Valorizar e tornar visível o trabalho dos cuidadores é objetivo de pesquisa nacional

Yeda Duarte fala sobre a Pesquisa Nacional sobre Trabalho Doméstico e de Cuidados, fruto de parceria entre o Ipea e o Ministério da Igualdade Racial

 27/03/2024 - Publicado há 8 meses
“São ações invisibilizadas, só quem percebe a existência do cuidador é quem precisa dele”  Foto: Marcos Santos
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O Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), em parceria com o Ministério da Igualdade Racial, está realizando a Pesquisa Nacional sobre Trabalho Doméstico e de Cuidados, para entender melhor o perfil e as necessidades de quem trabalha como cuidador por todo o País. A pesquisa pode ser acessada por meio do link https://www.ipea.gov.br/pesquisatrabalhodecuidados ou pelo telefone 21 3515-8728.

A professora e pesquisadora Yeda Duarte, da Faculdade de Saúde Pública e da Escola de Enfermagem da USP, explica melhor o que é considerado trabalho de cuidado e qual sua importância na sociedade atual.

Trabalho invisibilizado

Yeda de Oliveira Duarte – Foto: Arquivo Pessoal

A pesquisadora conta que o trabalho de cuidado é aquele realizado por cuidadores de crianças, idosos, deficientes e doentes, mas também por trabalhadores domésticos, que fazem a manutenção diária da casa. Esse tipo de trabalho ainda não possui o reconhecimento devido no Brasil:

“São ações invisibilizadas; só quem percebe a existência do cuidador é quem precisa dele. A sociedade de um modo geral não vê porque desconhece, não valoriza o suficiente. A ideia de base da pesquisa é que, reconhecendo essas pessoas, é possível fazer com que elas sejam de verdade conhecidas”, explica Yeda.

Traçar um perfil

Um dos objetivos da pesquisa é traçar o perfil das pessoas que realizam trabalhos de cuidado e domésticos no Brasil. A professora expõe que as pessoas já possuem alguma noção de quem é que realiza o trabalho de cuidado no Brasil, mas isso é muito baseado na visão do Sudeste:

“É necessária uma pesquisa nacional, porque existem muitas diferenças que acontecem nas diferentes regiões do País. Normalmente [cuidadores] são pessoas de classes menos favorecidas, de etnia parda e preta prevalentemente. Mas isso aparece onde é estudado, principalmente na região Sudeste, o que invisibiliza as outras regiões “, conta a pesquisadora.

Realizar e responder pesquisa

A pesquisa, realizada de maneira digital ou por telefone, é dividida em quatro partes e leva cerca de 10 minutos para ser respondida. O levantamento é importante, pois somente entendendo o perfil e as necessidades desses trabalhadores é possível elaborar políticas públicas que melhorem as condições da classe. Yeda Duarte explica que, num país em que a população está envelhecendo cada vez mais, aprimorar o trabalho de cuidado é essencial:

“Com o reconhecimento, torna-se possível o desenvolvimento de políticas públicas adequadas, que melhorem a situação desses cuidadores e, consequentemente, do desempenho da sua atividade e das pessoas de que eles cuidam, o que vai ser o melhor para todos em geral. Muitos deles nem remuneração recebem para realizar esse trabalho”, completa Yeda.


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