Prática de jejum intermitente tem consequências a longo prazo

Estudo aponta que o hábito de permanecer determinado tempo sem comer pode estar relacionado a doenças

 05/06/2018 - Publicado há 6 anos     Atualizado: 06/06/2018 as 18:56

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A prática do jejum intermitente como forma de redução de peso pode ter consequências a longo prazo ainda desconhecidas. Nesse sentido, pesquisadores do Departamento de Fisiologia e Biofísica do Instituto de Ciências Biomédicas (ICB) da USP desenvolveram um estudo que foi apresentado no Congresso de Sociedade Européia de Endocrinologia. A pesquisa aponta para o risco do desenvolvimento de diabetes por aqueles praticantes do hábito.

Em entrevista para o Jornal da USP no Ar, Ana Cláudia Munhoz, mestre em Ciências pelo ICB, conta que o jejum de 24 horas ou mais aumenta a produção de moléculas instáveis – os radicais livres – por uma proteína presente no pâncreas, o que pode trazer prejuízos para a célula.

Para o desenvolvimento da pesquisa, foi aplicado a ratos o método conhecido como 24/24, em que é praticado 24 horas de jejum. Foi observado, além do aumento dos radicais livres, um aumento da massa de gordura e do tamanho do estômago, diminuição da resposta à insulina nos tecidos periféricos e aumento da secreção da insulina, sintoma da resistência ao hormônio.

Foto: Braetschit via Pixabay – CC

Dentre as opções de métodos de jejum intermitente está também o ato de pular o café da manhã nas refeições diárias, mas, segundo Ana Cláudia, após um estudo desenvolvido durante nove anos com a participação de mais de 4 mil pessoas, foi concluído que esse hábito aumenta o risco de diabetes, obesidade e síndrome metabólica.

Existem diversos protocolos que são adotados por quem se propõe a praticar essa forma de regime, como o alternate-day fasting, quando se alterna entre um dia em que a alimentação é restrita, e outro em que a alimentação é normal, e assim por diante; o every-other-day fasting, com um jejum total em um dia, e, no dia seguinte, normal; a dieta do 5/2, na qual o jejum acontece apenas dois dias não-consecutivos na semana, entre outros.

Nesse sentido, Ana ainda comenta sobre a  ausência de estudos em humanos, a longo prazo. “Se concluirmos que existem mais efeitos benéficos do que prejuízos, tem que ser estudado qual o protocolo e horário da alimentação que seria mais vantajoso.”Até o momento, o estudo mostra que a prática do jejum pela manhã é mais prejudicial.

Jornal da USP no Ar, uma parceria do Instituto de Estudos Avançados, Faculdade de Medicina e Rádio USP, busca aprofundar temas nacionais e internacionais de maior repercussão e é veiculado de segunda a sexta-feira, das 7h30 às 9h30, com apresentação de Roxane Ré.

Você pode sintonizar a Rádio USP em São Paulo FM 93,7, em Ribeirão Preto FM 107,9, pela internet em www.jornal.usp.br ou pelo aplicativo no celular. Você pode ouvir a entrevista completa no player acima.


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