No dia 21 de março, a Comissão da Verdade da USP tornou público o resultado de anos de pesquisa sobre a perseguição contra membros da Universidade durante os anos de chumbo. Dividido em dez volumes, o material revela as graves violações de direitos humanos sofridas por professores, alunos e funcionários. Leia mais sobre o relatório final na matéria do Jornal da USP.
Algumas unidades da USP mereceram um relatório específico diante da gravidade dos casos, como a Faculdade de Medicina, a Faculdade de Arquitetura e Urbanismo, a Faculdade de Direito, a Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas e a Escola de Comunicações e Artes. O Jornal da USP preparou um especial dedicado ao trabalho da comissão e as suas principais descobertas, além de trazer depoimentos de algumas das vítimas do regime militar.
O trabalho da Comissão
O que é
Criada em 7 de maio de 2013 com o objetivo de esclarecer as graves violações de direitos humanos contra membros da USP, praticadas durante a ditadura civil-militar
Documentos consultados
Processos administrativos da USP, acervos do Departamento Estadual de Ordem Política e Social de São Paulo, do Serviço Nacional de Informações e do projeto Brasil: Nunca Mais Digital
As vítimas
Das 434 pessoas mortas ou desaparecidas ao longo do regime militar, 47 eram da USP: 39 alunos, 6 professores e 2 funcionários
Em entrevista ao Jornal da USP, pesquisadores falam sobre o processo de trabalho da Comissão da Verdade e revelam a importância da Universidade reconhecer a sua história.
A perseguição na Universidade
A Assessoria Especial de Segurança e Informação (Aesi) foi criada para fiscalizar professores, alunos e funcionários da USP. Era responsável por enviar informações aos órgãos de segurança, como o Deops, o SNI e as Forças Armadas.
Apesar dessa vigilância institucionalizada, membros da USP contribuíram para a resistência à ditadura civil-militar por meio de ações do movimento estudantil, a realização de atividades artísticas e a união entre professores com a criação da Adusp - Associação de Docentes da USP.
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Vigilância institucionalizada
Casos emblemáticos
Por meio de depoimentos, a Comissão Nacional da Verdade revelou que o casal foi levado até a Casa da Morte, um centro de tortura em Petrópolis, Rio de Janeiro. Em 2014, o IQ pediu desculpas formais à família de Ana e construiu um monumento em homenagem a professora.
No ano de 1975 atuou, por um breve período, como professor do curso de Jornalismo da Escola de Comunicações e Artes (ECA) da USP após a perseguição e demissão de professores do departamento. Nesse período, foi chamado para comparecer ao DOI-CODI e foi voluntariamente. No mesmo dia, foi encontrado morto após supostamente suicidar-se, de acordo com a versão oficial.
Fui presa no dia 28 de abril. Nós estávamos distribuindo um panfletinho nas fábricas, que falava contra o alto custo de vida, contra a carestia e também [pedia] por liberdades democráticas
Em 1964 houve rancor. Em 68, mais ainda. Isso é perigoso, por isso que, mesmo hoje, eu tenho medo
O departamento [de jornalismo] passou a ser visto como perigoso por lidar com a informação. Uma coisa que os regimes autoritários detestam, temem e procuram sufocar
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Relatos de resistência
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Texto e pesquisa por Larissa Fernandes
Desenvolvimento e Layout por Caio Vinícius Bonifácio e Larissa Fernandes
Vídeo por Ivanir Ferreira (reportagem), Thales Figueiredo, Letícia Sillman, Graziella Zanfra, Dener Yukio e Marcos Targino
Supervisão por Aline Naoe e Thais H. Santos
Fotos: Instituto Vladimir Herzog
Comissão da Verdade do Estado de São Paulo
Arquivo Público do Estado de São Paulo
Acervo Estadão
Publicado em 23 de maio de 2018
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