Acompanhe a entrevista do repórter Fabio Rubira com o professor Celso Matsuda, da Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo:
A propaganda política no rádio e na TV, no primeiro turno da campanha eleitoral para a escolha de prefeitos e vereadores, chegou ao fim. Em entrevista ao repórter Fabio Rubira, o professor Celso Matsuda, do curso de Marketing Político e Propaganda Eleitoral da Escola de Comunicações e Artes da USP, faz uma breve análise do novo formato da propaganda no rádio e na TV após a promulgação, no ano passado, da chamada minirreforma eleitoral, que, entre outros pontos, reduziu o tempo de visibilidade dos candidatos na imprensa falada e televisada.
O professor Matsuda acredita que as mudanças fizeram bem para os candidatos, já que o tempo reduzido da propaganda política, na opinião do especialista, não afastou o público da TV e do rádio, como acontecia quando o tempo de exposição era maior. Para ele, no entanto, o que realmente influiu em toda a campanha foi o que se convencionou chamar de pílulas, pequenas inserções de não mais do que 30 segundos colocadas ao longo da programação radiofônica e televisiva. “Por outro lado, isso provocou algumas consequências. A nova disposição valorizou a principal moeda da propaganda política, que é o tempo de TV. Aqueles que puderam contar com um tempo de TV suficiente tiveram sucesso.”
Ainda segundo o professor Matsuda, em São Paulo, os candidatos com maior tempo de exposição na TV se colocaram na ponta, o contrário acontecendo com aqueles que pouco apareciam. Por isso, ele defende uma reformulação na lei, a partir de uma distribuição mais democrática de tempo no rádio e na TV entre os candidatos. Em relação à propaganda eletrônica, ele entende que os candidatos precisam dominar melhor a linguagem, uma vez que utilizaram a rede social para a distribuição de “santinhos” virtuais em vez de estabelecerem um diálogo mais aprofundado com os usuários da Internet. Com isso, desperdiçaram a oportunidade de manter um contato mais direto na rede social, principalmente com aqueles que não têm acesso ao rádio ou à TV. Para Matsuda, quem não fez uma propaganda ajustada à rede social pode ter se dado mal.
Para o segundo turno, a estratégia das campanhas deve mudar. “Quando a eleição se torna polarizada, com apenas dois candidatos, a estratégia se foca em aumentar a rejeição do outro”, diz. O objetivo passa a ser o de conquistar aquelas parcelas de eleitores que votaram em candidatos que não estão mais no páreo, para não mencionar aqueles eleitores que ainda estão indefinidos ou que votaram em branco no primeiro turno. Em consequência, “toda a estratégia de campanha muda, torna-se um debate diário, de forma direta”, em que ambos os adversários se digladiam visando a aumentar o sentimento de rejeição que o eleitor eventualmente possa alimentar em relação a um ou a outro.