Resultados do vestibular ditarão mudanças nos próximos anos

Outras ações afirmativas serão discutidas pela USP caso o próximo processo seletivo não apresente mudanças no perfil dos ingressantes

Decisões sobre o ingresso na USP devem ser aprovadas no Conselho Universitário. Foto: Cecília Bastos / USP Imagens

Decisões sobre o ingresso na USP devem ser aprovadas no Conselho Universitário.
Foto: Cecília Bastos / USP Imagens

Em 2017, a Universidade utilizará o Sisu como forma de ingresso pela segunda vez, corrigindo os principais erros operacionais identificados na primeira experiência – número limitado de chamadas e notas de corte elevadas – e com maior adesão das unidades.

“Se depois da segunda vez não houver mudança, será inevitável ampliar a discussão sobre outras ações”, afirma o pró-reitor de Graduação da USP. “Será uma decisão quase que natural colocar cotas.”

Segundo Hernandes, o compromisso é fazer com que o processo avance. Por isso, o Inclusp foi repensado ao longo dos anos e, identificada sua insuficiência para atingir a meta prevista de alunos oriundos do ensino médio público, foi introduzido o ingresso pelo Sisu. Se a medida não funcionar, o professor acredita que a questão das cotas raciais deverá entrar, de forma mais incisiva, na pauta dos gestores da instituição.

Decisão do Co

Uma possível mudança sobre a atribuição de cotas para ingresso de determinados grupos sociais na USP deve, necessariamente, passar pelo Conselho Universitário (Co), órgão máximo da instituição, responsável por definir suas principais diretrizes.

Além do reitor, do vice-reitor e dos pró-reitores, integram o Co diretores e representantes da Congregação de todas as unidades, a Controladoria Geral e também representantes de docentes, discentes, servidores e de categorias diversas, como museus, antigos alunos e a Fapesp.

Hernandes compara o papel das unidades da USP com o dos Estados brasileiros, por terem autonomia, mas estarem subordinados a uma instância maior. Assim, se o Conselho Universitário decidir implantar cotas, todas as unidades deverão acatar a decisão.

Porém, o pró-reitor ressalta que as determinações na USP devem ocorrer de modo consensual, com aprovação da maioria. “Você cria um rompimento institucional se algo é aprovado, mas com margem pequena. Não podemos simplesmente mudar radicalmente de uma hora para outra”, explica.

Número reduzido de inscritos no vestibular limita inclusão

Porcentual de alunos de escolas públicas e de pretos, pardos e indígenas na Fuvest não tem subido ao longo dos anos

Ações nas escolas e parcerias têm sido promovidas para aumentar interesse de candidatos. Foto: Marcos Santos / USP Imagens

Ações nas escolas e parcerias têm sido promovidas para aumentar interesse de candidatos.
Foto: Marcos Santos / USP Imagens

Nos últimos cinco anos, a média de alunos de escolas públicas que participam do vestibular da Fuvest é de pouco mais de 34% do total de inscritos, número que tem sofrido poucas alterações ao longo dos anos.

“Se considerarmos que cerca de 140 mil pessoas prestam a prova, então isso significa 47,6 mil alunos de escolas públicas inscritos. Mas se anualmente 360 mil alunos se formam no ensino médio público em São Paulo, isso quer dizer que apenas 13% deles se inscrevem no nosso vestibular”, avalia o pró-reitor de Graduação. Para ele, esses números também ajudam a explicar a porcentagem de PPI entre os ingressantes.

Segundo Hernandes, a USP está em contato com a Secretaria da Educação do Estado de São Paulo com a proposta de convidar estudantes do ensino público a prestarem a Fuvest, com isenção das taxas de inscrição.

A ideia é selecionar alunos que obtiverem bom desempenho no exame do Sistema de Avaliação de Rendimento Escolar do Estado de São Paulo (Saresp). A prova é aplicada anualmente pela secretaria para monitorar a educação básica no Estado. “Fazendo este convite todos os anos, esperamos poder trazer pelo menos mais 40 mil alunos para a Fuvest”, comenta Hernandes.

Além desta ação, a USP também busca atrair jovens para o vestibular, principalmente por meio das Feiras de Profissões, que acontecem na capital e nos campi do interior, e de campanhas como a #vocetambempode, criada em 2014 para esclarecer como é o ingresso na USP e estimular alunos da rede pública de ensino a concorrer a uma vaga na Universidade.

Alunos de escolas públicas inscritos e matriculados na Fuvest

Ao longo dos anos, o porcentual de alunos de escolas públicas que se candidatam à prova da Fuvest tem apresentado poucas variações, mesmo com a concessão de isenção total ou parcial de taxa de inscrição

Ao longo dos anos, o porcentual de alunos de escolas públicas que se candidatam à prova da Fuvest tem apresentado poucas variações, mesmo com a concessão de isenção total ou parcial de taxa de inscrição | Fonte: Pró-Reitoria de Graduação