Revista USP – Número 118 – julho/agosto/setembro 2018
Editora: SCS/USP
Idioma: Português
Confira abaixo os artigos deste número e dos anteriores.
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100 anos de antonio candido
Da música à teoria literária e à sociologia:
as várias faces do mestre contadas por seus alunos
A Revista USP deste número é substancialmente de uma natureza ímpar. Em 29 anos de existência a revista teve seu projeto editorial e iconográfico momentaneamente mudado apenas na grande efeméride que foi alcançarmos o número 50 de nossa publicação. Passada a festa, ela retomou seu curso natural. É que naquela ocasião trabalhamos sem um tema específico, sem dossiê – que sempre foi seu carro-chefe desde o início. Daquela vez, ela foi tratada como uma extensa seção Textos, miscelânea universitária por excelência, um exemplar especial ostentando um algarismo “redondo”. Convidamos para dela participar os expoentes que já tendo nela publicado uma ou mais vezes, colaboraram para erguê-la como publicação acadêmica e cultural, e principalmente por nela acreditarem. Com suas colaborações ela se consolidou, atingindo um público não especializado como sempre foi seu intento, voltada para a sociedade que, nunca é demais repetir, a mantém.
Neste número também mudamos a revista, por uma especialíssima razão, que muito tem a ver com toda a vida da Universidade de São Paulo, desde que foi criada, em 1934, até este momento. É que dentro da trimestralidade deste volume, mais precisamente em 24 de julho, comemora-se o centenário de nascimento de um verdadeiro benfeitor intelectual deste país, que durante toda sua vida sempre esteve a ela relacionado. O nome que motivou a mudança nesta nossa edição e aqui gerou um volume só Dossiê, da primeira à sua última página, é Antonio Candido de Mello e Souza, cuja trajetória – primeiro na sociologia e depois nas letras – gerou, pelo menos, um clássico em ambas as áreas em que atuou: Os parceiros do Rio Bonito, obra seminal para os estudos sociológicos brasileiros, e Formação da literatura brasileira, idem para os estudos literários do nosso país.
Assim, nossos efusivos agradecimentos ao professor e pesquisador de literatura brasileira Antonio Dimas, que coordenou com brilho e tenacidade todo o trabalho dos ótimos autores aqui chamados a colaborar. E nossa sincera gratidão a Laura Escorel, neta de Candido, que, através do Instituto de Estudos Brasileiros (IEB-USP), pesquisou e nos pôs à disposição excelentes fotos do avô, que ilustram esta mais que merecida homenagem, desde já um marco na Revista USP.
Francisco Costa
Mal recebido o convite honroso para montar este dossiê, a vontade desabusada era a de cobrir todas as formas de inserção de Antonio Candido em nossa vida intelectual e acadêmica, sobretudo as menos visíveis. Com o tempo, a realidade se impôs e os limites, com ela. Ficou para outra ocasião sua convivência forte com a cultura alemã, com a italiana, com a francesa, com a espanhola, com a latino-americana, com a de língua inglesa. Passamos ao lado de seu convívio com alguns acadêmicos europeus, norte-americanos e brasileiros. Fizemos de conta que seu gosto por genealogia não era importante, nem sua adesão convicta à vivência caipira, tão bem contrabalançada por um cosmopolitismo invejável, trazido do berço. Às poucas, mas consistentes, escapadas para o exterior, fizemos vista grossa, por absoluta falta de tempo material. Às relações pessoais e acadêmicas cultivadas com tanto carinho e por tantos anos, demos atenção nenhuma visto que se trata de tarefa para mais de um pesquisador. Da sua presença em conselhos editoriais pouco se fala; do tradutor episódico, menos ainda; e dos bastidores de articulações políticas de que participou, sobretudo em clima nublado, pouco se sabe. Leia mais
Antonio Candido e a interiorização do ensino superior
Alvaro Santos Simões Junior
Antonio Candido e as letras, na Fapesp
Antonio Dimas
Novas considerações sobre O albatroz e o chinês
Celso Lafer
Convívio com Antonio Candido – Momentos
João Baptista Borges Pereira
Antonio Candido e seus escritos sobre teatro brasileiro
João Roberto Faria
Movimentos de um crítico: Antonio Candido e a tradição anglo-americana
Sandra Guardini Vasconcelos
Antonio Candido e Sérgio Buarque de Holanda: esboço de uma biografia cruzada
Thiago Lima Nicodemo
Sobre o acervo Antonio Candido e Gilda no IEB
Laura Escorel
Apresentamos a seguir uma seleção de textos pouco divulgados de Antonio Candido versando temas caipiras, começando por “Opinião e classes sociais em Tietê”, de 1947.
Quase dez anos depois, em 1956, Antonio Candido publicaria “Possíveis raízes indígenas de uma dança popular”, em que pela primeira vez dedica sua atenção ao cururu.
O texto seguinte, “Caipiradas”, é introdução aos discos Caipira: raízes e frutos, iniciativa de Aluizio Falcão e datados de 1980.
Completam o dossiê dois textos meus. O primeiro, “Na carrera do Divino”, analisa um espetáculo teatral dirigido por Paulo Betti, baseado em Os parceiros do Rio Bonito. O segundo, “A cultura caipira”, registra o lançamento da 11ª edição desse livro, um clássico da sociologia rural que gerou numerosa descendência.
Tudo isso serve para contextualizar a peça central deste dossiê, que é a entrevista inédita concedida por Antonio Candido a Paulo Betti, muito mais tarde, em 2007, a propósito do cururu.
Walnice Nogueira Galvão
Opinião e classes sociais em Tietê
Antonio Candido
Possíveis raízes indígenas de uma dança popular
Antonio Candido
Caipiradas
Antonio Candido
Na carrera do Divino
Walnice Nogueira Galvão
A cultura caipira
Walnice Nogueira Galvão
Antonio Candido, Paulo Betti e o cururu: um inédito
Walnice Nogueira Galvão
A Revista USP é uma publicação trimestral da Superintendência de Comunicação Social (SCS) da USP. Criada em 1989, é um veículo cultural de caráter ensaístico, o que confere maior dinamismo aos textos. Além disso, é multidisciplinar, aberta a todas as tendências. Outro fator a torna especial: a qualidade indiscutível dos colaboradores, que lhe possibilita ser um verdadeiro padrão de excelência dentro do universo cultural brasileiro.
Você terá a satisfação de ler a cada volume textos assinados pelos mais renomados autores em seu setor. Multidisciplinar e sem preconceitos, a Revista USP não privilegia esse ou aquele enfoque, esse ou aquele grupo, é aberta a todas as tendências.