Levantamento mostra que água para consumo humano tem alto índice de agrotóxico

Comentando dados do Ministério da Saúde, Luiz Fernando Ferraz da Silva diz ser impossível evitar completamente os compostos químicos, mas algumas medidas podem diminuir os danos causados pelo consumo

 09/06/2022 - Publicado há 2 anos     Atualizado: 19/06/2024 às 11:35

Texto: Vinicius Botelho

Arte: Adrielly Kilryann

Os impactos da contaminação da água por agrotóxicos na saúde humana foram tema de reportagem na Rádio e no Jornal da USP em abril deste ano. A reportagem Alto índice de agrotóxicos nas águas da torneira de diferentes cidades brasileiras abordou levantamento divulgado pelo Sistema de Informação de Vigilância da Qualidade da Água, o Sisagua, órgão do Ministério da Saúde, dando conta de que uma mistura de 27 agrotóxicos diferentes foi encontrada na água para consumo humano em mais de 2,3 mil cidades do Brasil, incluindo Ribeirão Preto e São Paulo, com considerações de especialistas da Universidade sobre o tema.

Ouvintes e leitores levantaram questionamentos sobre as formas de evitar esses impactos e a equipe foi ouvir o professor Luiz Fernando Ferraz da Silva, do curso de Medicina da Faculdade de Odontologia de Bauru (FOB) da USP. Para o professor, é impossível evitar completamente a presença dos agrotóxicos no cotidiano. “A fervura da água antes do consumo e a utilização de filtros barram alguns agrotóxicos, mas não eliminam totalmente a presença dos compostos químicos”, conta o professor.

Ferraz explica que o agrotóxico, quando consumido em baixas quantidades, não apresenta ameaça à saúde humana. O problema dos compostos está no efeito cumulativo no organismo, já que os agrotóxicos estão presentes não só na água, mas também nos alimentos. 

Luiz Fernando Ferraz da Silva - Foto: Reprodução

Luiz Fernando Ferraz da Silva - Foto: Reprodução

Lavar bem as folhas, verduras e legumes e, quando possível, retirar a casca das frutas ajudam a diminuir a presença dos compostos químicos no organismo e, consequentemente, minimizam as chances de problemas de saúde futuros causados pela intoxicação. Processos inflamatórios crônicos e disfunções metabólicas são as consequências mais comuns causadas pelo excesso de defensivos agrícolas e compostos químicos advindos da poluição. Além disso, os agrotóxicos também podem potencializar problemas já existentes, conta Ferraz.

Foto: Reprodução/Freepik

Papel do poder público na diminuição do uso de agrotóxicos

A presença de defensivos agrícolas, conta o professor, “é essencial para manter a produtividade e garantir a alimentação da população”. Para Ferraz, uma estratégia é tentar diminuir a quantidade de agrotóxicos em larga escala para preservar o meio ambiente e melhorar a saúde pública, garantindo assim uma economia funcional e mais qualidade de vida à população. Segundo o professor, o uso de agrotóxicos afeta não só o organismo humano, mas também contamina lençóis freáticos e causa dano ao meio ambiente.




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