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Estrutura terciária da vacina em modelo computacional com os epítopos referentes aos alvos destacados - Foto cedida pelos pesquisadores
Cientistas usam simulação computacional para desenhar uma vacina contra Alzheimer
Composição da proposta de imunizante foi desenvolvida a partir de banco de dados e programas computacionais
A ciência busca há anos uma forma de interromper ou prevenir a evolução do Alzheimer, uma das mais conhecidas formas de demência. Como é o caso de pesquisadores da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (FMRP) da USP, da Universidade de Ribeirão Preto (Unaerp) e Universidad de Cauca na Colômbia, que, computacionalmente, propuseram um desenho de vacina com potencial de estimular o sistema imunológico contra a doença e os resultados se mostraram promissores.
De acordo com a Associação Brasileira de Alzheimer (ABRAz), as duas principais alterações no organismo em pessoas com a doença estão ligadas às proteínas beta-amiloide e tau. “Nós fizemos um mapeamento e seleção de potenciais epítopos, que são pequenas partículas de proteína que podem gerar uma resposta imune contra a doença. Após simulações computacionais, verificamos que uma vacina com as proteínas beta-amiloide e tau junto com a apoE4 pode estimular o sistema imunológico”, explica Pedro Soares Neves Neto, aluno de Engenharia Química da Unaerp e pesquisador de iniciação científica da FMRP.
A orientadora do estudo, professora Silvana Giuliatti do Departamento de Genética da FMRP, explica que a doença de Alzheimer é multifatorial, um desses fatores é a idade, mas também pode aparecer em pessoas mais jovens, “por isso trabalhamos com mais de um alvo, ou seja, usamos como alvo terapêutico mais de um proteína”.
Pedro Soares Neves Neto, aluno de Engenharia Química da Unaerp e pesquisador de iniciação científica da FMRP
Silvana Giuliatti, professora do Departamento de Genética da FMRP
Para o desenvolvimento da proposta de vacina, os cientistas utilizaram banco de dados e programas computacionais já existentes para encontrar alvos terapêuticos em potencial e fazer simulações. “Com recursos da bioinformática, nós identificamos que a possível vacina tem uma alta antigenicidade, que é a capacidade de produzir anticorpos para reduzir ou até mesmo parar a evolução da doença”, afirma a professora Silvana.
O professora reafirma que todo o estudo foi feito in silico, ou seja, “por meio de um programa computacional foram feitas simulações que identificaram pedacinhos das proteínas envolvidas no processo da doença e que seriam reconhecidos pelo sistema imunológico e outro programa foi usado para analisar se o uso de uma vacina seria capaz de inibir o processo de desenvolvimento da doença, ou mesmo deixar a pessoa imune a ela”.
Para a professora os estudos na área de bioinformática são essenciais para o avanço da ciência, nesse caso podem encurtar os experimentos em laboratórios para o desenvolvimento de uma vacina. “Com a bioinformática é possível simular quais seriam os melhores alvos e compostos sem precisar de muitos testes laboratoriais. A próxima etapa é buscar parcerias na comunidade científica para a continuidade da pesquisa, estudos de bancada, ou seja, que experimentos clínicos, um processo lento e que precisa de financiamento”, conta.
O estudo foi apresentado no 29º Simpósio Internacional de Iniciação Científica e Tecnológica da USP (SIICUSP) em dezembro de 2021. Além de Pedro e Silvana, a autoria do trabalho conta com Willian Orlando Castillo Ordóñez da Universidad de Cauca.
Mais informações: silvana@fmrp.usp.br e pedro.nevesneto@sou.unaerp.edu.br.
Ouça no player abaixo entrevista dos pesquisadores para a repórter Laura Oliveira no Jornal da USP no Ar, Edição Regional.
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