O papel da USP no desenvolvimento da cultura nacional

Por Marcelo Cardoso Freitas Gonçalves, servidor da Prefeitura do Campus de Bauru

 18/12/2024 - Publicado há 3 meses
Marcelo Cardoso Freitas Gonçalves – Foto: Arquivo pessoal
Idealizada pelo interventor Armando de Salles Oliveira, a USP é uma universidade pública, mantida pelo estado de São Paulo e ligada à Secretaria de Ciência, Tecnologia e Inovação. A Universidade mais antiga do estado de São Paulo é também a mais prestigiada do País desde sua fundação, em 25 de janeiro de 1934, por meio do Decreto nº 6.283, com o propósito de preparar e formar uma elite intelectual moderna de que o Brasil precisava. E isso fica bem claro no próprio texto do ato: “a organização e o desenvolvimento da cultura filosófica, científica, literária e artística constituem as bases em que se assentam a liberdade e a grandeza de um povo” e “somente por seus institutos de investigação científica, de altos estudos, de cultura livre, desinteressada, pode uma nação moderna adquirir a consciência de si mesma, de seus recursos, de seus destinos”.

Hoje, 90 anos após seu surgimento, a competência e dedicação dos docentes, servidores e alunos têm sido reconhecidas por diferentes rankings mundiais, criados para medir a qualidade das universidades, que permite à USP integrar um seleto grupo de instituições de padrão mundial, devido ao seu desempenho e a sua permanente busca pela excelência.

A USP é responsável pela formação de parte da intelectualidade e dos produtores de artes no Brasil, e por isso é reconhecida como sinônimo de cultura. A cultura é a base de uma sociedade e um dos instrumentos que contribui para a formação dos cidadãos, determina hábitos e comportamentos e – atrelada às artes – orienta a sociedade para o futuro, mostrando-lhe o que ela é e o que pode ser.

Detentora de um extraordinário acervo cultural e científico e por ter em sua estrutura instituições da mais alta relevância, a USP é a um só tempo centro de difusão e fonte infinita de pesquisas avançadas, assumindo responsabilidades públicas na formação de seus alunos, bem como no repasse desse conhecimento à sociedade.

Cultura deve ser entendida como o conhecimento a ser compartilhado; diante disso a USP propõe iniciativas para promover a interação com a comunidade através de atividades que levam para a sociedade o conhecimento produzido na instituição, por meio de cursos, eventos e prestação de serviços, entre outros.

A Pró-Reitoria de Cultura e Extensão Universitária é o órgão que desenvolve as políticas culturais e de extensão da USP, funcionando como um elo entre a instituição e a sociedade que a mantém, permitindo à Universidade conhecer sua realidade, suas demandas e seu conhecimento. Parte das atividades se desenvolve com foco nas artes plásticas e cênicas, na música, na dança, na preservação cultural e patrimonial, na literatura e na difusão científica. Outras atividades são desenvolvidas através de programas institucionais com foco na extensão e relacionamento direto com a comunidade interna e externa à USP. Por fim, tem papel no gerenciamento dos cursos de extensão oferecidos à comunidade em diversas modalidades, que ocorrem nos diversos centros de cultura, em diferentes localidades, e nos campi distribuídos na capital e interior de São Paulo, além do ambiente digital.

Arte e cultura são muito valorizadas na USP e, no campus de Bauru, isso não é diferente!

Em 1987, o então prefeito Sérgio Augusto Catanzaro Guimarães, do Campus Administrativo de Bauru (PCAB), criou a Assessoria Cultural, um serviço para incentivar a cultura e promover o entretenimento, a arte e o lazer no campus, com o objetivo de estimular e integrar os servidores: intelectual, cultural e artisticamente.

Após esse primeiro passo foram introduzidas na agenda cultural atividades como oficinas de artes plásticas e eventos como apresentações de teatro, música e dança, que transformaram o cenário do campus e chamaram a atenção da comunidade para Universidade.

Em 1991, a Assessoria Cultural conquistou o status de Centro Cultural, na gestão do então prefeito do campus José Alberto de Souza Freitas, e recebeu o nome de Centro Cultural “Maria de Souza Campos Artigas”, em homenagem a esposa de um dos principais fundadores do Campus de Bauru, professor Paulo de Toledo Artigas, que era pintora e escritora.

O Centro Cultural ganhou um novo espaço, com estrutura para desenvolver novos conteúdos e oferecer diferentes atividades artísticas e culturais, estimulando a criatividade, integração e o bem-estar social, contribuindo na qualidade de vida dos alunos, docentes, servidores, e da comunidade externa, que o transformaram num importante ponto de encontro social e cultural.

Hoje o Centro Cultural é gerenciado pelo Setor de Eventos Culturais, e subordinado à Seção de Comunicação e Cultura, e investe na oferta de serviços que atendam melhor às comunidades interna e externa, promovendo e oferecendo diversas atividades regulares, dentre elas apontamos:

• artes plásticas – oficinas de pintura em tela e artesanato, organização e promoção de exposições;
• artes cênicas – aulas de teatro, promoção de apresentações teatrais dentro e fora do campus (sob responsabilidade do Teatro da USP, o Tusp, presente no campus desde 2009);
• atividades sazonais nas áreas de música e dança, rodas de conversa, debates e palestras de formação pessoal, com temas que abarcam: inclusão, acessibilidade, diversidade, estímulo à revelação de talentos etc.; com destaque para o Circuito Tusp e a Semana de Arte e Cultura.

No presente, a relação USP x Cultura x Sociedade resulta da abertura que o setor cultural propõe: levar as comunidades para dentro da Universidade e a Universidade até às comunidades, a fim de gerar um sentimento de pertencimento.

A USP é a Universidade paradigma do Brasil, e já nasceu com vocação para promover e fomentar a cultura, e desde o início buscou pressupostos que devem estar presentes na construção e desenvolvimento da cultura nacional: ser uma Universidade do diálogo franco, do reconhecimento, da inventividade, da ousadia, do respeito, e que valoriza as ações culturais.

A Ciência, a Filosofia e as Artes não param de criar novos significados para nossa existência, diante disso, a USP é uma das antenas da cultura brasileira e como agente cultural está atenta em ser mais diversa e inclusiva.

“No Universo da Cultura o centro está em toda parte” (Miguel Reale, Reitor da USP entre 1949-1950 e 1969-1973).

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