.
Pesquisadores da Universidade John Hopkins, nos Estados Unidos, publicaram um estudo que aponta os erros de duplicação do DNA como a causa de dois terço dos cânceres. Isso significa que a chance de uma pessoa desenvolver uma mutação maligna deriva muito mais do azar do que de causas externas ou genéticas. A pesquisa foi feita com base em análise de um modelo matemático que relaciona o sequenciamento de DNA com dados epidemiológicos de todo o mundo.

O professor Oswaldo Keith Okamoto, do Departamento de Genética e Biologia Evolutiva do Instituto de Biociências (IB) da USP, explica que erros durante o processo de duplicação do DNA são bastante comuns e em geral eles não causam danos ao organismo. O que surpreende, segundo o professor, é a proporção de mutações cancerígenas que é atribuída aos erros de divisão celular.
Entretanto, Okamoto alerta que dois terços podem ser um número superestimado. “É possível que haja fatores ambientais, ainda desconhecidos, que contribuam para a ocorrência dessas mutações somáticas. Outro ponto é que a eficiência de reparo do DNA, assim como uma predisposição a esses danos, pode também ser geneticamente determinado”, afirma. Ainda assim, o professor destaca a importância de pesquisas desse tipo, que trabalham com sequenciamento genético, para a ciência e para os estudos de causa de câncer.
É importante ressaltar, porém, que, apesar do resultado do estudo, as pessoas não podem se descuidar das causas externas. Justamente por não se conhecer, com exatidão, a influência dos fatores ambientais e genéticos nas mutações celulares, que os cuidados com elementos de riscos devem continuar. É conhecido que práticas como uso de tabaco, exposição a radiação, entre outros fatores, são causas de muitos dos cânceres conhecidos.