Quais informações devem ser fornecidas aos voluntários de pesquisas científicas?

Mayana Zatz repercute um artigo publicado em junho que discute como devem ser tratadas as informações de cada paciente disponíveis em biobancos genéticos

 Publicado: 25/07/2024

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Em junho, cerca de 210 mil estonianos (20% da população adulta) forneceram amostras de sangue para constituir o banco genônimo da Estônia. Agora, esses voluntários estão recebendo informações sobre várias de suas características genéticas, incluindo o risco para algumas doenças, ancestralidade e como metabolizam a cafeína. 

“Embora na prática é fácil descobrir se o café te dá insônia ou te induz ao sono, é interessante ter comprovação genômica desse efeito”, explica Mayana Zatz, diretora do Centro de Estudos sobre o Genoma Humano e Células-Tronco (CEGH-CEL) da USP.

O projeto já é visto como um dos maiores esforços do mundo para devolver resultados genéticos aos participantes. Segundo os cientistas envolvidos, uma razão para partilhar os resultados é reconhecer o valor da contribuição dos voluntários. 

Mas a maioria dos biobancos não fornece essas informações. De acordo com Mayana, “infelizmente, é praticamente impossível prover um aconselhamento genético para cada participante”. A opção seria fazer uma consulta presencial somente para as pessoas cujos dados têm um impacto importante na sua saúde. “Para algumas características que dependem de uma herança multifatorial, isso é, uma interação de vários genes e o ambiente, o risco vai depender do estilo de vida. É o caso da hipertensão ou diabetes tipo 2, por exemplo”, ressalta.

No início, os especialistas responsáveis pelo biobanco da Estônia aconselharam individualmente 5 mil participantes com um elevado risco genético de certas condições, incluindo câncer de mama e doenças cardiovasculares, ou com variantes genéticas raras que afetam a forma como metabolizam os medicamentos. 

Na coluna de hoje (25), Mayana fala sobre um artigo publicado na Nature que questiona quais informações podem ser dadas individualmente a cada participante. A geneticista destaca também a importância dos bancos genômicos dos idosos, projeto iniciado há mais de 15 anos no CEGH-CEL.


Decodificando o DNA
A coluna Decodificando o DNA, com a professora Mayana Zatz, vai ao ar quinzenalmente, quarta-feira às 9h, na Rádio USP (São Paulo 93,7; Ribeirão Preto 107,9) e também no Youtube, com produção da Rádio USP,  Jornal da USP e TV USP.

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