A autopercepção de visão baixa é um bom indicador de problemas nos olhos? Eduardo Rocha tem a resposta para essa questão: “Problemas na saúde ocular podem ser percebidos pelas pessoas e essa autopercepção pode ser útil para levantamentos epidemiológicos, politicas públicas e campanhas de saúde. A visão, por ser um sentido muito aguçado, permite que a autopercepção do seu bom funcionamento e de alguma alteração seja usada para identificar doenças, a sua frequência e ajudar em triagens. O atraso no diagnóstico de doenças crônicas e degenerativas pode levar à dificuldade na reversão, aumento da complexidade, dos custos do tratamento e queda na qualidade de vida. A questão de usar a autopercepção como método de rastreio de deficiências ou doenças pode ser até prático, mas arriscado”, diz ele.
Ainda segundo Rocha, a autopercepção deve ser distinta do autoconhecimento. E, nesse ponto, cita um recente estudo, publicado na revista Ophthalmology, em julho de 2024, o qual reuniu quase 5 mil pessoas, buscou avaliar a concordância entre a autopercepção da dificuldade para enxergar e a deficiência objetiva e mostrou que cerca de 50% das pessoas não têm essa percepção bem clara, que essa falta de concordância foi maior entre idosos, mulheres, pessoas com várias doenças, incluindo depressão e a ansiedade. “A informação útil para nós é que a autopercepção da dificuldade para enxergar é relevante para guiar as pessoas, ajudar nos estudos epidemiológicos, mas os exames objetivos para a saúde ocular e geral são necessários e isso informa melhor a cada um sobre a sua saúde e melhora o seu autoconhecimento. Dificuldade para enxergar é um problema para as pessoas e para a comunidade. Portanto, saúde ocular deve receber sempre assistência adequada e contínua.”
Fique de Olho
A coluna Fique de Olho, com o professor Eduardo Rocha, vai ao ar quinzenalmente, quarta-feira às 8h30, na Rádio USP (São Paulo 93,7; Ribeirão Preto 107,9) e também no Youtube, com produção da Rádio USP, Jornal da USP e TV USP.
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