Na coluna Saúde Feminina, Alexandre Faisal, médico ginecologista, pesquisador do Departamento de Ginecologia e Obstetrícia, da Faculdade de Medicina da USP (FMUSP), fala sobre a cesariana ser cada vez mais comum no Brasil e no mundo e mostra quais são os efeitos de longo prazo da cesariana.
Segundo Faisal, dados de 2016 mostram que 24,5% dos partos na Europa foram cesariana, 32%, na América do Norte e 41%, na América do Sul. “A cesariana vem se tornando um procedimento cirúrgico cada vez mais seguro, embora existam riscos no curto prazo, como infecção, hemorragia, lesão visceral, tromboembolismo. No entanto, o que é menos estudado é a questão do impacto da cesariana de longo prazo.”
Pesquisadores da Escócia e Austrália fizeram uma análise de 80 estudos, em que todos os países eram de alta renda, e analisaram dados de mais de 29 milhões de participantes. “Os resultados mostram que, nos partos de cesariana, a criança tem uma maior probabilidade de ter asma e obesidade. Também se associou ao risco a subfertilidade, ou seja a mulher que pretende ter um outro filho terá mais dificuldade de engravidar. Entre as complicações obstétricas inclui-se placenta prévia, ruptura uterina e o nascimento do bebê morto. Os riscos obstétricos aumentaram com a cesariana”, observa Faisal.
O médico ginecologista aponta que um dos benefícios apontados pela cesariana, no longo prazo, é a redução de incontinência urinária e prolapso uterino, que chega a quase 50%. “Os pesquisadores fazem um balanço: para cada 17 cesarianas ocorre um caso de incontinência urinária e para cada 1.500 cesarianas realizadas são nove casos de asma infantil, 166 casos de mulheres em subfertilidade, três mulheres com placenta prévia, 2 mulheres com ruptura uterina e 21 abortos espontâneos.”