Residência em Inovação: uma proposta inovadora para fomento à inovação e ao empreendedorismo

Por Marcelo Caldeira Pedroso, professor da Faculdade de Economia, Administração, Contabilidade e Atuária (FEA-USP), Norberto Peporine Lopes, professor da Faculdade de Ciências Farmacêuticas de Ribeirão Preto (FCFRP-USP), e Andrea Balan, professora do Instituto de Ciências Biomédicas (ICB-USP)

 04/12/2023 - Publicado há 7 meses
Marcelo Caldeira Pedroso – Foto: Arquivo pessoal
Norberto Peporine Lopes – Foto: Arquivo pessoal
Andrea Balan – Foto: Arquivo pessoal

 

A universidade empreendedora apresenta capacidade de inovar, reconhecer e criar oportunidades, bem como habilidade de trabalhar de forma multidisciplinar, assumir riscos e responder aos desafios da ciência e da sociedade. Assim, cabe e ela desenvolver e oferecer diferentes formatos para fomentar a inovação e o empreendedorismo.

Uma das formas de inovar consiste em identificar elementos bem-sucedidos e adaptá-los para diferentes contextos. Na área de saúde, a residência é um programa reconhecidamente exitoso. Ela é uma modalidade de ensino de pós-graduação executada sob a forma de curso de especialização. A participação ativa dos alunos residentes, por meio de atividades práticas, constitui um dos pilares de um programa de residência.

A inovação e, em particular, o empreendedorismo inovador, é um campo de estudo em que as atividades práticas deveriam ser inerentes a um programa de formação. Esse é o pressuposto do denominado “empreendedorismo baseado em ação” (ou action-based entrepreneurship).  Essa abordagem considera que a formação dos empreendedores ocorre predominantemente por meio da experimentação e ação.

Assim, parece promissor adotar os preceitos da residência na área de saúde – particularmente a ênfase na experimentação e na ação – no âmbito da formação de empreendedores inovadores.

Nesse contexto, em 2022 surge o primeiro Programa de Residência em Inovação da Universidade de São Paulo. Esse programa foi intitulado Nidus, uma palavra originária do latim que significa ninho, ou um lugar onde se desenvolvem sementes. Outra acepção de nidus remete ao berço de ideias.

O Nidus é um programa de pós-graduação lato sensu, mais especificamente um programa de especialização. Ele objetiva fomentar o desenvolvimento de projetos e ações voltados a gerar impacto na sociedade, por meio da formação de recursos humanos especializados e transferências de conhecimentos e tecnologias, bem como realização de atividades que promovam o bem-estar social.

O programa é oferecido para alunos graduados tanto na USP quanto em outras instituições. Alguns destes são egressos de programas de pós-graduação e pesquisadores que têm uma ideia inovadora ou uma tecnologia a ser explorada, e pretendem fazer com que essas ideias ou tecnologias cheguem ao mercado de forma viável e bem-sucedida.

Cabe destacar que o empreendedor é um indivíduo. Portanto, sua formação está associada ao desenvolvimento de habilidades empreendedoras. Nesse sentido, um programa de residência em inovação deveria ser estruturado visando desenvolver tais habilidades.

Consideramos dois estágios para o desenvolvimento das habilidades empreendedoras no Nidus. O primeiro estágio remete à inserção do indivíduo no ecossistema de inovação e empreendedorismo. E o segundo estágio implica o desenvolvimento da autonomia do empreendedor nesse ecossistema.

No Nidus, o ano 1 do programa corresponde ao primeiro estágio. Nesse período, o residente compreende seu perfil empreendedor, discute as questões associadas à propriedade intelectual e desenha e valida seu modelo de negócio. Ao final desse estágio, o empreendedor deverá estar apto a alocar esforços relevantes, tais como recursos financeiros significativos e avanços no desenvolvimento da solução que ele pretende levar ao mercado.

No ano 2 da residência em inovação, o Nidus pretende desenvolver a autonomia do empreendedor. Nesse período, o residente desenvolve suas habilidades em captação de investimentos públicos e privados, e inicia uma etapa de pré-incubação do seu negócio. Nessa etapa, o empreendedor pode utilizar a infraestrutura física da Universidade e receber outras capacitações e assessorias ao seu projeto. De forma metafórica, ao final do estágio de autonomia, o Nidus objetiva fazer com que o empreendedor possa “sair do ninho e voar”.

Acreditamos que o Nidus – e outros programas de residência em inovação – pode contribuir efetivamente para a formação de empreendedores inovadores e, por meio destes, gerar impacto na sociedade.

Para mais informações sobre o programa Nidus, consulte https://inova.usp.br/iniciativas/nidus/.

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