Vacinação contra covid-19 não exclui responsabilidade com lazer

Ricardo Uvinha diz que a realização de atividades em espaços abertos, com todos os cuidados, sem aglomeração e com o uso de máscaras é a alternativa neste momento de resiliência

 16/02/2021 - Publicado há 3 anos
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Políticas de lockdown e quarentena estão intimamente associadas às elevações dos níveis de ansiedade e depressão – Foto: Racool_studio – Freepik

A pandemia causada pelo coronavírus testa a vida das pessoas em vários aspectos. São meses limitados às suas casas, precisando se adaptar a uma nova realidade, na qual o lazer deveria ficar em último plano e as raras saídas limitadas ao trabalho ou para realizar atividades extremamente necessárias. No entanto, não é isso o que tem sido feito por muitas pessoas. A vacinação da população está em seu início e, mesmo assim, são necessários cuidados até que haja um controle da doença e sua propagação. O professor Ricardo Uvinha, vice-diretor da Escola  de Artes, Ciências e Humanidades da Universidade de São Paulo, explica que “esse tem sido um evento traumático para muitas pessoas, levando ao aumento exponencial do sentimento de medo e estresse”. 

Pesquisas realizadas pelo Grupo Interdisciplinar de Estudos de Lazer da USP reforçam que uma expressiva parcela dos brasileiros parece experimentar o que já se chama de “corona fobia”. Políticas de lockdown e quarentena estão intimamente associadas às elevações dos níveis de ansiedade e depressão, trazendo uma vulnerabilidade da população quanto à sua saúde física e mental, com forte intolerância sobre a incerteza e a percepção da doença. A privação de atividades de lazer está dentro desse contexto.   

Segundo o professor, “com isso, o risco de se aglomerar em festas, frequentar praias e conviver com amigos e parentes em espaços outdoor, mesmo com as restrições, parece fazer sentido para tais pessoas, para as quais o lazer é reclamado como necessário para o enfrentamento de uma situação de privação causada pela pandemia. Mas este lazer muitas vezes é realizado sem qualquer responsabilidade consigo próprio e com os demais membros da sociedade”.                                       

O professor lembra que, mesmo com a chegada da vacina, ainda serão necessários cuidados neste período de transição, durante o qual muitas das regras atuais de sanitização e distanciamento continuarão valendo. Ele vê uma tendência de uma busca maior pelas atividades em ambientes externos e recorda que “assegurar o usufruto do lazer para a população pode simbolizar uma estratégia de enfrentamento da pandemia causada pela covid 19, auxiliando em uma necessária resiliência neste momento tão adverso”.

 


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