A partir do momento em que surge a denúncia de uma agressão sexual, a medicina irá investigar o quanto aquela violência está associada a algum tipo de prejuízo na saúde mental.
É o que explica o professor Marco Scanavino, coordenador do Ambulatório de Impulso Sexual Excessivo e de Prevenção aos Desfechos Negativos Associados ao Comportamento Sexual (Aisep) da Faculdade de Medicina da USP (FMUSP).

Scanavino lembra que não existe um padrão único sobre como surge um estuprador, e nesse quesito a psiquiatria busca diagnosticar os transtornos mentais que possam estar ligados a casos de violência sexual.
A contribuição da medicina é importante nessa área, pois os indivíduos com descontrole no impulso sexual adotam comportamentos em prejuízo de outras pessoas — que são submetidas a atos libidinosos sem consentimento, como o estupro e o assédio sexual.
Mas não é tão simples assim. Para justificar uma violência sexual por meio de algum desvio na mente, é necessária uma avaliação psiquiátrica profunda do histórico pessoal do acusado. “Ela envolve elementos da história biológica da pessoa, se ela teve um bom desenvolvimento físico e mental, se ela estudou”, e assim por diante, explica Scanavino.
O professor aponta que acidentes também podem interferir no discernimento entre certo e errado, provocando alterações de comportamento e de personalidade. O trauma cranioencefálico, por exemplo, pode fazer com que uma pessoa aja com maior desinibição sexual.