A França elegeu, em segundo turno, o seu novo presidente no último dia 7 de maio. A vitória de Emmanuel Macron significou um alívio para aqueles que temiam um avanço da extrema-direita na Europa. A conservadora Marine Le Pen, com seus discursos anti-imigração e anti-União Europeia, preocupava os franceses, portanto, qualquer candidato que concorresse com a presidenciável do partido Frente Nacional tendia a ser o eleito.
Esta foi a análise feita pelo pós-doutorando do Núcleo de Pesquisa de Políticas Públicas (Nupps) da USP, Adrián Albala, na última edição do Diálogos na USP – Os Temas da Atualidade, que foi ao ar no dia 19 de maio e discutiu o resultado das eleições na França. Segundo Albala, a vitória de Macron não se deu por adesão popular, mas sim por negação à adversária.
Por esse motivo, o novo presidente pode enfrentar algumas dificuldades em seu governo. É necessário esperar as eleições legislativas, que devem acontecer dias 11 e 18 de junho, para ver se o presidente terá base parlamentar. Porém, já é possível esperar por uma vingança por parte dos republicanos nessas eleições.
Macron foi eleito por meio de seu próprio partido, o En Marche!, criado há um ano, que congrega tanto candidatos da direita quanto da esquerda. A não eleição de um candidato de um dos dois partidos tradicionais, o Socialista e o Republicanos, chamou atenção, e Albala alerta que este também pode ser um fator contra sua governabilidade. “Ideologicamente, ele não é muito diferente do Hollande, uma coisa que ele não tem que o Hollande tinha era um aparato partidário por trás dele. O ex-presidente tinha o Partido Socialista com ele, o Macron não tem. Ele tem um movimento que não existia há um ano e meio atrás e que não tem ideologia própria.”
União Europeia
O ponto crucial nessas eleições, segundo a professora do Instituto de Relações Internacionais (IRI) da USP, Maria Antonieta Del Tedesco Lins, foi a União Europeia. Marine Le Pen defendia a saída da França do bloco, enquanto Macron tem uma visão da União Europeia bastante semelhante à visão da Alemanha.
“Eu acho que ele vai defender o avanço de uma coordenação fiscal, algo que também está dentro do projeto alemão, que, do ponto de vista político, é uma epopeia”, afirma. Porém, Albala lembra que esse projeto encontrará resistências tanto em outros países da União Europeia quanto na própria França.
Esta edição do Diálogos na USP teve apresentação de Marcello Rollemberg, produção de Simone Lemos Giudice e trabalhos técnicos de Thales Almeida.