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“Vale pensar a cultura do estupro como uma cultura que coloca os papéis de gênero de um modo peculiar na sociedade brasileira, que é muito heterogênea”. A afirmação da antropóloga Ana Lúcia Pastore Schritzmeyer foi feita durante o programa Diálogos na USP – os Temas da Atualidade, que discutiu nesta sexta-feira a questão do estupro, tema que tem sido recorrente na mídia desde o caso envolvendo uma adolescente de 16 anos, vítima de um estupro coletivo, no Rio de Janeiro.
O programa também contou com a participação da professora Eva Alterman Blay, do Departamento de Sociologia, coordenadora do Escritório USP Mulheres e fundadora do Nemge, Núcleo de Estudos da Mulher e Relações Sociais de Gênero, para quem a sociedade patriarcal brasileira ainda divide as mulheres em santas e putas.
De acordo com um estudo do Ipea, datado de 2011, 527 mil tentativas ou estupros acontecem a cada ano no Brasil: 89% das vítimas são mulheres; 50% têm menos de 13 anos; e 70% dos casos são cometidos por parentes, namorados ou amigos das vítimas, dos quais apenas 10% chegam ao conhecimento da polícia.
Por outro lado, uma pesquisa realizada no ano passado pelo Datafolha indica que 67% da população tem medo de ser vítima de agressão sexual. O levantamento foi realizado em 84 municípios brasileiros com mais de 100 mil habitantes.
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