Reitores das universidades paulistas debatem a diplomacia científica

Escola São Paulo de Ciência Avançada discute a influência da diplomacia científica no desenvolvimento de um país

 27/08/2019 - Publicado há 5 anos
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A mesa “Internacionalização e Inovação na perspectiva das universidades” contou com a participação dos três reitores e foi realizada no dia 26 de agosto, na Sala do Conselho Universitário – Foto: Marcos Santos/USP Imagens

Os reitores Vahan Agopyan (USP), Marcelo Knobel (Unicamp) e Sandro Roberto Valentini (Unesp) participaram de uma mesa da Escola São Paulo de Ciência Avançada em Diplomacia Científica e Diplomacia da Inovação (São Paulo School of Advanced Science in Science Diplomacy and Innovation Diplomacy – InnscidSP), que acontece entre os dias 21 e 30 de agosto, na Cidade Universitária.

Promovida pelo Instituto de Relações Internacionais (IRI), em parceria com o Instituto de Estudos Avançados (IEA) e com a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), a Escola reúne estudantes brasileiros e estrangeiros para discutir como a diplomacia científica influencia no desenvolvimento e na inovação de um país, em diversas áreas da tecnologia.

Os reitores participaram da mesa que analisou a internacionalização e a inovação na perspectiva das universidades, moderada pelo vice-diretor do IEA, Guilherme Ary Plonski, e pelo professor do IRI e coordenador do evento, Amâncio Jorge de Oliveira.

Internacionalização e Inovação

“A internacionalização e a inovação são ferramentas essenciais para o desenvolvimento das universidades no século XXI e para a diplomacia científica. Ao contrário do que muitas pessoas acreditam, todas as grandes universidades de pesquisa do mundo são financiadas com dinheiro público. Por isso, é cada vez mais necessário que as universidades se aproximem da sociedade, mostrando o que fazemos e explicando que somos parte da solução e não do problema”, argumentou o reitor da USP, Vahan Agopyan.

O dirigente explicou que, além de apoiar projetos de pesquisa conjunta e a mobilidade de estudantes e pesquisadores, o objetivo é consolidar um ambiente internacional nas universidades para aprimorar a diversidade e a qualidade das pesquisas.

Segundo Agopyan, “também é necessário dar suporte ao desenvolvimento da sociedade por meio da inovação, incentivando os projetos de pesquisa em parceria com os governos, com organizações não governamentais e com empresas públicas e privadas, a fim de gerar inovação e estimular o empreendedorismo nas universidades”.

[A partir da esquerda] Guilherme Ary Plonski, Marcelo Knobel, Vahan Agopyan, Sandro Valentini e Amâncio Jorge de Oliveira – Foto: Marcos Santos/USP Imagens

Fomento

O reitor da Unesp, Sandro Roberto Valentini, falou sobre as políticas adotadas nos últimos anos pelo governo federal para a internacionalização das pesquisas e das universidades brasileiras. “A internacionalização não é um processo recente, mas já é praticada pelas agências de fomento e por nossos pesquisadores como um elemento importante para o desenvolvimento da pesquisa”, afirmou.

Segundo Valentini, o Programa Ciência sem fronteiras, criado pelo governo federal em 2011, investiu cerca de R$ 13 bilhões em bolsas de intercâmbio para estudantes, principalmente dos cursos de Graduação, e foi bastante criticado por causa da falta de planejamento e por priorizar a experiência individual do aluno, em detrimento das estratégias de internacionalização da instituição.

Em 2017, a Coordenadoria de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) criou o Programa Institucional de Internacionalização (PrInt), para fomentar o desenvolvimento de planos estratégicos de internacionalização das instituições.

“Em época de orçamento restrito, as iniciativas de internacionalização podem ser melhor priorizadas se forem baseadas em um plano estratégico de cada instituição, de forma a promover adequadamente o multiculturalismo entre os estudantes e também aumentar o impacto da ciência e da tecnologia desenvolvida pela universidade. Com isso em mente, a Unesp elaborou seu plano estratégico alinhado com a Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável da ONU”, disse Valentini.

Ações na Unicamp

O reitor da Unicamp, Marcelo Knobel, apresentou dois exemplos de ações da Unicamp voltadas para a internacionalização. O primeiro exemplo é a adesão da Unicamp à Cátedra para Refugiados, em 2017. Criada pelo Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados (Acnur), em 2003, a Cátedra tem o objetivo de amparar a população em situação de refúgio por meio de ações que envolvem educação, pesquisa e extensão acadêmica.

“A questão dos refugiados não era muito discutida no Brasil até 2010, quando um forte terremoto devastou o Haiti e nós enfrentamos uma grande dificuldade burocrática para receber os estudantes refugiados na Unicamp. Hoje, já temos 15 estudantes na situação de refugiados e pretendemos aumentar esse número, inclusive com a vinda de professores. Receber alunos estrangeiros, de diferentes culturas e modos de pensar é o oxigênio das universidades. Precisamos disso, precisamos da renovação”, afirmou Knobel.

A outra iniciativa, ainda em fase de planejamento, é a transformação da Fazenda Argentina – um terreno de 12.650 metros quadrados adquirido recentemente pela Unicamp – em um hub internacional de pesquisas voltadas para o desenvolvimento sustentável.

Saiba mais sobre a Escola São Paulo de Ciência Avançada em Diplomacia Científica e Diplomacia da Inovação:

https://jornal.usp.br/ciencias/ciencia-inovacao-e-relacoes-internacionais-se-unem-em-campo-emergente-no-pais/


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