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Criança sendo vacinada contra covid-19 - Foto: Pfizer
Demora na vacinação de crianças e adolescentes, por questões políticas, não se baseia na ciência
Lorena Barberia destaca que esse movimento não se baseia na “evidência e investigação científica” e que é preciso entender os desafios da situação e a importância da vacinação
A vacinação de crianças e adolescentes é uma necessidade sanitária para controle da pandemia e para dar segurança às famílias na prevenção da covid-19. Sem ela, casos graves podem ocorrer ainda na infância. Apesar disso, tem-se visto movimentos e ações politizadas contra a vacinação para essa faixa etária no Brasil.
A professora Lorena Barberia, do Departamento de Ciência Política da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da USP, em entrevista ao Jornal da USP no Ar 1ª Edição, explicou que, antes de se aprovar uma vacina, tem uma instância muito séria, com reuniões, avaliações, documentação que é avaliada para discutir a respeito com equipes de especialistas, além do pronunciamento, que é público.
Mesmo após isso, o Ministério da Saúde convocou uma audiência pública, com especialistas que não foram responsáveis pelos ensaios clínicos ou fizeram artigos sobre o assunto, apenas para usar a sua “autoridade” na área e serem contrários à questão da vacinação. “Houve muita disseminação, nesse espaço público, de informação falsa sobre os efeitos das vacinas. Isso gera pânico na sociedade. É totalmente compreensível”, ressalta Lorena.
Internação de jovens é preocupante
A professora destaca que a taxa de crianças e adolescentes internados por covid-19 no mundo está elevada. “Nós temos dados mostrando que temos internações e óbitos mundialmente. No caso do Brasil, há uma evidência muito preocupante: uma taxa elevada nessa faixa etária de óbito.” Ela prossegue, explicando que, por isso, deveríamos estar reagindo para querer proteger esses jovens e vaciná-los.
“Houve muita disseminação, nesse espaço público, de informação falsa sobre os efeitos das vacinas. Isso gera pânico na sociedade. É totalmente compreensível”
E a vacinação ainda não avançou o necessário para adolescentes acima de 12 anos, com apenas 25% de vacinados.“Temos uma fragilidade nos protocolos, nas escolas, do uso de máscaras e distanciamento. Temos uma série de problemas e já estamos colocando crianças no ambiente onde há chance de estarem expostas ao vírus”, afirma Lorena.
Outro ponto reforçado pela professora é que a demora na vacinação ocorre por questões políticas, “que não estão baseadas na evidência e na investigação científica”. Nesse momento, o que precisa ser feito é dialogar com a comunidade de pais, com as escolas, para procurar tirar dúvidas, entender os desafios da situação e a importância da vacinação.
A professora escreveu um artigo sobre essa questão da luta injustificada e politizada contra a vacinação de crianças e adolescentes no Brasil. Para ler, clique aqui.
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