Um encontro promovido pela Vice-Reitoria da Universidade, e realizado na tarde do dia 24 de março, reuniu algumas das mulheres que atualmente ocupam cargos de direção na gestão das universidades públicas paulistas: Maria Arminda do Nascimento Arruda (USP), Maria Luiza Moretti (Unicamp), Raiane Patrícia Severino Assumpção (Unifesp), Soraya Soubhi Smaili (Unifesp) e Silvia Maria Santiago (Unicamp).
“Aproveitando a coincidência de termos vice-reitoras nas três universidades estaduais paulistas, tivemos a ideia de promover uma reunião para discutir políticas ligadas às Vice-Reitorias e a atuação das mulheres nas universidades públicas do Estado de São Paulo”, explicou a vice-reitora da USP, Maria Arminda do Nascimento Arruda.
A coordenadora do Centro de Estudos Sociedade, Universidade e Ciência da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), Soraya Soubhi Smaili, ressaltou que “cada universidade já tem suas próprias políticas de gênero, que foram desenvolvidas ao longo dos últimos anos. A ideia, agora, é criarmos um painel permanente para trocar informações, compartilhar as boas práticas e fomentar um debate sobre as políticas públicas para as mulheres nas universidades. Nós temos que nos conhecer”. Soraya ocupou o cargo de reitora da Unifesp por dois mandatos, de 2012 a 2021.
“Essa reunião é uma boa oportunidade para conhecer as diversas ações que são desenvolvidas nas universidades, identificar as que podem se tornar referências comuns, juntar iniciativas complementares e até criar uma rede comum de ações, que permita potencializar os resultados”, lembrou a vice-reitora da Unifesp, Raiane Patrícia Severino Assumpção.
A proposta é que encontros como esse sejam frequentes e incluam representantes da Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (Unesp), da Universidade Federal do ABC (UFABC) e da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar).
Uma questão importante levantada pela coordenadora-geral da Unicamp, Maria Luiza Moretti, foi a relacionada à participação das mulheres em agências de fomento à pesquisa e em revistas científicas de impacto. “Há estudos que indicam que projetos de pesquisa liderados por cientistas mulheres, e que são submetidos às agências de fomento, têm índices maiores de rejeição do que projetos liderados por homens. Uma proposta seria promovermos um estudo sobre como a questão de gênero influencia as políticas de financiamento”, sugeriu.
A diretora-executiva de Direitos Humanos da Unicamp, Silvia Maria Santiago, lembrou que “um aspecto importante é o impacto dessas iniciativas na comunidade externa. Não só a cidade de Campinas, mas também outros municípios da região aproveitam muito do que a Unicamp faz em relação às mulheres, ao combate ao racismo e às ações afirmativas”.
Entre os assuntos debatidos estavam o desenvolvimento de indicadores de gênero comuns para todas as universidades públicas paulistas, a organização de eventos sobre a participação das mulheres nessas instituições e a promoção de iniciativas conjuntas para discutir temas como financiamento de pesquisas e saúde mental.
Observatório USP Mulheres
Na reunião, o pesquisador do Escritório USP Mulheres, Rodrigo Correia do Amaral, apresentou dados de uma pesquisa realizada recentemente pelo Escritório sobre Gênero na USP.
De acordo com o estudo, entre os anos 2000 e 2019, a população da USP registrou crescimento de 37,9%, a uma média de 2% ao ano. Na comparação entre os gêneros, os homens mantiveram-se como maioria na USP, alternando de 54,3%, no ano 2000, para 53,2%, em 2019. As mulheres passaram de 45,7%, no início da série, para 46,8% no último ano observado. O desempenho de cada gênero em relação ao seu próprio histórico mostra as mulheres ampliando sua presença em 41,2% no período, enquanto os homens ampliaram em 35,1%.
Na graduação, houve crescimento acentuado dos graduandos até 2009, enquanto as graduandas cresceram de maneira mais uniforme até 2014. O período seguinte, de 2014 até 2019, foi basicamente de crescimento para os homens (4%) e uma leve queda para as mulheres (-2%). A distribuição entre homens e mulheres na pós-graduação manteve-se igualitária, com 50% cada.
A iniciativa integra o Observatório USP Mulheres, uma página gerida pelo escritório para divulgar informações relativas às questões de gênero e subsidiar o planejamento de novas políticas.