciência, nesse caso podem encurtar os experimentos em laboratórios para o desenvolvimento de uma vacina. “Com a bioinformática é possível simular quais seriam os melhores alvos e compostos sem precisar de muitos testes laboratoriais. A próxima etapa é buscar parcerias na comunidade científica para a continuidade da pesquisa, estudos de bancada, ou seja, que experimentos clínicos, um processo lento e que precisa de financiamento”, conta.
O estudo foi apresentado no 29º Simpósio Internacional de Iniciação Científica e Tecnológica da USP (SIICUSP) em dezembro de 2021. Além de Pedro e Silvana, a autoria do trabalho conta com Willian Orlando Castillo Ordóñez da Universidad de Cauca.
Mais informações: silvana@fmrp.usp.br e pedro.nevesneto@sou.unaerp.edu.br.
Ouça no player abaixo entrevista dos pesquisadores para a repórter Laura Oliveira no Jornal da USP no Ar, Edição Regional.
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