Um dos assuntos mais comentados do momento é a nova tecnologia de inteligência artificial, o ChatGPT, que gera respostas em texto sobre os mais diversos assuntos, mas não sem cometer erros. Para a professora Giselle Beiguelman, que retoma sua coluna para a Rádio USP, “muitos dos erros do ChatGPT vêm do universo de dados que foi utilizado para fazer o seu treinamento, um treinamento muito arrojado, muito inovador, isso não se pode desprezar, que é um modelo baseado aí no que os cientistas da inteligência artificial chamam de linguagem natural, que é capaz de prever o encadeamento das palavras das frases e das ideias. E isso tudo teve por base 8 milhões de textos dos mais variados estilos e formatos, todos em inglês, que foram utilizados nesse treinamento”.
Ainda de acordo com Giselle, “a consequência disso é que o programa, quando nós ‘falamos’ com ele em português, ele está respondendo, fazendo uma tradução automática, tudo tão rápido que você nem percebe. Nessa tradução, o que vai aparecer como falha para nós são as lacunas do treinamento, ou seja, que não continham suficientes referências a autores ou personalidades ou obras criadas em outro idioma que não seja o inglês, porque esses 8 milhões de textos são todos vindos de páginas públicas da internet. E aí que a coisa fica complicada. Há 20 anos, nós dizíamos que quem não estivesse no Google morreria. Hoje, o grande perigo é que o que não esteja contemplado em um grande número de páginas públicas, escritas em inglês, o ChatGPT é capaz de matar em vida, e é esse o xeque-mate do momento. Isso não quer dizer que nós não estejamos presenciando uma das viradas mais importantes e interessantes na nossa experiência cultural e na nossa relação com as máquinas. Nós continuamos esse assunto na semana que vem, falando também dos recursos que traduzem textos em imagens”, conclui a colunista.
Ouvir Imagens
A coluna Ouvir Imagens, com a professora Gisele Beiguelman, vai ao ar quinzenalmente, segunda-feira às 8h, na Rádio USP (São Paulo 93,7; Ribeirão Preto 107,9) e também no Youtube, com produção da Rádio USP, Jornal da USP e TV USP.
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